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No-man's land

Posted by Eve Rojas on 6:01 PM
Sou simplesmente uma mulher apaixonada, pouco engraçada e louca. Procuro me manter conectada e protegida do incontrolável. Preparo a festa, lanço os dardos. Braços abertos, comemoro o passado, o perdido e o presente que me assegura a existência por hora. Tentando entrar no mundo paralelo, queria poder te contar sobre tudo. Do que fomos um dia, da lua que não saiu, daquele pôr-do-sol, da estrela cadente que acabou de passar, do que acontece em cada instante. Queria te falar sobre todas as coisas do mundo. Assim, olha lá, como está o céu agora. Reparou nas flores que trago nos braços? Viu a toalha molhada, recorda o cheiro, o toque, a maciez do tecido? Queria te contar, mas as palavras nunca foram ferramentas fáceis de usar diante do insondável mundo dos sentidos. E eu só aprendi a lidar com a lavoura. Eu apenas planto sementes. E as plantei todas. Todas aquelas que tinha na mão.

Por que será que tu estás tão incessantemente na minha mente, porque será que te vejo tão claramente? Porque será que quando te sinto o conforto e o desconforto se torna uma zona única e descontínua? Estanho não é? Sinto-me como aquela criança no porta retratos da minha sala. Devo eu seguir em frente, rumo ao precipício, ou parar justo no limite para o salto? Eu apenas me deixo mergulhar.

És tu.
Se eu sinto medo?
Não. És tu.
Um bonde não sai dos trilhos, vacila. Enquanto eu? Eu os salto.

A imensidão acalma, a respiração regula. São movimentos íntimos e suaves, pequenas ondas que sobressaltam leves sob a profundidade da alma .Tudo é grande demais, tudo é sereno demais. Andar silencioso entre as árvores que crescem. Frutas vermelhas, roxas, espalhando o doce por entre o caminho construído pelo balé das folhas coloridas de outono. De repente se levanta o amanhecer dos girassóis por entre as gérberas, os lírios, as tulipas, as orquídeas, as flores silvestres...o elenco é tão suntuoso, tantos cheiros a completar o círculo atmosférico dos delírios. Admira-se o jardim, a visão de uma terra imaculada, onde a conquista e a construção parecem ser feitas a dois. Por aqueles que não pertencem a lugar nenhum até encontrarem o paraíso da simplicidade e da completude. É a hora na qual o coração se enche com a pior ou melhor vontade de viver. Mas é uma chama, tão somente uma pequena flama. Daquelas que antes de se deitar e mesmo ao acordar, uma brisa leve vinda de lugar nenhum pode apagar.

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