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Entrelinhas

Posted by Eve Rojas on 8:18 PM

Separação gradual ou rompimento de súbito? Existem perguntas que se esgotam ridiculamente em si mesmas. Doce, doce pragmatismo, matéria inerte a obstruir as artérias. Fórmulas sem significados, idéias sem luz, sentimentos de supermercado. É pista ou é compasso? Eu só queria manter meus pés sobre a trilha apropriada. Teu movimento era diferente, o meu lugar incomum. Descendente, ascendente, honrada e desavergonhada. Montanha russa para quem deseja uma viagem segura pelas estradas sinalizadas. Sem pontos acidentais construí um novo referencial. Com o instinto purificado, rompi o teu padrão, ofereci solo firme em nuvens do imaginário. Para não perder o ar de conto encantado. Essa tua essência tão rara! Parcimoniosa adentrei o teu vilarejo. Receptiva abri as minhas portas. Fomos hóspedes mas ninguém ficou. Enquanto desejavas uma vida, eu queria desfrutar incólume o instante. Entretanto te avisei, saber que as flores murcharão nunca me impediu de cuidar do meu jardim. Na nossa lista de verdades o último contemplado foi o amor. Culpa dos nossos profundos desencontros desconcertantes. Erro da sintonia, desajuste de frequencia. Formas estúpidas de amar. Provocar, querer, provar, incita, mas não indica futuro no desconhecido absorto. Olha para mim! Lembra? Teus olhos nos meus são o que importa. Olha para mim! Aqui, só para mim! Te pedi tanto e devo ter desaparecido entre o teu copo e uma balada, entre uma e outra metáfora. Relembro incessantemente o nosso primeiro beijo me deliciando na descoberta, no experimentar do sabor de um sentimento tão unicamente nosso e na tua entrega ,naqueles segundos, sem reserva, em meio a tantas regras. Tudo se transformou tão rápido, o fim, figurante, se estabeleceu como coadjuvante e ganhou sozinho o prêmio principal. A tua razão não encontrou nenhuma para confiar, a minha paixão não encontrou nenhuma para se entregar. O amor permaneceu nas entrelinhas. Faltou olhos para ouvir, ouvidos para ver. Tua razão passional, guiada pelas perspectivas traçadas com os lápis do teu passado, me machucou. No espelho que vislumbras, não sou espectro de ninguém, só reflito a mim. Nada pode prosperar no deserto da desconfiança. Não tenho o ato de representar, tenho apenas a primazia de querer e de ser, eu mesma, sem fantoches. Mesmo diante das lógicas ficcionais e dos ordenamentos caóticos, te quis. E assim o soube desde o momento em que te vi. Talvez o erro seja útil, talvez hajam razões vitais. O indefinível que nos uniu, ainda me mantém ligada a ti. O sentimento é imenso, por isso num ato de fragilidade clamou por ser nômade, embora, dos exercícios de adeus, cansado esteja. Vou-me. Te levo leve e sublime, sobretudo nos detalhes inesquecíveis, aqueles de frações de segundo. Choro a minha partida, lamento a prematura despedida. E rezo, agradecendo a dádiva da tua companhia. Pedindo a felicidade nos teus, nos meus, próximos dias.

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Desvela, reprime, deseja.

Posted by Eve Rojas on 7:28 AM

Estrada sem caminho para um eu obscuro quando a dor é a primeira a amanhecer. Já abriu os olhos e encontrou ao lado direito da cama o sofrimento, o espelho do imaginário real da tua cor? Abre os olhos! Tristeza é sonho, o fantástico do teu penar querendo colo no leito da tua paz. Acorda! O sol brilha invadindo o teu quarto com o furta-cor da plenitude. Levanta! Experimenta vadiar. É vadiar. Um dia inteiro sendo parceiro tão somente do teu prazer, desfrutando do fútil e do volátil. Sendo o terceiro de si para o mundo e o primeiro para tua verdade egóica. O sol indica a rota e lembra o quanto me traduzo nas gotas de suor do teu corpo, tão minhas. Desejo o instante seguinte e o agora como se fosse o último possível para o presente de ti. E é. Quero. Quero mais, para além do ontem que não tenho, tive ou fostes. Se fico, acredite, simplicidade. Fecho meus olhos e sabes. Sabes que estais comigo.Entretanto sendo meu destino fácil, encontrar pode ser acaso, mas ficar é escolha.

_Clichê_ clichê_ Clichê_.

O óbvio é tão exaustivo...como me cansa!

Acho que tendo a concordar quando dizem que somos desejo excessivo. Resistimos e quereremos mais. De mãos dadas com a ambiguidade, equívoco ou inequívoco, sempre em busca do febricitante. Promovo e vislumbro o flerte, o encontro e a fusão promiscua do desejo natural com o artificial. Por que? Não se pode negar desejo, não há cura na negação do desejo. Olha aí, Schopenhauer aconselhando. Eu tenho um desejo de luxo: o desejo imediato. Que faço? Instinto ou sobriedade? Adoro a plasticidade: móvel e reciclável. Os estáticos, imutáveis e insípidos prazeres sem graça não me servem. Eu sou aliada do deslumbramento. Ardo insone antes que a febre passe. Mas digo não a satisfação momentânea ou ao masoquismo aniquilador, a diferenciação é explícita quando o meu desejo é livre, constante e mutável, nunca perverso. Não possui componente alergênico é biodeagradável e autosustentável. Meu Deus, será que caí na armadilha do seguro e do politicamente correto? Não! Eu sou o “sim” que se abre para o universo e responde eticamente ao chamado do outro. Das raízes do meu ser irrompem passagens, é a força da vontade obstinada e ilimitada a favor do meu tornar-se. Meus atos são deliberadamente controlados, direcionados às escolhas alternativas, ao “sense”, “no-sense”, do meu senso incomum. Sim, mas por onde anda a liberdade no controle? Ora, transcende o óbvio. A projeção é ideal e paradoxal. Surpresa sem culpa diante da descoberta da nudez. Nudez sim, entretanto não é desnudar-se simplesmente. É compartilhar, sem altruísmo auto-enganador. Ah, esperança propulsão do desejo! Me deleito sem espera, não me privo do presente. Minha escolha pode até ser incerta mas minha satisfação é imperativa. O ímpeto do sublime abriga o desejo e o que era cálculo enigmático agora é equação simples. Ato. É a beleza do agir próprio da inocência infantil ignorando o medo, o normativo, o conhecido. Eu te vejo sangrar...por que é tão difícil admitir que queres mais uma vez? Eu amo pessoas, rótulos e jogos não me interessam. Eu te levo para casa. Não há culpa no prazer, não há amarras nem pavor paralisante, só liberdade para o corpo cativo de uma alma racional. Conhece a ti mesmo, respeita tuas virtudes e vícios, sem máscaras ou substitutos. Deleite-se na capacidade de sentir, nas sensações que conduzem a tua natureza divina. Deixa a tua alma tocar-se, meditar para si, encontrar o que busca e experimentar o que quer. Eu estou aqui “as strong as you are”, querendo vivenciar, contigo, os tempos mais altivos, decididamente mais soberbos.

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Desabilitando "o incapaz"

Posted by Eve Rojas on 10:04 PM

Um de muitos drinks hoje e eu sinto a tua falta. Quem dera fosse os drinks e não aquele espaço tomado por ti. Eu falo, sou direta e tu a querer saber qual é a droga. Eu poderia fumar mais um cigarro... Mas não se engane, não é um vício, não ainda. Quem já caiu, levanta, anda, ao menos com a certeza de que não tropeçará na mesma pedra novamente. Não guarda as palavras na tua boca, não escondas entre as entrelinhas. Diz-me o teu nome, manifesta a tua verdade incompleta, compartilha a tua confusão planejada. Onde o silêncio habita em companhia do embaraço, do medo, do indeciso, para com e além disso, eu espero que haja um você. Nenhum sentimento expresso, nenhuma oração clamada é desperdício. A gente se constrói a cada salto dos penhascos. A coragem de saltar pertence a poucos, assim como a de levantar ou admirar a beleza do salto. Aprecie a viagem e seus desafios ao novo, ao invés de permanecer vagando entre os restos de um passado que reaviva os cortes e te estanca. Eu não vou escrever para tu ficares, pois haverá sem dúvida outras a fazê-lo no mesmo instante. E eu preciso de um motivo melhor. Amores possíveis inesperados. Possíveis e não previsíveis. Eu vou, não fico. O anterior se articula tão somente com o que já desapareceu. O meu ciclo é de possibilidades e não de necessidades. E aí se faz a realidade viva numa relação dialética entre parar, prosseguir, conservar, integrar e refletir o presente. Seguir. Mudar. Equilibrar-se. Articular as solidões. Hora de renunciar o amor de ilusões, das construções fantásticas e ideais. Chega de arrumar o quarto para quem não vai voltar ou nunca vai existir. Acorda Alice! Olha lá o enigma claro! A alma simples e o amor maduro. Alice continuará dormindo enquanto eu, semana após semana, dispenso os imperativos e o “may and may not”. Prazeres ao vento onde o meu desejo navega, e controle ao chão onde os meus pés tem porto. É preciso reconhecer a morte inevitável das coisas sem no entanto perder a ternura. Fugir, escapar, mas apenas das limitações impositivas em um presente de mundo que faz a vida fugir de si mesma. Inspirações no vivido, estados perceptivos, encontros com o seu “eu” para ultrapassá-lo e encontrar o inédito das sensações do que se experimenta e sente. A essência não é literária, a criação é alternativa. Para lá do visível, do além e seu exterior, venha ser os olhos que transbordam de visões no meu oceano íntimo e o oásis que refresca o meu deserto particular. Alguém há de chamar de ficção, paisagismo literário mas o nós saberá da expressão do tempo puro e do sentimento exato na sintonia do real. Eu apenas passo por ela. Ela apenas passa por mim. Sempre há, tão somente, duas escolhas claras: Ir ou ficar, entendendo, é claro, a transmutação do universo do significado. A sua era clara e se tornou obscura, a minha era fácil de descobrir e tu perdestes. Haverá tempo? Não sei. Contudo é hora de olhar um para o outro, quem sabe outros, e reinventar a si para um possível “nós” imprevisível. Procuramos um, falta-nos um, viva sem um! Eu vivo comigo. Na minha verdade sem invenção poética, minha criação sem figuras de linguagem. Sem críticas em demasia, sem falsos dilemas, sem acordos semânticos mas com muita intensidade rítmica. Do outro lado do muro, o invisível, o indizível, o inesperado... suspender-se ou pular o muro? Diante das paisagens nunca vistas, tensão e desequilíbrio dão lugar ao revelar de uma nova sintaxe, o estrangeiro é sentido e expresso em nova linguagem, do sensível à carne.

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Rotinas e inter-fluxos

Posted by Eve Rojas on 6:17 AM
Acasos nunca ocorrem por acaso. As surpresas do destino, guiadas pelas vibrações intermitentes do universo, são exatas. Só causam espanto a nós, mortais, em toda nossa esnobe limitação da consciência. Expansão, atração, repulsão. Os encontros são únicos, uma combinação perfeita de movimentos. A cada segundo damos um pouco de nós, recebemos um pouco do outro. Equilibramos nossa existência. Nos encontramos, nos perdemos. Colidimos. Num instante o emergir daquele incontrolável súbito desejo impensado, por vezes proibido ou mesmo recatado. As estrelas se alinham, os passos se encontram, as palavras se tocam, as bocas se entendem, os corpos fantasiam. Êxtase. Depois de muitos cigarros, copos, garrafas e alucinógenos, a realidade se impõe na simplicidade do beijo, mas já não somos capazes de reconhecer. O passado, a dor, a mágoa, a fuga, se refugiam na escuridão ofuscando o brilho do renascer das madrugadas. Não é necessário vislumbrar futuro com o instante, mas ir além dele. Reconhecer a fugacidade da vida, se aliar a ela sem se permitir escravizar. Cada pôr-do-sol é único, embora o sol continue a nascer todos os dias. A felicidade é uma escolha solitária que só existe no compartilhar do cotidiano. Rotinas e inter-fluxos. Quero meus olhos atentos diante do caos e do irracional, quero meu espírito indignado e quero reconhecer sempre os dardos irônicos. Ah, admirável harmonia do universo! Quão ultrajante és! Enquanto te deleitas em possibilidades, nos ofereces apenas as vias do fatalismo ou do otimismo. Eu escolho a fúria de negá-las! O meu bom senso é sem razão, a minha razão é passional e minha paixão é fria. Mas sem limites, posso ser também o inverso e o verso de todas elas. Vou do infinito a unidade, da unidade a variedade, da variedade a existência completa, do todo ao nada. Talvez você precise aprender a “ser” sem precisar voltar, se perder sim, provar, continuar e vir a ser “sem novamente”. Regras são criadas para se subverter a ordem e os cortes acontecem para regenerar a pele. O antigo dá lugar ao novo mesmo sem se reinventar o mecanismo. Tua alma é ativa e perceptiva não precisa voltar diante da subversão, mas seguir a potência espontânea do melhor. A beleza do raro não precisa do inteligível, só do sensível anulando a dormência da compulsão. Um dos personagens da obra “Cândido”, de Voltaire, se questiona: “será que há algo mais tolo que querer carregar sem trégua um fardo que sempre poderíamos jogar no chão? Sentir horror pelo seu ser e estar apegada a esse mesmo ser?” E eu tenho que concordar. Chega a ser patético o ímpeto de destruição do humano preso em seus ciclos ridículos de culpa, fraqueza e auto-flagelação. Nosso tempo é tão curto e o jardim é tão grande. Cercados de grandes espíritos não há de haver espaço para a mediocridade. Saboreia o confronto, deleite-se nas possibilidades, transmute certezas em humor, incendeie os mapas e divirta-se com o desconhecido, estenda a mão ao outro e resgate a si mesmo, esbraveje, erre e amadureça. Troque a rigidez pela ternura, a culpa pelo perdão, a dor pelo aprendizado e ame! Os acasos são as vias de transformação que o destino nos reserva, disfarçados de “por acaso”, coadunados com os clichês, desnudam a sua mente e te desafiam a seguir. Siga e seja.

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