2
Posted by Eve Rojas on 4:04 PM
Posted by Picasa

|
0

Ordinary day

Posted by Eve Rojas on 2:37 PM
Apenas um dia comum. Venha comigo. Segure a minha mão. Viva o momento. Toque as estrelas, pare o tempo. Sem promessas eternas. Só o instante em que os céus se abrem e convidam para ir longe. Apenas sonhos. Adormecidos na palma da mão. O despertar enquanto o mundo se move depressa pensando vencer o tempo. Um toque. Sem hesitar. Com a leveza da benção vinda dos mais doces lábios. Sou filha de um grande amor. Não estou perdida ou me encontrei. A punsão de morte também me fez. E eu escolhi viver.

O sol está se pondo. O conhecimento, as lembranças, a expertise, já não me é o bastante. Não quero saber quem és. Deixa-me apenas caminhar um pouco ao teu lado. São muitas luzes, muitas trilhas, muitos obstáculos. Peguei um livro e entrei na floresta. Subi a colina, ansiava por te observar. Mas tudo que eu vi foi deserto. Recolhi as verdades deixadas no caminho e fui para casa. Se eu te escrevesse, se eu escrevesse você, lerias as minhas mais profundas certezas e não me escreverias de volta. Porque já se foi o tempo em que dizer fazia algum sentido. Não vou te ouvir quando a chuva cair. Vou observar a tempestade da minha janela e adormecer ao som dos pingos d’água até o surgir da primeira luz da manhã. Minha vida tem seguido. Mudado sempre. Para qualquer um. Carrego a mutação. A noite se anuncia. E tenho dormido bem. É só mais um dia comum. Em que as estrelas caem ferindo nossas mãos, fazendo nascer mais uma ambição. Quando a luz se apaga, quando a voz se cala, quando os corpos se inflamam achando ser água. Culto e colapso. Outra ilusão.

Em um dia qualquer... Pensei poder voar. Saltei. Descobri que a constância e completude é que dão o tom maior. Dão o gosto da partida sem nunca ter saído do lugar. Hoje caminho. A verdade às vezes vem como uma segunda chance. Olhos abertos, passos, rotas e placas. Sem esquecer dos desvios. Vá em frente. Tire a sua sorte. Já não há mais mistérios ou erros. Eu aceitei pagar o preço. Qualquer preço por viver a paixão e poder guardar esse direito louco, ingrato, adverso, fascinante. Podes pensar ser o que quiser. A mim, resta apenas rir do quanto o mundo me transformou e de como a vida ainda me escolheu depois de tudo.

Procurando um motivo? Não há motivo nenhum. Porque hoje é só um dia comum.



|
0
Posted by Eve Rojas on 6:35 PM
 Posted by Picasa

|
0

AIR

Posted by Eve Rojas on 6:24 PM
Perderam-se. As folhas, as pétalas da primavera. A fé vacila na avenida das ilusões floridas, no cruzamento das dores do jaz e do porvir. Um sonho perdido que leva ao ânimo vil. Um grito que se esvai em um vão ruído direto no nada. Uma sombra de ilusão. Um canto de outrora, insolência, que não encanta o ouvido, mas fascina a consciência. Infausta glória disfarçada de virtude. Eram as manifestações de Eros, visíveis e bastante espetaculosas. Poder-se-ia presumir que o instinto de morte operava silenciosamente dentro do organismo, no sentido de sua destruição. Ou mais precisamente que uma parte do instinto era desviada para o mundo externo e veio à luz como agressividade e auto-destrutividade. Na verdade não sei. Nunca entendi Eros. E na verdade nem quero. Porque não é dele que padeço, é antes de um amor primeiro. O que sei, é ser melhor sentir todas as dores do corpo, tê-lo exaurido, do que suportar esse sofrimento mental, este espectro de sofrimento, que afaga e nunca dói o bastante.

Pois é. Aceitemos a necessidade. A incompletude humana. Condição primeira de todo desenvolvimento do ser. Celebremos. A vida de desejos que pode ser controlada pela vida intelectual. É, pode. Responsável pela construção do corcel dos ventos, do temporal e... De mim. Que faz surgir, no meu rosto, a dor que mal diz o que é. Na verdade, nem meu espelho reflete mais um rosto que seja meu. Neste momento, acredito ser até bom. Como diria Clarice: “Eu própria, eu propriamente dita, só tenho mesmo servido para atrapalhar”.

Confiança aos que se enamoram da virtude. Já não a tenho mais. Apática, vislumbro uma fatídica realidade. Mas não aceito o céu dos domesticados. Quero acompanhar os fluxos, a vida está dentro deles, seguindo em uma velocidade na qual ou o meu poder me torna absolvida ou eu erro de itinerário e sou expurgada. Estou tentando viver a cada dia uma vida singular. Uma vida dentro da vida. Onde uma só hora representa a vida inteira. Estou aspirando a vida aos longos tragos. Como se a cada um buscasse a força para continuar a seguir, a perseguir o confiar. O pensar move, a indignação, a inquietude, inspira. Quero continuar me expondo ao risco de ser perturbada, quero ao menos, rir do mundo à minha volta.

Qual é a potência do self
humano, a agência, que te permite atuar de modo especificamente humano? Tu és consciente do ar que respiras? Sei que compartilhas do mesmo ideal. De uma consciência e uma razão concebidas como atributos inerentes, essenciais à mente humana. Em embate a uma quase superioridade da vida dos sentidos e do desejo. São tantos os confrontos. Só me resta o despojamento voluntário do eu. Começo a habitar modestamente as asas das celestes auras. A solidão não ameaça mais a imagem que cultivo sobre mim mesma. Nem o espelho perverso do outro me reflete mais. Imagino, acredito então que tenho a capacidade de persistir. E a saudade agora é tão somente a ironia do exaurir das horas.

Tu sabias que a esperança
consiste às vezes apenas numa pergunta sem resposta? Dizem que um dia a fé me encontrará novamente. Mas não importa. Porque esta é uma batalha para qual não tenho defesas. Em minhas mãos está o sol da liberdade. E, quem sabe um dia faço feliz a borboleta que trago em mim, quem sabe um dia dou a ela o direito de voar.

|
0
Posted by Eve Rojas on 11:45 PM
 Posted by Picasa

|
0

Conjugando

Posted by Eve Rojas on 11:37 PM

Àqueles que já desejaram os mesmos amores. Festejaram os mesmos ídolos. Sonharam os mesmos sonhos. Fugiram juntos, voltaram juntos, acreditaram juntos. Experimentaram sabores diversos. Freqüentaram os mesmos bares suspeitos, inóspitos, impensáveis. Tomaram uma long long neck à beira da piscina, subindo escadas, varando madrugadas. Que observaram juntos o “sol nascer” às nove da manhã. Deram lição de moral pelos excessos e riram juntos como se já soubessem que de nada adiantaria. Saíram do outro lado da cidade apenas para fazer companhia a quem estava cercado de gente. Que mesmo distantes, falam um do outro como se estivessem presentes. Que cantaram aquela música. Aquela! Como se reafirmassem sempre a mesma cumplicidade. Dividiram o sanduíche, esperaram o ônibus que não veio e voltaram de carona para casa. Dirigiram a vinte por hora, conversaram sobre coisas completamente opostas, param no lugar que nunca havia sido combinado e ainda foram felizes, sorridentes com o entendimento. Ligaram à meia-noite, preocupados com a sua insônia. Ligaram a esta mesma hora para te contar da deles. São ainda, aqueles que dizem as maiores verdades sem nenhum pudor, deixam as mãos estendidas e o ombro disponível. Falam com os olhos e gesticulam com as palavras. Gastam horas infindáveis em diálogos descontraídos, em discussões inventivas. Emocionam-se, só de pensar na hipótese do seu sofrimento. Festejam o teu sorriso com mais entusiasmo que você mesmo.

De mal-humor, de bom-humor, autênticos, clichês, intelectuais, sábios do senso comum. Loucos, pouco loucos, ditos normais, ousados, conservadores, bregueiros, clássicos, metaleiros, contemporâneos. Pouco importa. Não estou escolhendo produto. Estou conjugando verbo, saindo da primeira pessoa do singular. Do caos para a ordem, da ordem para o caos. O impulso de ir para além de si em confronto com o de permanecer em si. O conectar-se. Com o Outro, consigo e com os outros. O conquistar da segurança. Abraços apertados, chopes gelados. Liberdade, individualidade, empreendimentos criativos. Cumplicidade. Onde cada um é convocado tão somente para ser o que é. Sem subterfúgios. Sem máscaras para o corpo ou para a alma. Sem medo de julgamentos frente a uma humanidade comum. Ilumina-se o “true self”. Rompe-se com a pseudoproteção isolante do egocentrismo. Longe de ter um sentido efêmero. Mas ancorada em um conhecimento intuitivo. Espontânea e desinteressada. Uma realidade em evolução que se aprofunda, convida ao crescimento e estimula o confiar. Imune às crises de fé. Não fomenta emoções transitórias. Permanece. Têm o dom real da eternidade. É quando a verdade inspira a vida. E compartilha-se. Experiências de alegria, de angústia, de dor, de amor. De vida. Confere-se um novo sentido para ela. Não há escolhas. Há encontros. Reconhecimento pelos sinais expressos n’alma. Sem preconceitos, sem conceitos, sem rótulos, modelos ou restrições. Apenas encontro. Sincronia partida de um ponto comum em um jogo de aproximações e contrastes. Amizade.

|
0
Posted by Eve Rojas on 10:27 PM
 Posted by Picasa

|
0

Round here...

Posted by Eve Rojas on 10:23 PM
“Estou condenado a ser livre”. Sartre. Permita-me meu arquiteto – da filosofia – começar a responde-lo, em gratidão as suas palavras, a partir deste mesmo gigante citado por ti. Gosto dos existencialistas. Da crença em que o homem está por sua consciência sempre além de si mesmo. Instigante pensar que a consciência é um “ser para si”, não é? Embora eu goste mesmo é da dialética hegeliana, do ser-um-com-o-outro”, da tensão entre opostos. Mas sigamos no pensamento de Sartre. Cheguemos às escolhas. Na compreensão de sermos seres de possibilidades. De sermos livres. Tão livres que nenhum limite pode ser dado a nossa liberdade, a não ser, a própria liberdade. Para Sartre, as escolhas que fazemos a respeito de nós mesmos podem nos levar ao encontro ou a perda de “si”. E aí eu me incluo. Começo a escrever em primeira pessoa. Junto com o mestre reconheço a minha responsabilidade diante da criação do meu universo. Todavia reconheço também que o poder que nos é delegado, o “ter a possibilidade de fazer”, traz junto o ter medo de vir a fazer. Uma vez que para além das escolhas, há a liberdade negativa, as conseqüências. Um medo necessário e justo. Em defesa do “eu”. Mas Sartre é cruel. Não nos dá chance alguma de existindo, compreender as causas do ser.

Ademais Sartre utiliza-se da angústia, com influências advindas de Kierkegaard. Eu não entendo nada de Kierkegaard. Em contrapartida entendo de angústia. E a minha vai mais ou menos de encontro a que Sartre fala. Do exagero e do despreparo. O livre arbítrio é tanto que só me resta a consciência da imprevisibilidade do meu próprio comportamento. Ao mesmo tempo, não quero agir de má fé comigo mesma, nem com os demais. Parar em que lugar? Seguir para onde? Não quero e não tenho negado as minhas possibilidades... Eis o(s) dilema(s). Cada escolha uma renúncia. E as escolhas têm sido muitas. Tenho experimentado a loucura e o enfado. O desejo e a indiferença. Transgredido a ordem habitual e respeitado o caráter.

Hum...Permita-me agora esquecer Sartre. Já estamos quase nos labirintos, nas circunferências sem causa, e está começando a me dar “A Náusea”. Vamos às rupturas, as benditas. A estas estamos fadados realmente deste o início da vida, embora, ocorram sempre no arfam de gerar o novo. Entrementes, a plenitude clama pela necessidade e experiência da dor. Não há aquele que possa poupar o sofrimento, nem o que possa restringir a felicidade. Faz-se necessário apenas construir pontes, para não estagnar. Consoante, a figura mais importante, tenta soar como coadjuvante. Está lá o tempo. Com um ritmo próprio enquanto cada um tem o seu próprio ritmo de tempo. Há minutos que não podem jamais ser ultrapassados pela vontade da razão ou pelo apelar da emotividade. A cadência permanece, é única. Seja qual for o tempo, caminha como senhor de si.

Minha compreensão é das entrelinhas. Tente me ler do não-dito vocabular, ao dito através dos símbolos da alma. Lembre-se que à condição humana foi determinada a impossibilidade do conhecimento absoluto. Desígnios d’Ele. E eu os aceito e denuncio. Denuncio, assim como Clarice, a nossa fraqueza. Infâmia das palavras que nos traem. Estou aqui diante das significações sem um fixar de sentido. Procurando sentido na intuição. Fechando portas. Abrindo janelas. Buscando os raios de sol.

Comecei uma reforma grande na estrutura, na forma, na disposição e estilo do meu apart-coração. Redesenhei a planta. Derrubei paredes. Joguei fora as grades. Acrescentei novas passagens de ar. Minha varanda agora vislumbra novas paisagens. Usei outras cores, comprei artigos novos, acrescentei fluxo e praticidade ao ambiente. Estou redecorando o interior. Liberando instintos. Pagando a conta sem olhar. Falta apenas reerguer a fé. E esperar a entrega a domicílio do que encomendei. Só falta ele. O artefato fundamental a receber das mãos divinas: O amor.

Eu nunca leio a “sorte de hj” do orkut, mas deparei-me com ela: O nosso primeiro e último amor é... O amor-próprio. – Olhe, reflita e transforme.

|
0
Posted by Eve Rojas on 10:15 PM
 Posted by Picasa

|
0

Semper renovandum in futurum

Posted by Eve Rojas on 5:26 AM
Cada um fora alguma vez feliz e ficara com a marca do desejo. É verdade Clarice. É verdade Deborah. Parece que nada se assemelha ao gosto sublime de outrora. Mas é mais. Transporte-se para a outra esfera. Como se algo já tivesse sido dito, pensado, descoberto e escrito no mesmo instante de hesitação no qual se percebe e executa o mundo. Em nome de nada. Em nome de ninguém. Sem nenhum sonho. Sem se ofertar à esperança.

Não escrevo me referindo ao passado, mas ao pensamento hodierno, ao momento, ao tempo. O eterno presente. Letra após letra tento tocar o mundo. Sentir após sentir tento tocar-me a essência e a estrutura. Procuro estar longe da factualidade convencional na ânsia por saciar uma necessidade quase enlouquecida de transpor os meus próprios – se é que assim o são – limites. Quero aprender o meu ser, antes de estar no já. Repudiando o cristalizar de sentidos.

Não sei ao certo que destino dar ao que vivo e vivi. Desconfio dos fatos acontecidos. Às vezes pelo fato de acreditar não saber viver, penso ser personagem de um outro cenário. Em arroubos, a urgência de dividir as interpretações e sensações possíveis das histórias devassadas me toma. Comunico. Grito. Conto indefinidamente. Imaturidade? Talvez. Então, dos segredos intuídos na intimidade e dos aparentes simbólicos, emergem os instantes de compreensão. A ordem em fim clama por restaurar a minha profunda desorganização. Em contrapartida, tal entendimento figura tão somente como mais uma criação. Como um novo mistério.

Estou diante dos mais delicados estados do ser. Na tensão entre posse e controle. Não do outro, mas de mim. Na angústia da exigência de lealdade. Há uma arte em errar, para qual não tenho talento. Há uma arte em burlar o próprio entendimento. Longe de ser artista, sou a mais errante dos trôpegos, e a mais vil do conhecimento. Na estação da dúvida, diante da bifurcação e sem direito a retorno: o corpo, os músculos, os nervos, o coração; parecem esgotados, fatigados, inertes. Mas ainda há uma vontade que exclama: “Resiste!”. Assim: como se lembrasse que para ser sempre amado é preciso iluminar o sorriso. Estimula. E o pulsar retorna, mesmo que a longos espaçamentos. É o ensaiar do recomeço quando se anuncia o fim. É Drumond, o desenhar da nova chance para si. Quando o sofrimento vira aprendizado. Quando a raiva torna-se perdão. Quando a solidão se faz esperança.
Um presente condicionado em frações de segundo. O tempo novamente. Esse mero construto social. Cujo entendimento parte do seu contexto e dos elementos com os quais se articula. Ah Elias...Quem dera pudesse eu a-cor-dar para ele e neste instante descobrir a mim mesma. Como se esta fosse a recompensa pelas cores e o despertar da minha própria experiência. Estou ao lado do telefone, com a chave da porta da frente nas mãos. Quem seria o conviva esperado e que não viera? A mesa está posta. Mas ainda, na verdade, não convidei ninguém.

|
0
Posted by Eve Rojas on 5:18 AM
Posted by Picasa

|
1

When the stars go blue

Posted by Eve Rojas on 5:41 AM
Nesta noite poderia eu escrever as palavras mais tristes. Pelo simples sentir, ou saber da hipótese da tua dor. Estou eu cá, ansiando por estender-te a minha mão. Reverbero: “não é comigo, não é comigo”; mas é o tipo de dor que não se pode aliviar. Por isso peço-te, cuida-te. Não faz o inútil sabendo que ele é inútil. Lembra-te que tu tens uma razão e o exagero da tua sociabilidade esconde teus olhos que guardam teu silêncio, tua fragilidade e tua força, que quando aliada te faz ser de verdade. Entende que a palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada – sábias “palavras” de Adélia Prado. Para além delas vêm às imagens, e das imagens, o infinito. O nada. Não estais em lugar nenhum. Quem és tu, promessa feita de pó imaginário? Nada sei do que te oferta tanto poder. Nada sei do que ainda me faz mover. Dizem que o teu sorriso tem se mostrado diferente, quase por te ferir. Percebo então o quanto venho a desconhecer-te, o quanto o vínculo e os gestos estão postos como utensílios do passado, ao mesmo tempo em que algo em mim ainda compreende a profundidade da voz dos teus olhos. Sou aquela jovem que acreditava na virtude, em fazer as coisas corretamente, mas mal podia desconfiar de todas as minhas fraquezas, nem adivinhar o tanto quanto hoje cresço. Por isso, para que esperar mais para que o mundo comece? Para que esperar por quem se ama? Se há a entrega para vida e para morte cada vez que se respira. – É. Res-pi-rar...Percebido por Deborah, anunciado por Junior! Licença asmática, falta de absurdo!

Volto a cena. A escutar os coadjuvantes detentores do meu apreço. Pelo amor estamos ligados, embora assim não o quisesse. “Só tu podes me ajudar”, sofregamente ouço. Não sou ninguém, nada posso fazer, não cabe a mim. Olha minha face e vê. Não é meu este lugar. “Preciso ir, realmente preciso ir”. Instintivamente permaneço, ouço, sofro e corro de lá. Amou-me. Por muito também amei. Como não ter amado aqueles grandes olhos fixos, intensos e incertos? São tantas lembranças abrigadas em cada parte daquele palco. Tanta inocência disfarçada de egoísmo. Tanto amor incondicional disfarçado de raiva. Que Deus abençoe e seus anjos tragam a compreensão para os laços fincados n’alma.

Explodem os diamantes. Apenas o meu corpo sente os pedaços de prismas perfeitos se espalhando no ar. Abarcam-me como o mar, como cada gesto mais simples teu, e não mais me tocam pela demasiada proximidade. Nem amor, nem amizade. Estou no limiar da junção, entre o horror e o cuidado. O meu coração não te procura, o meu amor não te pode guardar, mas tu ainda estás aqui, comigo. O vento continua frio, a soprar em redemoinhos em noites como esta. Em que chove, mas o céu parece mais azul e as estrelas deixam cair o brilho na alma como se fosse uma gota de orvalho a acariciar os lírios e gérberas. E isso é tudo. Astros e cantos ao longe. Estás feliz agora? Para onde tu vais quando te sentes só? Para onde vais quando as estrelas estão tristes? Diz-me. Te seguirei. E se a rua se chamar destino farei com que haja flores nos canteiros.

Como se não bastasse, meu falar se revela agora em trechos de Neruda: Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido [...] Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Gostaria que esta fosse “a última dor que ela me causasse, e estes [...] os últimos versos que lhe escrevo”.
Poderia eu, escrever os versos mais tristes esta noite.

|
0
Posted by Eve Rojas on 5:38 AM
 Posted by Picasa

|
0

Fluxo dos Fragmentos

Posted by Eve Rojas on 5:36 AM
Tempo. Ritmo lento. Cadencia plena, parcimônia. Ao despertar, a mesma hora. Estou exausta de tamanho enfado. Se, acelero, quebro. Entre a excitação e a inquietude, o tédio. Embora eu esteja a aprender o staccato. Tentado entre um movimento e outro desfrutar da pausa do cansaço. Sem luxo e sem fardo. – Não é não Pedro Salem? – Mas como uma long long neck ainda me chama – não é Mariana? – E eu sou um ser mutante que precisa do fluxo constante, saboreio despudoradamente também das noites nômades. É a luta dos contrários! Será ser assim que se mantêm a harmonia do universo? Penso e sinto como se nada fosse permanente, como se tudo terminasse por ser o oposto do mesmo. Glamour, loucura e prazer das madrugadas que fascinam! Há quem diga que eh purpurina, há quem diga que ela acaba. E acaba mesmo. Mera figurante. Através do entorpecer encontro a vazão da maturidade, do mesmo reconhecer e aceitar de si. Abandono do parecer, do indizível e impensável da fantasia, pelo declarar do instável e do ilógico do ser. Agora sim o herói, o empoderamento. O domínio e defesa dos medos a luz clara da manhã. Reconhecimento das essências imutáveis. Do mundo inteligível. Do chão que não se negocia. À sombra da razão ou sob a luz da fé? Surpresas. Arvore que se alimenta de luz e doa sombra.

Restaurando os pedaços de cotidiano, cheguei ao corpo e deparei-me com o demarcar de um espaço denominado “compartimento de sentimentos”. Pensei então ter a mobilidade de um lego. Juntei mais um pedaço e li “emoções de pacotinho”. Acreditei então ter a praticidade do instantâneo e do “faça você mesmo”. Não obstante observei-me enquanto uma multiplicidade de fragmentos. Intensos. Mas ainda assim fragmentos que precisam de Reich para construir pontes, desmistificar o complexo e encontrar o óbvio.

Depois de mim, cheguei a ti. Conheço todas as cores que eu te dei para que tu pudesses exagerar. Fiz-te Rei. Permaneci a Dama do xadrez. Cuidei, confiei, falei. Fui das letras, o excesso. Tu fostes o propagar da certeza mais incerta. Seguimos a rota da plenitude. Mas sabíamos nós dos desvios na estrada, imperceptíveis aos olhos. Escolhas. Que Deus abençoe estes momentos anônimos e inomináveis nos quais se constrói a verdade. Verdade esta revelada tão somente quando o ultimo tolo riu da própria piada. Não é não Junior? A relação acaba e os pares ainda insistem em caminhar com as mãos dadas. É... Talvez porque o amor trapaceie o Findar e adquira novas formas conspirando com o Expressar e a Eternidade. Em todo caso o jogo continua. As regras não param de mudar nunca. E eu? Vou chamar Cortazar para jogar amarelinha... Ou melhor, como Julio gosta muito de labirintos, em homenagem a São João vou tentar primeiro uma brincadeira mais segura no terreno dos anseios. Irei entender, racionalizar, mensurar, explicar e dar a partida. A minha partida, contrapartida ou despedida. Chame como quiser. Vou soltar o balão. Posto que a posse queima enquanto a liberdade alça o sublime.

|
0
Posted by Eve Rojas on 5:33 AM
 Posted by Picasa

|
2

“Negociadas” e “A Negociar”

Posted by Eve Rojas on 8:07 PM
É inacreditável como o passado, em si mesmo findado, insiste em cobrar as marcas deixadas no pueril. O leito foi negado, os limites foram castrados e os atores afastados do palco em meio à necessidade de aprovação nas coxias do teatro. Restaram os cortes. Logo depois vieram as cicatrizes. De combates pacíficos para o mundo e de guerras cruéis dentro do recôndito particular deste ser que luta e sobrevive. Sobrevive de embates com as tempestades. Batalha consigo mesmo. Chega ao final sem premiar, nem reconhecer vencedores. Também não conhece a dor. O que sente? Nada. Chora sem apreender a dor. Tem medo hoje de morrer numa luta que já foi. Passeia no palco da ilusão real entre Brecht e Stanislavski.

Suportei tempos quase infindos a parecer. Existi para cumprir funções sociais e domesticadas. Alimentei o show. Se, tinha desejos, sempre os neguei. Se, tinha dons, por vezes, os abandonei. Se, senti, de imediato congelei. Era o crescer fora de hora aniquilando a necessidade de ser. Desobriguei-me do palco. Os anos passaram. Dia após dia a maturidade da crítica veio exigindo lugar. Então da obediente boazinha, surgia a aspirante a “chica rara” de Martín Gaite, a menina má. Personagem protagonista de si. Sem diretores, roteiristas e escritores a manipular o fantoche predileto dos espectadores do porvir.

Cansada das premissas da superficialidade racional, desenvolvi outras habilidades. Estratégia, Artes em geral, Filosofia do boteco e Arquitetura do novo moderno. Construí uma realidade inversa, me inventei aguerrida em um mundo perverso. Abandonei-me, me perdi, me guiei, me descobri estrangeira, me aceitei. Enquanto mosaico de pequenas virtudes, de dúvidas e dívidas incessantes. Acostumei-me ao imperfeito possível. Embora agora fosse maior, mais forte, mais ousada e guerreira. Na tentativa de desvendar a minha lógica e consciência interna, dividi-me. Em duas. Rompi com o casulo, ganhei um corpo leve, mas ainda insistia em trazer comigo o berço. Todavia, hoje vou por em leilão minha origem, vou ofertar minha identidade primeira. Ou quem sabe decretar falência, já que ela vive em crise extrema. E cá pra nós, nem um ombro agüenta! É isso aí. Vou abrir com outro nome, anunciar uns títulos, trocar outros na boavespa. Afinal, instabilidade por instabilidade, como eu não sou uma investidora racional vou aderir a behavioral finance e confiar no meu Back Office.

Não estou mais na platéia a assistir o espetáculo de mãos atadas. Na verdade já estou por aí. Protagonizando entre as quedas, superando pedras, me pondo a prova, exigindo respostas, me associando a desejos, me amigando aos erros, experimentando valores, saboreando dês-construções, apreciando as flutuações, testando os verbos, eliminando a perfeição do correto, repudiando o trivial, amando o simples; sendo eu. Sendo o ser. Deixando ser. Fácil e dez – complicado.Tudo culpa do amor, que me outorgou talismãs.

|
11
Posted by Eve Rojas on 1:18 PM
 Posted by Picasa

|
0

SELF-SURRENDER

Posted by Eve Rojas on 10:32 AM
"Maravilha do vento soprando sobre a maravilha
de estar vivo e capaz de sentir
maravilhas no vento -
amar a ilha, amar o vento, amar o sopro, o rasto -
maravilha de estar ensimesmado
(a maravilha: vivo!),
tragado pelo vento, assinalado"
Mário Faustino

Fala acelerada. Corpo desajeitado ainda desacustumado com a perfeição e o flutuante. Frio intenso. Está tudo bem? Está. Mãos geladas. Medo da morte. Percepção alterada. Acho q não estais bem. Eu estou bem. Talvez eu não esteja bem. Eu não estou bem. Eu estou bem? Está tudo bem, senta-te um pouco. Ah! Quão maravilhoso é o respirar. Posso sentir o ar me invadir e me atravessar. Estou tão bem. Que festa incrível. Quem são essas pessoas? Eu não as convidei a entrar. Escuta! Está tocando as minhas melhores músicas! E elas parecem tocar em mim, cada compasso, cada batida, cada nota! É! Deixa esse povo dançar. Meu Deus quantas luzes. Nunca vi tantos arco-íris. Tantas formas. Só eu posso ver, só eu posso tocar. Eu sou a melhor pessoa do mundo e apenas com meus amigos divido lugar. Queria tanto que estivesses aqui. Estou tão linda hoje. Queria poder te tocar. Ninguém me merece. Não suporto ninguém deste lugar. Vão todos embora! Não, não. Está bonito como está. Fiquem e dancem para o meu prazer aumentar. Só não me cheguem perto senão vou alterar. Água, eu quero água. Gelo também. Estou um pouco quente, minha garganta arde um tanto, dê-me tão somente para aliviar. Líquido fantástico que percorre o meu corpo, gelo que toca devagar a minha pele, mãos que me acariciam com tanto cuidado, como se sentisse cada poro da minha pele. Delícia! Que estado sublime! De repente atingi a completude. Estou plena! Mal posso crer! Passei tantas horas, tantas noites, a buscar! Neste instante, eu me basto. O poder é tanto, a felicidade é tanta! Quero gritar! Mas ainda há fantasmas a expurgar. Centro em um feixe de luz. Começam a aparecer algumas figuras, a muito conhecidas, em meio a um desfile de flashs demodè. Através de rótulos que anuncio, começo a eliminar uma a uma. Depois disso é como se desse adeus a todas elas ao mesmo tempo em que sofro a falta de algumas. Mas ainda assim é um adeus. Estou repleta. Nunca experimentei tanta felicidade. O frio está voltando. Minhas mãos estão geladas novamente. Meus pés estão frios. Meu corpo treme. Quero deitar. Vamos dançar? Não, não. Estais bem? Sim. Estou. Deixe-me aqui. Mas volte quando acabar.

Uma escolha. Pela falta de controle e disciplina. Satisfação da força vital que me impulsionou para fora da minha redoma diária. O Encontro. De um espaço de exteriorização para longe do campo de regulação que me envolve. Tensão. Entre o mundo interior e exterior. Colisão. Realização do eu. Descoberta, renascimento, surgimento, aceitação. Vivencia da minha realidade subjetiva através de uma experiência do “mal”, da transgressão, do rompimento com o conforto, da busca por um outro universo capaz de encaixar o meu desencaixe. Deparei-me mais uma vez com a minha singularidade e distinção. Por um instante pensei ter em mim toda humanidade. Ô egocentrismo!É, tenho mesmo e pareceu-me irremediável ao passo que me é tão cara a coletividade. Cultivei-me, entreguei-me, rendi-me ao self. Eis a minha verdade para além da máscara da sociabilidade. A felicidade suprema teve um preço. O dos tormentos. Mas até mesmo estes pareciam acrescentar ao prazer. Pelo caminho da extrema prosperidade, no limiar da dor, conduzi-me então. Senti-me quase um Sinclair de H.Hesse, em Demian. Frente ao horror e fascínio da descoberta da dualidade do mundo e de si. Vivi uma multiplicidade de desejos e de estados. Picos de angustia e prazer inenarráveis. Uma experiência fantástica do outro lado.

No dia anterior ouvi tua voz. Muito estranho. Não tinhas mais lugar. Instantes depois, minha temperatura subiu e meu corpo febril, cansado da inquietude, adormeceu devagar. No dia seguinte, em estado de graça, te vi vindo, aparecendo para mim a flertar. Tu agora tinhas lugar. Eu apenas queria dividir, compartilhar o prazer, te contar. Mas não fui a tua procura. Despedi-me de ti e voltei a me amar. Como quem descobre que tu não és o que eu preciso. Tu me ofereces uma montanha com um vulcão adormecido e eu quero a imensidão do oceano rumo ao infinito. Percebi que existem certos paraísos artificiais que nos fazem conhecer as nossas certezas mais reais. Nesta noite, tive a mais bela comprovação de que a felicidade é um atributo da alma de mil flores dos mortais.Tudo que se foi está terminado. Tudo que se foi está terminado. Não há mais lugar. That’s over.

E eu vou deixar de besteira e vou ouvir os conselhos de Hermann Hesse para alcançar o caminho da libertação , eram para Harry Haller, mas eu vou me apossar: “Em vez de reduzir o teu mundo, de simplificar a tua alma, terás de recolher cada vez mais mundo, de recolher no futuro o mundo inteiro na tua alma dolorosamente dilatada, para chegar talvez um dia ao fim, ao descanso”.

|
0
Posted by Eve Rojas on 12:37 PM
 Posted by Picasa

|
0

Sub specie aeterni

Posted by Eve Rojas on 12:19 PM
Para sonhar é preciso ter uma dose relativa de falta de senso, de desobediência à lógica cotidiana e de exercício das suas próprias leis. As leis primárias do desejo. Desconsiderando a realidade, tolerando as contradições, desconhecendo a temporalidade e buscando irrefreadamente a realização de seus impulsos. Livre de censuras e recalques. Apenas vive-se. E então nesse momento não existem mais sonhos, mas sim um novo configurar da realidade. Contudo nem todo desejo se remete ao terreno do real ou realizável. Como o homem nunca foi senhor em sua própria morada, não basta querer. Na cidade onde as idéias buscam sua expressão, o sonho, afilhado do inconsciente, oferece ao desejo, na casa do seu padrinho, a real ilusão. Ah, vida de neuroses! Funcionar, utilizar, competir, comprar, pertencer, re-agir, racionalizar, virtualizar, vencer, se adequar! E quando não existem mais sonhos e os desejos são substituídos por pílulas do prazer que já não há? Presenciamos a aventura dos homens vazios à procura de saídas mecânicas para a angustia de subsistir na cadeia das regras sociais. Excêntricos robôs.

Ah, mas quem pode falar de realidade, ein Baudrillard? Se Nietzsche matou Deus, se a razão também morreu, e se o real é só mais uma cópia perfeita de um agora que nunca ocorreu? Nem mesmo sei quem ser diante do eu. Pessoas perfeitas, mundo perfeito. Positividade totalizante. Não faço parte desse planeta não. Meu universo tem dois pólos: positivo e negativo – e muito negativo por sinal, graças a Deus (!). Com astros inexatos, planetas incoerentes, estrelas de-cadentes, atmosferas fluidas, gases confusos, gravidade interativa, tempo/espaço alterado, elementos desunidos e interdependentes do acaso. Não é apenas caótico, é casual e despretensioso. Porque o ser é assim. Imperfeito. Por mais que o simulacro diga o contrário. Sim, mas entre realidade e simulacro, ainda posso falar na dissimulação do ser diante do fato. Ou ainda, nas conseqüências não-pretendidas da imperfeição. Consoante a Cioran: o ser humano seria capaz de realizar os atos mais nobres pelas razões mais vis. Eita vocação a miséria! Mas nesse emaranhado de expressões, estou aderindo a psicose. Como diria Hegel, na verdade é tudo culpa da linguagem homogeneizante. Mas eu não queria ser inteligível, só queria entender minhas determinações individualizantes. Diante disto, do todo e do eu, à beira do abismo do fracasso da significação chego aos escombros da minha própria existência. A luz que me vem da obscuridade de minha alma me faz olhar para o espelho, nua, sem mais ter como reflexo a farsa da inocência. Sou irremediavelmente finita e imperfeita. Que assim seja. Um “viva!” a transitoriedade que nos leva, a cada tentativa de fuga, ao profundo de nós mesmos.

Já olhou o pôr-do-sol, na sua praia preferida, no seu lugar predileto, com ou sem as suas pessoas escolhidas e percebeu, enquanto anoitecia, as estrelas surgiam e o vinho acabava; a efemeridade da sua vida? Eu já. E na contramão de todo argumento plausível, coerente, psicanalítico, sociológico, econômico ou político, eu recordo-me e só me faz sentido o poético de Clarice: “Sonhe”. Não se afunde nos charcos da existência. Não se torture, não se ressinta. Sonhe. Com tudo aquilo que quiseres. Seja. Sempre de acordo com toda a verdade existente em seu ser. Viva. Porque tu só tens uma chance. A receita de Clarice para a vida nos ensina: primeiro junte bastante felicidade até torna-la agradavelmente doce, acrescente dificuldades para torna-la forte, um pouco de tristeza para torna-la humana e ao final basta acrescentar esperança suficiente para faze-la feliz. Pronto. Ainda segundo Lispector, a felicidade só aparece para aqueles que choram, para aqueles que se machucam, para os que buscam e tentam sempre. Meio cruel isso, não é? Todavia sabemos nós no passo a passo da vida diária que o pêndulo é necessário. Ao menos a mim. Sendo assim, nas palavras de Luiz Fernando Veríssimo: “não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar”; viva intensamente porque a vida só vale a pena desta forma. Pelos momentos em que não sabemos justificar ou prever a próxima respiração e mesmo assim há algo que nos faz permanecer serenos. A vida é curta. As palavras se perdem no vazio do continuum. Os atos se apagam no caminhar da memória. Mas os sentimentos, as emoções? Ah! Estas se eternizam, no coração, na pele, na alma das pessoas. E eu sei, te fiz feliz.

"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro amanhã. Portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver."
Dalai Lama

|
1
Posted by Eve Rojas on 5:05 AM
  Posted by Picasa

|
0

Descobertas manifestas.

Posted by Eve Rojas on 5:04 AM
Relacionamento instável. Incertezas. Dores, mágoas, incompreensões. Níveis diferentes, buscas diferentes, personalidades distintas, vidas que não se cruzam mais. Meu Deus parece tudo tão óbvio agora. O nosso amor foi simples, fugaz, belo e completo como um arco-íris. Daqueles que aparecem nos dias de chuva para lembrar que ainda há colorido. A gente quer tocar, compreender, desvendar e ele se vai quando ainda estávamos por contemplar. É bem assim. Nada é por acaso e o destino é o dono do espetáculo. Foi preciso um anjo falar para me dar coragem, para me fazer aceitar o presente e direcionar minhas escolhas longe do passado. Grata sou pelo lindo presente dado por São Paulo.
Eu poderia optar pelo fácil, dizer que o amor hoje não passa de um impulso, de uma reação química qualquer, ou ate mesmo a satisfação ilusória de um ego inflado – ou seria inflamado? –. Seria simples dizer também que ele é algo que transcende a palavras, a conceitos, a racionalidade e remontar tudo a emoção, ao transcendente e ao não-palpável. Mas as polaridades per si não explicam nada. Tanto no céu quanto na terra há degustadores do pecado. E Amor é Amor lembra? “Feliz e forte em si mesmo”. Eterno, completo e intocável. Ai, às vezes eu acho que tu não compreendes o meu vocabulário. Deve ser porque eu que estou na contramão, na complexidade do ser e do fato.
Entre tantas rotas possíveis quero o equilíbrio do simples e do complexo, como se um não fosse ao mesmo tempo o outro. Consciência do sentir, expressão do sentir e integração; eis o meu caminho a seguir. Vamos ao que aconteceu. Autoconsciente e sem defesas comecei a me entregar a mim a partir da minha entrega a ti. Abandonei o reagindo para aderir a uma real ação. Optei por experimentar e experienciar os mundos possíveis, numa multitude de sentidos, num shake de sensações. Adulterei a ordem, corrompi o complexo, flertei com a simplicidade. Para preencher, aderi. A mais humanidade, a vida, ao viver, ao corte e a cicatriz. Precisei ceder, cair, me perverter, me transformar em inverso para achar o que em mim há. Ainda há. E eu estou mais uma vez na aventura ingrata de me buscar. Ao caos estou por atingir e esse mesmo caos tem me trazido de volta para mim. Pois é, o caos é criativo e agora, restitutivo! Transgressões... tenho cansado até mesmo delas, as ressacas orgânicas e morais, são tediosas. Agora não é o vazio que tem me incomodado, mas o excesso; então, mais uma vez, estou em outro extremo. Quero a liberdade, mas ainda tenho um senso de esperança. Quanto a nós? Ah. Já era. Foi bom, intenso, verdadeiro, mas minha origem cultural me espera! E são tantas surpresas que eu acho que vou embarcar em outro arco-íris ou em alguma estrela.

Reverências a Drummond ao afirmar que “o amor começa tarde” e “é privilégio de maduros”.

|
0
Posted by Eve Rojas on 5:03 AM
  Posted by Picasa

|
0

“SAY GOODBYE”

Posted by Eve Rojas on 3:47 PM
Dar adeus, despedir-se, renunciar. Ah, as imprudências do acaso! Rompeu o casulo. Deixou o estado de crisálida, abriu as asas, virou borboleta de aparência frágil, cheia de graça e beleza impactante. Podia ter vivido dias, semanas, meses... E assim o fez. Com a velocidade do seu vôo, deu adeus. As mariposas diziam que não valia a pena: – “Borboletas? Argh! Quem confia nelas? Uma vez lagartas, sempre lagartas. Eu não disse!”. Tolas. A inveja cegou as mariposas. A crença fez de duas vidas uma, nas asas de uma borboleta. Foram dias tão intensos. Conheci o mais belo e sua fugacidade, a maior das dores e a crueza do não-dito da verdade. Valeu a pena. Está tudo guardado. Na pele, no cheiro, no toque, no carinho, no cuidado, na chuva, nas ruas, nas canções, nos medos, nos desejos, no beijo, na cama, nos sonhos, nos planos, nos filhos, na família, no desperdício, no vício, no erro, no choro, nos mais sinceros sorrisos, nos silêncios, no sono, no banho, nos abraços, nos esquecimentos, nos atrasos, no sofá, nas surpresas, nas cartas, nas loucuras, na praia, no carro, no trabalho, na cumplicidade, no refúgio, na noite, no amanhecer, nos encontros, nas (in) compreensões, nas brigas, na química, nas desculpas, nas culpas, nos “Eu te amo”, nos “Eu não te amo mais”...NA ALMA.

Vita brevis Vita brevis. A única certeza que tenho é que vivi, sempre de acordo com as verdades que tenho em mim. Foi sempre assim. Talvez fosse perfeito demais para ser real, e como toda perfeição, não resistiu a prova. Doeu. E quase que a raiva me perverte a percepção, mas ainda posso e devo agradecer-te por ter me feito ver, viver mais a minha humanidade. Pode parecer bobo, mas obrigada por ter me permitido chorar diante de ti. A ti pode ter parecido tão somente fraqueza, mas a mim, fortalecia o intelecto, as emoções, me integrava. Eis o meu infinito particular. Ainda com Marisa: O que passou, a mim não calou; e o que virá – talvez – um dia, nos dirá. Este futuro não me instiga mais. O destino em conluio com tempo se encarrega e nos carrega para onde quiser agora, na verdade como sempre fizeram, aliados, a nossa livre vontade. Só pra ser sincero. Estou a desfrutar dessa liberdade que me destes, tenho gostado. Contudo saibas que eu posso até mudar, eu posso estar em qualquer lugar, mas tu ainda vens comigo aonde quer que eu voe. Se isso de alguma forma incomodar, se te incitar a me responder, me responda ao menos com a verdade do raio, mesmo que não consigas me mostrar o sol. Não me dê resposta pronta, não te adeques a mim.

Nestes dias de confusão nem pudemos dizer do amor, nem pudemos escrever sobre o amor, nem ao menos gesticular o amor; mas sei que pensando nele estávamos e levaremos muito ainda para deixar. Porque foi – mas como tu mesmo disseste que não fala no passado, é, um amor desesperadamente puro, desses que excedem os limites da normalidade e da palpável existência. Pretensão a minha de falar por ti? Talvez seja. Talvez fosse. Se não tivesses me dado a licença de olhar através dos teus olhos a tua alma; de me deixar ver as tuas máscaras e a tua face. De ouvir tua angústia em dizer “eu te amo” e tchau. Meu amor, infelizmente não há como dar rédeas ao imensurável. Talvez a vida nos permita uma última dança, daqueles em que o tempo pára, tudo em volta inexiste, e somos apenas eu e você. Apenas uma última dança. Porque você sabe, você sabe, você sabe...

Tu non lasciarme mai la mano anche se un giorno finirà.

Hold on to me and never let me go. Is hard to say goodbye but goodbye.

|
0
Posted by Eve Rojas on 3:37 PM
  Posted by Picasa

|
1

Que atirem a primeira pedra!

Posted by Eve Rojas on 3:08 PM
Gestos tolos. Atos insanos. Perversão da personalidade. Vexame perante os figurantes cujo nome não me recordo à face. LOUCA! Qual seja. Tudo para arrancar a sombra de um amor sem presente. Realmente louca porque jamais conseguiria manter uma personagem olhando em teus olhos. Estratégia imbecil de uma alma insone exausta da sua própria verdade que rendeu uma cena para aplausos irônicos e impressões de pouco valor, advindo de críticos desatentos. Hilário, realmente hilário. Hilário/insano, mas sem dúvida hilário. Eu perverti momentaneamente a minha personalidade, mas a minha moral continua intacta. Pouco me importa um júri leigo, me importa os personagens da história vivida com suor, com prazer, com lágrimas; na carne, na alma. Estes sabem bem do contexto, do pretexto, do texto, da essência deste ser que vos fala; e se mesmo estes duvidarem passarão também a ser parte do montante da crítica dos – por hora – indesejáveis. Contudo, ser previsível também não é adequado, decepcionar as vezes se faz necessário, ninguém precisa conhecer o meu tamanho exato. Se eu devo desculpas, é a protagonista. Se me envergonho é pelas palavras proferidas das quais não recordo. Amnésia alcoólica. Jamais pensei um dia vir a deixar de ser imune. Mas entendo porque ela me pegou. Analise comigo, depois de desconstruir tantos mecanismos de defesa, depois de derrubar tantas barreiras, depois de tanta terapia Reichiana, depois te tanto stool, como poderia eu além de ter coragem para cometer, assumir e relembrar a situação constrangedora vivida no dia anterior? Só mesmo utilizando-me do mecanismo de defesa, provisório, da amnésia alcoólica para evitar mais sofrimento. Todavia isso não foi uma escolha minha, isso é coisa do meu inconsciente, porque do sofrimento eu estou sendo parceira e não fugitiva.
Mas, abri os olhos, emergi do letargo, primeiro sem ver, depois reconhecendo a ilusão do simulacro, a verdade da culpa e o amor da companhia. Olhe os espelhos e sorria. Eu ainda tenho a mim, ainda me reconheço em mim, ainda tenho um “eu”. O meu. Reintegrado e consciente de si. E ah! O outro que tenha consciência do outro. Contudo, como nos recorda Machado: “sendo a relação entre o eu e o nós ativa e mutável, a sua estabilidade, uma vez abalada, não poria o ser humano à mercê do funesto desvario, campo de atração incontrolável, projetando-o na rota da fuga para o incomensurável?”. Dentro da perspectiva do profundamente humano, eu afirmaria que sim. Contudo, nada que uma dose de personalidade forte e amor-próprio não resolva. E indubitavelmente resolve.
O que eu quero? Apenas a chance de encontrar dias melhores. O que eu tenho? Fé. A certeza de encontrar e construir dias melhores. E está melhorando. Novos horizontes, novas perspectivas, novas surpresas. Gratas surpresas. A vida segue o seu rumo e como diria o popular: “A fila anda”. A dor desanda e até a uva, passa! Vixe que brega. Mas para combater clichê só mesmo mais um clichê. Ah baby, jamais negaria para mim, e acabei não agüentando e não negando para ti também. Ainda amo. Eu lembro do cheiro da tua pele, do brilho do teu olho, de todos os teus movimentos, de cada noite, de cada amanhecer, eu me lembro de tudo. Eu lembro do teu toque, das tuas mãos, do teu sorriso, do jeito que a gente ficava feliz em fazer nada, the way we make love. Tu sabes que ainda lembro. Eu ainda lembro de ti. Se aos olhos dos expectadores isso possa, mais uma vez, parecer forçação de barra; tenho a certeza que nós, protagonistas, sabemos do nosso eterno pacto de liberdade. Mas a minha busca pelo que se foi acabou. E até mesmo os teus chamados não ouvirei mais. Não podemos querer o que já partiu, o que já quebrou como um cristal; em mim, em ti, em nós. A nossa relação deixou de ser um prazer e nesses poucos meses tem se tornado um fardo, de dúvidas, de incertezas, de desconfianças, de cobranças descabidas, de vontades insanas... Este sim deve ser um sintoma patológico. A procura pelo nada, a vontade irremediável de reviver sentimentos de outrora. Todavia quero que saibas que, se havia a vontade de voltar no tempo para reviver, assim como tu; jamais a tive almejando voltar para consertar nada, ao menos no que cabe a mim. Nossa história veio como um furacão, e tem ido como um. Intenso, forte e arrebatador. Que assim seja. E tudo isso só cabe e interessa a nós. Que a alucinação do eterno, que nunca tivemos, desapareça e nos faça ver na dor, a corrupção da realidade. Que nos faça ver no futuro a esperança de dias, de sentimentos, de escolhas verazes. Que Deus nos abençoe e nos permita amar de verdade. Sancta Maria Mater Dei. Ora, pro nobis Pecatoribus. Amém.

Ah! Apenas mais um recado: Lembra-te que o amor é irresponsável, não honra compromissos, é impontual e mal-educado: não pede licença para nos invadir ou abandonar. --- Abraço.

|
0
Posted by Eve Rojas on 9:48 AM
  Posted by Picasa

|
0

Mais uma, por favor!

Posted by Eve Rojas on 7:01 AM
A raiva veio por fruto de padrões ou expectativas pouco realistas em relação à outra pessoa. Este é o caso, portanto poderia continuar adotando o exercício da tolerância e da flexibilidade. Todavia, além de se configurar como uma atitude, advinda de mim, arrogante; não surtiria efeito algum, a não ser para mim. Um efeito de dor que alimentaria uma raiva velada diante uma situação de extrema frustração posto que o outro foi o tempo inteiro poupado do sofrimento e, portanto não sabe valorizar um ato de amor, nem mesmo é capaz de reconhecer em si, o propagar do mesmo erro.

Se, tem frustração tem raiva, se tem raiva tem agressividade. Então, mais uma dose. Mais uma dose de agressividade garçom! Serve para me fazer enfrentar as dificuldades, defender meus interesses e saciar a minha sede. Por favor. Cansei da apatia. Não agüento mais o veneno do “não-dito” em doses homeopáticas. Meu senso de humor ácido e sarcástico esgotou. Mais uma dose! Agora de sinceridade. Pode servir um shot de descontrole também. Sim, pois precisam saber que eu tenho motivos que me despertam uma raiva indomável, com os quais a minha tolerância é zero. Já vou logo dizendo do meu limite para não gerar conflito desnecessário.

Mas é o seguinte, meu caro garçom, uma garrafa de raiva não. E nem convite para entrar no clube. Um ou dois copos com muito gelo, já está bom. Até porque sou uma pessoa que faz exercícios e se esforça para manter uma dieta equilibrada. Balanceio minhas emoções positivas e negativas, assim como as que são ou estão guardadas, com aquelas que são postas para fora. Preocupo-me com o meu colesterol emocional. Se me descontrolo, adoeço e morro, minha mente teima em ser inseparável do corpo.

Uma dose de whisky de emoções “doze anos” mais um Red Bull do silêncio. Devagar barman! Devagar que isto é uma bomba pronta para detonar uma complexa série de reações químicas e físicas dentro deste corpinho aqui! Tudo bem que com ela eu vou parecer mais forte do ponto de vista social, mas em contrapartida esta bomba está louca para, de quebra, sabotar o funcionamento do meu sistema imunológico. Então todo cuidado é pouco, porque o pavio é curto e a embriaguez emana.

Ah que saudade dos meus níveis estáveis de serotonina. Do tempo em que cachaça era literalmente água e chocolate era minha maior perversão. Fique tranqüilo meu camarada, que eu não sou mais um bêbado a alugar seus ouvidos com nostalgias e dores de amor. Só estou degustando dos sabores das emoções para poder louvar o gosto da liberdade. Desce mais uma, por favor! Mas agora eu quero uma antártica do prazer original. Daquelas estupidamente geladas, prontas para brindar entre amigos. Compartilhemos o prazer meus caros, porque a dor é minha só e mais de mais ninguém – eita que já tem gente ensaiando cantar! – Mudemos o foco! Façamos um brinde! À noite, ao bar, a fantasia e aos amigos que não estão lá. A todos aqueles que fogem do amanhecer, refugiam-se na noite, no álcool da covardia, no cigarro do medo, no entorpecer da balada ou numa mesa de bar.

Alguém já está pronto para tomar a tequila do esquecimento? Um body shot! Vamos lá! Traz a tequila comandante! Vou ensinar. Primeiro beba o shot da amnésia delirante, depois, o sal e o limão da verdade, degustados na carne, para equilibrar a ilusão, o prazer nauseante e a efêmera realidade. Boa! Agora estamos preparados para começar a dançar. Lance-se comigo na pista. Solte o corpo devagar. Deixe a música conduzir... E... Ô! Meu querido! Manda uma dose de vodka da sensualidade com guaraná! Ei, mas tem que ser soda, porque nem original, nem fanta artificial dá! Vá logo preparando mais uma porque a angústia da sobriedade, com tanto gasto de energia, está querendo ganhar lugar. Como é doce o desfrutar da ilusão. Para terminar a noite meu amigão, deixe que eu mesma me sirva uma taça de merlot. Apenas uma. Porque o sol anuncia a chegada e a minha cama está vazia. Vazia do que se foi e cheia de mim. Agora eu quero água. Bastante. Para lavar a minha alma do gosto, do cheiro, do vício da fuga alucinante. Quero perceber e controlar o nexo emocional das relações sociais para poder desconectar, com equilíbrio, o comportamento social e as emoções sem me tornar alguém essencialmente fria. Mas por favor, não me deixe perder o descontrole e as construções delirantes. Sirva-me uma long long neck, de vez em quando para aliviar a tensão, perverter a racionalidade e liberar o tesão.

Embriaguez e sobriedade. Realidade e Fugacidade. Amor e ódio. Indiferença e cumplicidade. Que seria de nós sem Dionísio? Que seria de nós sem Apolo? Que seria de nós sem o vão da loucura, sem o vácuo da sensatez? A mórbida frigidez. Jamais conheceríamos o aprendizado da queda, o prazer da intensidade e o horror da liberdade. Ô do bar, ô irmão, vem cá. Diz uma coisa do alto da sua sabedoria etílica. Pra sentir raiva é preciso sentir amor ou para sentir amor é preciso sentir raiva? Ok, tudo bem. Esqueci. Garçom não fala. Acho melhor eu ir fazer uma massagem tântrica para harmonizar os meu chackras.

|
2
Posted by Eve Rojas on 6:33 PM
  Posted by Picasa

|
0

Para você saber do amanhecer

Posted by Eve Rojas on 6:29 PM
Amanheceu. Sim, amanheceu! Já não agüentava mais tanto gris! Há quantos dias eu não via o sol. Saudações ao nascer! Saudações! E eu vi, eu vi! Algo mudou. Algo diferente do despertar de ontem. No olhar, no gesto, na voz, talvez um novo jeito de agir. Novos horizontes. Novos sinais. Enfim.

Depois do abandono, virei observadora de mim mesma. Nem eu me engano, nem me deixo mais. Se bem que quanto embarquei acreditei. Quando me dei, me dei. Por mim. Pelo outro. De modo emocionalmente consciente – se é que isto é possível. Como aquele que só quer amar o bem. Joguei-me. O meu prazer, ao teu. A minha dor, a tua. O meu silêncio, a tua voz. E aí vêm as conseqüências não pretendidas da ação junto com as ações não pretendidas das conseqüências. Ô renúncia inútil! Na verdade, antes fosse inútil, antes fosse renúncia e não tanta falta de absurdo. Surdo? É. Estou surdo...Para o resto do mundo. A falta de óculos é a culpada de tudo. Sei não viu. Já cansei das repetições do meu “eu” pueril! Troco o cigarro de chocolate pelo marlboro de menta! Eu sou assim. A farsa da compreensão, a arrogância do aplauso. O que resta a um soldado raso em frente ao front? Morte. Heroísmo. Só. Isso mesmo. So-li-dão...Renúncia, ódio, amor, escravidão. Eita herança!

Eu vivo numa busca incessante pelo mais humano. Peço conselhos a Dionísio, mas ele – debochado do jeito que é – me deixa sempre as bacantes, em meio às danças e gritos de júbilo. Cansada da pandemia, e graças ao meu sufocar asmático, acabo a noite sempre nos braços do filho do Caos. Eros. Eros é um rapaz intenso e bonito. Eros é a harmonia e, do universo, o poder criativo. Tudo de bom como dizem por aí. Todo mundo mereceria. Todavia nada é realmente tão perfeito. Eros é cego e ainda é guiado pela Ânsia e pelo Desejo. E aí começam novamente os meus problemas, mas ele é astuto. Sabe a hora exata de abandonar o arco e trazer, à mão, uma rosa. Quem nada sabe de estratégia sou eu! Eu dou tiro pela culatra. O meu altruísmo é a perversão da minha arrogância. Sou herói e vilão do eu.

Zeus que me ajude a largar Morfeu! Por hora cansei do sonho. Cansei de verdade, cansei mesmo. Também cansei da razão, do automatismo e da conseqüência lógica. Não faz sentido? Quero nem saber. Hilda Hilst que esclareça ou dês-esclareça melhor a inquietude do ser. Só peço que permaneçam as construções irrefletidas e os encadeamentos ilógicos dos surrealistas. Dalí já dizia: “Tudo que gera contradição é sinônimo de vida”. Eu sou a própria contradição ou sou a vida? Confusão criativa. Estou pronta para os jogos espontâneos do inconsciente. INSTINTOS. Quem foi que disse mesmo para confiar nos instintos? The Master, Noel Peirce Coward. Porém disse ele também: “se não tiver nenhum instinto, confie em seus impulsos”. Pode deixar mestre. Entendi. IMPULSOS.

Nessa revolução de sensibilidades, estou por restaurar meus sentimentos. E quem vier na contramão eu passo por cima. Nada pessoal apenas sobrevivência...Instinto...Ou...Impulso. Parem tudo! Freeway. Acelero. Sinal verde só pra mim. Por favor, não leve a mal, é tudo só uma questão de valorização do self.

Por ventura ou desventura, depois das experiências que passei, tenho a urgência de dizer o que até agora não tinha dito. Seja lá para quem for, seja lá como for. Seja mentira, ou, seja apenas vontade. Tenho pressa em desvencilhar o - eu, o - próprio, o - outro, o - eu - outro. Eu minto primeiro! Ao estado de graça, dificilmente repetível, estou hoje muito menos disponível. Estou superando a nostalgia da Virginia Wolf quando dizia: “Estou vivendo uma vida que não gostaria de viver. Como isto foi acontecer?". Já sei como, já sei por quê.

“Em um dia não muito distante/ havia sorrisos, beijos e sonhos/ Meus sonhos, seus sonhos/ Meu sonhos, agora teus sonhos/ Nossos sonhos/ Hoje nessa pós-vida em que eu co-existo/ Caminho devagar... / Pois você pisou no seus sonhos, nossos sonhos/ Meu sonhos/ Caminho devagar.../ Procuro vestígio do que um dia foi meus sonhos/ Apenas procuro/ Sonhos (Otávio Guerra). Estava eu a recitar há alguns dias tais versos. Por hora, canto com alegria o nascer do dia. O despertar do sonho. O resgatar dos meus sonhos, hoje, devidamente chamados de metas. Minhas metas.

Abrem-se as portas. Abrem-se as asas. Ventos do norte, sul, leste, oeste. Entendo agora de percepção espacial, de localização psico-geográfica, eu guio-me. A vida nunca foi tanta. O pensamento virou a flecha. O sentimento o arco que o impulsiona. Sou uma arqueira consciente, só miro agora em alvos de valor. Sem mais “Love Lies”. Now I’m found. Vou mentir para ti, mas não vou mentir para mim. Minha felicidade plena depende da tua felicidade. Eu ainda preciso de ti enquanto houver amor. Like the desert needs the rain. Lembra? A diferença é que eu continuei: It will always feel the same. Contudo, nestes novos dias, ‘til I find somebody new.

Doce prazer do vislumbrar da dádiva da renovação advinda do amanhecer! Renovare! Renovare! Ad infinitum! Renovare! O prazer, a dor, a invenção. Eu ainda me pergunto por que (?), mas não espero mais por respostas. Cansei de te buscar. E a cada detalhe negligenciado, tu – exato tu, te encarregas de dar ponto ao nosso conto. Os problemas gramaticais estão sendo resolvidos, para ficar esteticamente impecável. Embora persista o vazio, que a minha tão cara Emily faz questão de ressaltar e de me explicar – como se fosse uma receita de bolo, que: “Para encher o vazio/ Ponha Aquilo de volta que o causou/ Baldado cobri-lo/ Com outra coisa – sua boca vai mais se escancarar –/Não se pode soldar o Abismo com ar”.

Showed you my heart, I left it unguarded. Now I’m alone. Now you're gone. Now I’m gone. And I hope that you will see how much you mean to me.

|
0
Posted by Eve Rojas on 8:04 AM
  Posted by Picasa

|
0

Rompantes pueris, viagens de aluguel.

Posted by Eve Rojas on 6:34 AM
Se foram as lágrimas, as quais mancharam o rascunho do papel que as secou. Ficaram as marcas. Acabamos aqui. Com ou sem o conhecido “quem sabe”. Eu nunca tive tanto os meus vinte e um. Inocente. Irracional. Imbecil. Emocional. Tola. Inconstante. Boba. Intolerante. O teu cigarro ao meu segundo. Mais uma hora, ao meu clamor. A efemeridade ao meu amor. A embreagez a minha loucura. Brindemos! Obrigada. Dói. Vai doer muito. Muito. Mas cada lágrima vai levar embora você. E quem ama ou já amou sabe que isto não é apenas um clichê. Todavia são meras construções lingüísticas, fragmentos tecidos a luz da agonia.

O que não significa que eu não te apresente Narciso. Pois é, aquele mesmo que se apaixonou de tal maneira por si mesmo que ao ver a sua imagem refletida na água, buscou-a com tanta vontade que acabou por afogar-se. O mago Freud dizia que o narcisismo gera uma ilusão. A ilusão de construir uma imagem perfeita de si, ideal do eu, que mais adiante vai exigir – por “amar-se” em demasia, o amor do outro. Em outras palavras é o alimentar da ilusão de ser amado e adorado sem restrições. O amor pelo outro vai se confundir de tal forma com o amor que se sente por si mesmo que só poderá investir no outro se isso não significar um menor investimento em si mesmo. Ou esse sujeito pode ainda, transferir a sua relação de narcisismo para o outro, tornado este o ser “ideal”, o seu “ego ideal”.

Vai parar de investir ou vai alimentar o idílico do eu? O que mais apetece, eu não sei. Mas a escolha é antes de tudo um preocupar-se em ser amado do que em dar amor. Será que entendemos nós, o que vem a ser “dar amor” ? Da resposta não sei o correto. Da incerteza, conheço a arrogante protagonista de Dogville e o Seu ego explosivo. E olhe que eu ainda sei que individualidade não é egocentrismo. Ajude-me Piaget, se o sujeito está tão somente centrado em si mesmo como pode este conhecer a si mesmo se é da relação com o outro que o sujeito se define e se constrói? Será culpa do egocentrismo espontâneo? Queremos nós permanecer ou superar uma moral heterônoma? Quebremos o espelho! Por favor, quebremos o espelho.

Vislumbremos o horizonte e a diversidade. O altruísmo e desprezemos a vaidade. Coragem Cabral! Se tu tens que abandonar alguém, antes que seja aqui. Mas como eu não sou Cabral, e conheço bem os meus bem-te-vis; meu coração sangra a partida, a nau me leva e me deixa – te leva e te deixa no – um dia eterno, aqui. (Ah! Movimento contínuo agonizante!)

Nem que eu viva cem anos, jamais esquecerei os dias que aqui passei - penso e repenso, alongo a vista pela praia imensa, plana, terna, quente... Que falta já me faz os grandes arvoredos. Se há uma opção, deixei-me e deixo-me ficar porque este é, ou, ao menos era, um lugar para ser feliz. Hoje tenho o meu destino na mão, fico à livre vontade. Dou-te a livre vontade.

Na noite em que a minha criança te deu “um fim”, dos brincos que me destes, um se perdeu. Assim como o amor que tínhamos. Um, se perdeu. Mas para cultivar a doçura do ser pueril ainda restam os chocolates em tua gaveta. Atenção, atenção! Pequeno príncipe, ou melhor, pequena principesa: Vamos ouvir e aprender mais uma lição da velha história?
Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ? [...]
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços? - Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
(Antoine de Saint-Exupéry)

Volto ao jardim com aquela certeza, com o choro da fidelidade perdida, da lealdade sacudida, com o perfume das flores de outrora. O que é preciso é ser como se já não fossemos. Quem mente para quem? Quem vai esquecer primeiro o sorriso, o gosto, o rosto, o ritmo do pulso, o olhar que diz tudo, ein? Diz-me. Quem? Ah, lamento covarde! Clarice me empreste o tom seco para expressar e ampliar o meu perturbador: “Se me distorcerem, cobro multa. Desculpem, não quero humilhar ninguém, mas não quero ser humilhada”. Não, não Clarice. Não é isso. Somos duas irônicas, mas crias da verdade. Então vamos lá mais uma vez: “Eu te amo, disse ela então com ódio para o homem cujo único crime impunível era não querê-la. Eu te odeio, disse implorando amor ao búfalo”. Melhorou. É o velho “eu te amo”, “eu te odeio”. Peço-te agora, por um instante, licença minha cara. As palavras me correm sem pudores, dispersas e emocionais: Respeito a tua liberdade, incentivo o teu direito de fazer escolhas. Compreendo a tua vontade de às vezes ficar só, reconheço que às vezes te sufoco com as minhas pressões e impressões. Ciúmes, falta de lealdade, matam. Cubro-te de afetos, aplaudo teus desejos de voar, te quero mais livre, te quero mais inteira, do que quando eras quando te conheci. Queria tão somente que a recíproca fosse verdadeira. EU TE AMO. Não preciso mais dizer que te amo.

Finaliza Clarice, com “as sem razões do amor” porque só tu poderias representar tão fielmente e de modo tão realista o amor - este ser tão desvairado. “Eu te amo porque te amo, Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo. Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga. Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários. Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim. Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo. Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor”.

|
0
Posted by Eve Rojas on 4:56 PM
  Posted by Picasa

|
0

Crise existencial de um astro

Posted by Eve Rojas on 1:39 PM
Vem cá, que achas? Podemos ser duas galáxias. Podemos colidir de acordo com as forças de maré, podemos interagir. Tomando cuidado claro, para não realizar canibalismo galáctico. Não quero estrutura de ninguém destruída. Todavia, acredito que este é um perigo inexiste posto que somos pares complementares, não rivais. Ah, mas eu não quero ser qualquer galáxia, quero ser Quasar! Um modelo de galáxia melhorado. Extremamente compacto e luminoso, emitindo mais do que centenas de galáxias juntas. De bônus ainda tem um buraco negro no centro. E eu ainda vou acoplar pelo menos uma das qualidades de um blazar - objeto exótico do universoque não tem nada de blasè. De preferência aquela qualidade, sabe? A extraordinária variabilidade em curtos períodos de tempo. Variabilidade, flexibilidade, resposta rápida as mudanças; quase um astro pós-fordista! Ai, é bom ter cuidado porque eu não quero ser terza, segunda, ou prima.

E haja teoria da relatividade. Viagens no tempo, paradoxos, densidades críticas. Big! Bang! Se os cientistas atestam, que o universo não existiu por todo sempre e nem existirá por todo sempre; não seríamos nós a provar da eternidade. Ou seríamos? Bom, o que sei é que contra as fórmulas e cálculos em questão eu não tenho a menor chance de apostar na contramão. A realidade é que andam dizendo por aí que toda força forte ou eletrofraca, gera quebra de simetria. Quebra de simetria essa que faz a gravitação agir repulsivamente e faz o universo se expandir. É bom se expandir. Mas meu amor, cuidado para não errar na quantidade de calor latente porque aí é inflação na certa!

Talvez tenhamos protagonizado um fenômeno raro: “Dois cometas ao mesmo tempo no céu”. Os mais brilhantes. Não fomos galáxias, mas não decepcionamos. Passamos. Tudo parte do efêmero, tudo parte da ilusão do não-visível. Ação efêmera, presença,in(consciente), (in)constancia. Vida ínfima, desejo infinito. Perenidade, fragilidade e impotência diante da realidade. Você tem medo de quê? “Beije-me, antes que o substrato de nossas ações se torne figura de retórica”.

Textualidades orais, teoremas, explicações possíveis. Eu não sei usar da exatidão da matemática, da física, frente à complexidade do universo. Eu sou inexata, Eu sou complexa. E meus recursos mal são poéticos. Volto a solidão criativa, ao que me resta. Aos aplausos não seus. Persisto, luto, brava ou imbecilmente, contra o conformismo e tento sobrepor a sobrevivência.

Num dia de cansaço interminável, o despertar de um instante lírico; a renovação do sujeito. Cruzamentos de solidão, falsos alarmes. Findo por fazer de um conto sem ponto, o nosso romance. Seria ele mais uma estrela ou seria o sol a levantar-se? Durante um verão desses, eu ainda vou para um pólo terrestre ver o sol da meia-noite.

|
0
Posted by Eve Rojas on 11:20 AM
  Posted by Picasa

|
3

Nau Frágil Economicus

Posted by Eve Rojas on 7:18 PM
Acho que eu tenho a síndrome do Inácio, destroem a minha base, tiram a minha viga mestra e eu ainda grito caído: “Ei, pise não que eu estou de pé!” Haja resistência, fraude, ou blefe. Dizem por aí que é tudo uma questão de perspectiva. Sei lá. Em estado de guerra o importante é contemporizar.

As “tendências” enquanto falam da manteiga substituindo a viga, do fluxo cambial robusto, do superávit primário, e da volatilidade da economia, anunciam primeiro: “o consumo do frango supera o consumo do boi”. Perfil de consumo. Alguém entendeu alguma coisa? Nem eu. Só sei que Coca não é Cola e ecstasy está durando pra lá das vinte horas. Eu quero é passar mal! Enquanto Inácio continua repetindo o clichê do meio-dia: “Não há mágica na economia”.

Vem cá, mas se o amor deve ter a mesma lógica da economia, como é que a sabedoria popular vive dizendo que há mágica no amor, ein? Que não entenderam Bauman eu já sabia. Sociólogo nunca teve crédito fora da academia. Mas e o Jurandir? Porque ninguém escuta? Está na hora de mudar de estratégia e perceber a nova configuração a cada nascer do dia. É isso aí terapeuta, vamos eliminar o idílico – ideal abolido, “sem fraude, nem favor”.

Bom, mas como diz A Máquina, por que não sonhar? Eu só não quero alguém para me trazer o mundo, porque o mundo dá muito trabalho! E herói também não, por favor! Não agüento mais essa bobagem repetida ad nauseam.

E não me chame de anti-romântica, o meu coração ainda pulsa enquanto o sexo também pulsa. Embora alma gêmea não seja mais – na realidade nunca achei que fosse – o arquétipo da afetividade como dizia Jung; a sintonia é estreita, a vida do outro é de extrema importância, a cumplicidade, de certa forma, resiste e a atração ainda existe pelo envolvimento emocional.

Acho que o meu modelo de amor é o globalizado da “Existence”. Aprendido, apreendido. O ideal das narrativas românticas novelescas com traços de universalidade e de efemeridade. Quase um big brother onde você é o que menos decide. Ou melhor, onde eu sou quem menos decide. Contudo eu não permito não! Que é isso? Pres’tenção! A protagonista aqui sou eu, e o globo de ouro está na mão! Até parece que nunca ouviram por aí: “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. Veja bem, não é imitação, nem mania de autodestruição, é apenas uma busca de mim, para mim, por mim, por nós. Não misture papéis, não sou descartável, eu sou é reciclável.

E nessa onda de economia, Freud vem adicionar até a economia do psiquismo. Era só o que me faltava! Agora eu vou ter que economizar eus! Sei não viu! Estou começando a acreditar que tenho que me profissionalizar, fazer um desses cursos on-line de “como satisfazer o seu cliente”, ou “como ter sucesso nos negócios”. Algo meio passo a passo, auto-ajuda disfarçado, feito por consultores licenciados. Tudo isso para ver seu Catho.

Ai ai. Subjetividades, diferenças. Estou impelida a acreditar que a minha constituição é de cebola, como fala Jurandir. Cheia de camadas, e, como diria Freud, de núcleo vazio. Desalentador. Nem um núcleo, nem um “eu verdadeiro” eu tenho. Desfaço-me das minhas camadas de ignorância e não chego a lugar nenhum. Não sou um “sujeito em si”. Ah, mas a pragmática diz que eu tenho um sentimento de “mim”. Está pensando o quê? Eu tenho meus artefatos. Sou pronome pessoal do caso reto, com nome próprio e predicativo característicos. Né pouca coisa não. O meu eu ainda é performativo. Estou constantemente retecendo a minha rede de crenças e valores. Acabo virando pedaços lingüísticos, mera configuração semântica. Ou seja, ou me encontro, ou me apago.

Encontrei-me. Perdi-me. Me escrevi. Me apaguei. Orgasmo, frigidez. Amor e ternura. Traição, perdão, loucura. Inverno, Adriana. Inverno. Vamos embora eu e você e deixemos a culpa. Sabemos das nossas restrições, precisamos agora conhecer o nosso ilimitado. Estamos investindo no fim ou nos enganando com o reconfigurar do afago? Adriana – apresentada pela mama, me ajude mais uma vez: “eu sou eu, você é você, e nós dois juntos somos dois. É só somar. Eu vou pra cá, você vai pra lá, mais tarde a gente se vê. Você faz o que quiser: Cinema, teatro, boteco, futebol, o controle remoto é todo seu”. Pensando melhor, seu não, meu. Dá pra cá, que eu quero zappiar. Comediar, dramatizar, dormir ao teu lado, te abraçar. Encosta aqui que o cansaço é grande. Chegou a hora de dormir, sonhar, e vê se o amanhecer acalma a tempestade e nos traz um novo horizonte. Até porque não quero ser mais a “amiga semi des-in love” delirante.

No fim das contas, você sabe, isso é apenas o amor. "O ridículo da vida"!

|
0
Posted by Eve Rojas on 7:07 AM
 

|
0

Economia dos Sentimentos

Posted by Eve Rojas on 6:42 AM
“Love is too young to know what conscience is,
Yet who knows not conscience is born of love?”

(William Shakespeare, Soneto 151)


Bem que eu queria saber implementar a moral economy de Bauman. Eu queria ser o sujeito auto-centrado, afeito a mudanças, sempre atento a balança comercial, àquela relação “custo/benefício” que tanto anima os empresários. Bauman ensina: quanto maior o envolvimento, maior os riscos. Exija espaço. Distancie-se dos outros. Corra dos abraços apertados. Isso tudo se você quer ser um sujeito de sucesso e não um outsider do mercado. Porém, nesse mercado amoroso eu não quero ser produto nem consumidor - alienado.

E aí entra o contraponto e o ponto de confronto da exclamação. Se você não constrói uma marca, corre o risco de virar mercadoria barata; e isto significa mais adiante, se tornar uma pessoa descartável. E então? O Que fazer? Alguém quer ser a liquidação de verão do outono passado? Eu que não quero. Portanto, o nosso produto tem, em tempos de produtos da china, que passar confiança, tem q ser o próximo McDonald’s do japão.

Não sei você, mas acho que estou fadada ao fracasso mesmo. Do McDonald’s só como a batatinha e tomo shake - e ainda estou de dieta! -, ou seja, não amo muito tudo isso. E dizem por aí que para o sucesso, o amor é a melhor estratégia. Mas, vem cá, alguém por acaso sabe qual é a melhor estratégia do amor para um discidente de Bauman? Eu lembro apenas da lógica sacra. Aquela que diz que perdoar é um exercício de amor. Todavia não sei se essa lógica é resquício da moral cristã que ainda permeia a minha constituição, mero egoísmo, ou burrice em alto grau. Acho que é parte da sabedoria popular que diz que a vida é um bumerangue. Do jeito que você joga, volta para você. Embora haja no caminho de volta alguns percalços. A gente leva uns tapas, umas rasteiras, que não faziam parte do combinado. Como saída – ou como pena –, Eu transformo a dor de amor em uma metamorfose íntima. A evolução, o caos e a ponte de safena.

Os dias seguem assim. Tudo depende da imaginação e da capacidade de quebrar com a rotina. Romantic love X Market forces. É a mutabilidade, inconstância e efemeridade da beleza, do amor e da vida, junto aos estragos causados pelo tempo. And all in war with Time for love of you, As he takes from you, I engraft you new. And sorrows end.

Quem dera fosse assim tão fácil acabar com o sofrimento. São mudanças inevitáveis. Falta-nos saber como reinventar o “nosso” amor, implementar estratégias discursivas talvez. But one is able to adopt the strategy of a lover only when not in love.

E não sou Shakespeare dedicando sua obra ao Conde Henrie. Não estou a procura de melhorar minhas credenciais sociais. Mas “O amor que dedico à Vossa Senhoria é infinito: dele, este Panfleto sem começo é tão-somente uma pequena e supérflua Porção (...) O que fiz é vosso, o que tenho a fazer é vosso,sendo parte de tudo o que tenho, dedicado a vós”. Thoughts of love. Just thoughts of love.

Eu não sei se é excesso ou falta de self-love, eu não sei usar estratégia e talvez eu descubra que the joke was on me. Não importa. Sei que tínhamos na verdade o nosso pilar mais cobiçado. Tínhamos no olho o entendimento de qualquer ato. Tínhamos na pele o desejo mais ardente, na cumplicidade o valor da eternidade, na alma a certeza da reciprocidade do ser amado. E o nosso sonho não se perdeu. Nem Charrière poderia ser tão farsante. Fairest creatures. Fairest Love.

Contudo compreendo a necessidade de liberdade tanto para mim quanto para ti. Quero poder ir e te deixar ir, quero deixar de parar, de me aliar sempre ao teu olhar. Se um dia voltar é porque nos conquistamos, se partirmos é porque nunca nos possuímos. Assim, simples como um clichê.E agora, é hora de partir. So, pass me by.

Some things in life may change but some things they stay the same. I’ll be fine. Just give me time. Some thing broke down the other day…you know.

|
2
Posted by Eve Rojas on 2:37 PM

... Posted by Picasa

|
0

OUTONO CHRONIC

Posted by Eve Rojas on 1:53 PM
Chegou o Outono para o Hemisfério Sul! No Brasil, o flash de notícias anuncia em rede nacional: “Estamos oficialmente no outono”. Se, estão a dizer, quem sou eu para duvidar. Na verdade não estou duvidando não, estou só por parodiar. Outono...Depois do calor, a tão esperada brisa fresca. Depois do plantio árduo, a tão esperada colheita. E armazene viu! O inverno já chega, anunciado por aquela mesma brisa fresca.

Maçãs na mão e folhas ao chão. A gente se dá uma trégua colhendo os frutos e as folhas caem fertilizando a próxima plantação. As folhas do outono e a brisa vão brincando, tornando a queda suave, enganando a morte, transmutando tristeza na alegria do fanfarrão. O problema é que enquanto uns comem e outros desfrutam da brisa, a chuva inunda, destrói, revira tudo; em outro ponto da cidade compondo a realidade do caos. A lógica do caos, sim porque o caos também tem uma lógica e mais, tem um propósito. O objetivo é abalar as estruturas, perverter a moral, resignificar os conceitos, abolir os limites e deixar ser o sujeito.

Tudo isso é culpa do tempo. É do tempo mesmo. Daquele senhor das horas, que tudo guia e tudo resolve, que só existe para a sociedade esquizóide. O cônsul passa a ser consulente. Desce ao status de mera construção social. E haja mutações. Primeiro era sacro, depois virou profano. Era cíclico depois virou linear. Era histórico, e virou Humano. O tempo e suas transformações, atropelos e desencontros. Faz a gente perder o rumo, faz a gente correr atrás do absurdo, evoca o amor e nega o perdão, embora, na contramão, nos dê a dádiva do recomeço.

Eu queria mesmo era poder culpar o tempo. Mas é engraçado como a gente faz escolhas na vida e na maioria das vezes não pára para pensar em como tomamos cada atitude, no que há por trás delas, no porque das coisas. Talvez seja um mau hábito meu que alguns chamariam de mau dos intelectuais que a tudo querem explicar e abarcar. O pior é que sofro mesmo de muitos maus da intelectualidade sim, mas este? Não. Até porque não o considero como mal. Vejo-o como uma busca pelo “Eu”, pela verdade de si mesmo. Uma aventura ingrata, doída, mas necessária; posto que conhecer a si mesmo nos permite ser mais completos, verdadeiros e capazes de amar com plenitude.

Mas nestes tempos de narcisismo, de performance, de imitação; eu me pergunto, e a aura Benjamin e a aura?É só mais um simulacro, responde Baudrillard. É, a invenção do real. O irreal se apresenta mais real do que a própria realidade. Kumar que me ajude! Para o caos, para a saída! Eu quero Shakespeare com seu horror ao moderno! Eu não quero grandes narrativas, eu quero a minha metanarrativa. Quero o universo que era meu, que era nosso, de volta. Quero a minha redoma. Alguém me chame um restaurador! Ou seria um investidor? Ou quem sabe, um psicólogo do amor? Não sei. Eu estou na minha própria confusão super hiper pós-moderna. Tudo tem sido fluido, complexo, inverso, desconexo e contraditoriamente, – ou pós-modernamente – eu só quero uma cama quente para repousar.

Fumo três cigarros, para não dizer teus cigarros. Para te tirar de todos eles, para aprender a relaxar. Para deletar, acender, reviver e recriar tuas lembranças. Revisito Frida Kahlo. Jamais teria a coragem, a ousadia – ou a fraqueza, dela. Aceitar a proposta de Diego Rivera? Estou a quilômetros da história. A lealdade a mim é peça mais cara, mas faço do meu respeito próprio o ponto de partida e o limite. Mesmo assim celebro sempre o amor. E viva Kahlo!

Ok, ok, ok! Opto e optarei sempre por amar para além do que é tão somente belo. Porque busco compreensão, porque lembro do respeito, do compromisso – talvez esquecido – de amor expresso na alma, na pele, no olhar e continuo a dialogar. Estou certa que o perdão é um dos caminhos para a plenitude do amor e da felicidade. Mas não basta apenas saber perdoar. É preciso saber pedir perdão. Arrepender-se requer mais do que tristeza diante do erro e autopenitência. É preciso abandonar, confessar o erro e tentar repara-lo. – E isso ainda é tudo fruto da minha ética cristã! – É preciso querer mudar. É preciso ter coragem para aceitar quem se é, saber o que quer, assumir a responsabilidade, reconhecer a verdade e mudar. Ser honesto e integro, reconhecer os seus sentimentos, escutar seus medos, livrar-se de tudo que faz mal, curar feridas, ser responsável consigo mesmo, perdoar-se.

Cheers Darlin! Algumas frases são ditas ao acaso, outros por agradado, outras por revolta, outras para o mais idiota. Circulam, transmutam, desaparecem. Na verdade eu queria mesmo era ficar a noite inteira, contando casos, besteiras, rotinas e aspirinas. Colecionar tuas bobagens, teus sorrisos, deixar escapar segredos, trocar frases de sono, frases insones, te dar o meu ombro, respirar segurando a tua mão. Já sei, já sei. Eu estou misturando. Cazuza que me permita, eu só “preciso dizer que te amo, te ganhar ou perder, sem engano. É que eu preciso dizer que te amo, tanto”.

Eu não tenho medo de dizer, eu não tenho medo de sentir. Se o vilão é o tempo, ele que consiga nos afastar sem “Se”s.

Bom, pelo menos chegou mais uma estação.

|
1
Posted by Eve Rojas on 5:08 PM
  Posted by Picasa

|
0

Só porque eu sou peculiar

Posted by Eve Rojas on 5:02 PM
A terapia cognitiva vai afirmar que cada indivíduo "percebe" e "interpreta" a vida de um jeito único e idiossincrático – aliás “idiossincrático” é uma palavra bonita. Tenho uma amiga q adora usa-la e outra q tem dificuldades para entende-la, mas sigamos –. Pois bem, o indivíduo passaria então por um processo de aquisição de “lentes” que permitem a ele vislumbrar o mundo. Tais lentes têm seu grau diferenciado, possibilitando uma visão construída a partir das crenças, juízos de valor, que é adquirida através de experiências dadas ao longo da vida.
Lentes... O problema é que minhas lentes naturais vieram com defeito, me deixaram meio míope, e para piorar, como o fabricante não me deu direito à troca, tenho que me contentar com uma visão temporariamente limitada por óculos que a tornam quadrada! O q me faz por vezes perder o foco e a minha cena real acaba sendo mais relativa do que um filme de David Lynch. O que não quer dizer que eu não goste do relativo, pelo contrário. O único problema é que vez ou outra, pego o ônibus errado ou perco a parada. Mas se certo ou errado, moral ou imoral; são meras construções sociais cujo entendimento só pode ser alcançado por meio de uma relatividade, resta-me escolher entre o veneno ou o antídoto – ou entre, como diria Zé Orlando, “o pior e o menos ruim”.
Pois é, eu e a minha falta de absurdo. Ultimamente tenho pensado que talvez eu deva apelar para as mais diversificadas ferramentas de ajuste cognitivo como os ‘registros de pensamentos disfuncionais’ (J. Beck, 1997), as técnicas de ‘reestruturação cognitiva’ (Beck & Freeman, 1993), o processo de ‘identificação das crenças irracionais’ (Ellis, 1988) ou toda e qualquer uma das técnicas que prometem a correção ou substituição dos padrões disfuncionais por padrões mais funcionais do pensamento. Acho q estou entrando em um processo neurótico, psicótico, patológico, sei lá. Minha terapeuta que me segure antes de eu saltar!
Na verdade já pulei. Sempre pulo, só pra sacanear com quem diz que não vale a pena o risco, e é melhor deixar pra lá. Acomodação não é para mim. Não quero copo meio cheio, nem meio vazio. Quero ele transbordando. Meu ideal é exagerar. Mas como se trata apenas de “tipo ideal”, ele cheio já dá. Tudo sempre vale a pena e a minha alma não é pequena, né não Pessoa?
Nesse meu tempo de desconstrução, eu quero é preservar(!) a minha alma afeita a mudanças, ao contraponto e a mania de criticar. Todavia a rota do conhecimento, o único caminho que legitima o duvidar, é o mesmo que ao longo dos anos faz a gente se tornar o conservadorismo sentado na cadeira do vovô, em frente a janela a contemplar.
Eita vida insana. Têm horas que o relativismo me dá náuseas e eu clamo pela simplicidade do Carpe diem no ar. Meu Deus! Existe apenas uma única estrada e somente uma, e essa é a da verdade da minha alma. A estrada que eu amo, que eu construo, que eu escolho e me sei guiar. Quando trilho nessa estrada as esperanças brotam, o sorriso cobre o meu rosto e a calma me toma devagar. Dessa estrada nunca, jamais fugirei. Sou fiel e leal a mim, e Bauman que nem se atreva a me questionar. Sou insensata mesmo, me lanço inteira e aposto todas as fichas novamente se precisar. Sou outsider do mercado e a economia moral, com sua balança comercial, que se *&¨$ para lá! Vou dar abraços apertados, vou assumir compromissos, vou me deixar apanhar. E mesmo que os bem sucedidos, os especialistas, da modernidade “tolhida”, apontem-me como “Fracassado”, “Idiota”, eu não vou fugir, não vou desistir, vou continuar a gritar: Eu te amo!Eu te amo! De verdade, pra sempre, enquanto durar. Porque não adianta distorcer a verdade, não adianta querer camuflar, o destino dela é tomar as estrelas e se deixar mostrar.
É isso aí, meus pensamentos estão desajustados, minhas escolhas são confusas, e eu tenho uma tendência ao fracasso, sabe por que? Porque perverto a moral dominante e ouso criticar. Pois que seja. Caminhos pré-determinados, a muito seguidos – sinônimo de segurança, não me estimulam. Prefiro o risco, prefiro criar. Probabilidades, alternativas, escolhas, quedas, sofrimentos, perdas, equilíbrio. Reich que me perdoe o abandono ao equilíbrio. O equilíbrio é pouco. Eu quero tudo, quero conhecer a maior das dores, para poder reconhecer a maior das felicidades quando eu estiver lá. Sem sacanagem, e isso é só porque eu sou peculiar.

Obs.: Eu disse eu? Na verdade quis dizer você, quis dizer nós, quis dizer todos. Ou ainda... a geral é peculiar!

|

>

Copyright © 2009 PASSIONATE? All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive. Distribuído por Templates