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Posted by Eve Rojas on 1:18 PM
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SELF-SURRENDER

Posted by Eve Rojas on 10:32 AM
"Maravilha do vento soprando sobre a maravilha
de estar vivo e capaz de sentir
maravilhas no vento -
amar a ilha, amar o vento, amar o sopro, o rasto -
maravilha de estar ensimesmado
(a maravilha: vivo!),
tragado pelo vento, assinalado"
Mário Faustino

Fala acelerada. Corpo desajeitado ainda desacustumado com a perfeição e o flutuante. Frio intenso. Está tudo bem? Está. Mãos geladas. Medo da morte. Percepção alterada. Acho q não estais bem. Eu estou bem. Talvez eu não esteja bem. Eu não estou bem. Eu estou bem? Está tudo bem, senta-te um pouco. Ah! Quão maravilhoso é o respirar. Posso sentir o ar me invadir e me atravessar. Estou tão bem. Que festa incrível. Quem são essas pessoas? Eu não as convidei a entrar. Escuta! Está tocando as minhas melhores músicas! E elas parecem tocar em mim, cada compasso, cada batida, cada nota! É! Deixa esse povo dançar. Meu Deus quantas luzes. Nunca vi tantos arco-íris. Tantas formas. Só eu posso ver, só eu posso tocar. Eu sou a melhor pessoa do mundo e apenas com meus amigos divido lugar. Queria tanto que estivesses aqui. Estou tão linda hoje. Queria poder te tocar. Ninguém me merece. Não suporto ninguém deste lugar. Vão todos embora! Não, não. Está bonito como está. Fiquem e dancem para o meu prazer aumentar. Só não me cheguem perto senão vou alterar. Água, eu quero água. Gelo também. Estou um pouco quente, minha garganta arde um tanto, dê-me tão somente para aliviar. Líquido fantástico que percorre o meu corpo, gelo que toca devagar a minha pele, mãos que me acariciam com tanto cuidado, como se sentisse cada poro da minha pele. Delícia! Que estado sublime! De repente atingi a completude. Estou plena! Mal posso crer! Passei tantas horas, tantas noites, a buscar! Neste instante, eu me basto. O poder é tanto, a felicidade é tanta! Quero gritar! Mas ainda há fantasmas a expurgar. Centro em um feixe de luz. Começam a aparecer algumas figuras, a muito conhecidas, em meio a um desfile de flashs demodè. Através de rótulos que anuncio, começo a eliminar uma a uma. Depois disso é como se desse adeus a todas elas ao mesmo tempo em que sofro a falta de algumas. Mas ainda assim é um adeus. Estou repleta. Nunca experimentei tanta felicidade. O frio está voltando. Minhas mãos estão geladas novamente. Meus pés estão frios. Meu corpo treme. Quero deitar. Vamos dançar? Não, não. Estais bem? Sim. Estou. Deixe-me aqui. Mas volte quando acabar.

Uma escolha. Pela falta de controle e disciplina. Satisfação da força vital que me impulsionou para fora da minha redoma diária. O Encontro. De um espaço de exteriorização para longe do campo de regulação que me envolve. Tensão. Entre o mundo interior e exterior. Colisão. Realização do eu. Descoberta, renascimento, surgimento, aceitação. Vivencia da minha realidade subjetiva através de uma experiência do “mal”, da transgressão, do rompimento com o conforto, da busca por um outro universo capaz de encaixar o meu desencaixe. Deparei-me mais uma vez com a minha singularidade e distinção. Por um instante pensei ter em mim toda humanidade. Ô egocentrismo!É, tenho mesmo e pareceu-me irremediável ao passo que me é tão cara a coletividade. Cultivei-me, entreguei-me, rendi-me ao self. Eis a minha verdade para além da máscara da sociabilidade. A felicidade suprema teve um preço. O dos tormentos. Mas até mesmo estes pareciam acrescentar ao prazer. Pelo caminho da extrema prosperidade, no limiar da dor, conduzi-me então. Senti-me quase um Sinclair de H.Hesse, em Demian. Frente ao horror e fascínio da descoberta da dualidade do mundo e de si. Vivi uma multiplicidade de desejos e de estados. Picos de angustia e prazer inenarráveis. Uma experiência fantástica do outro lado.

No dia anterior ouvi tua voz. Muito estranho. Não tinhas mais lugar. Instantes depois, minha temperatura subiu e meu corpo febril, cansado da inquietude, adormeceu devagar. No dia seguinte, em estado de graça, te vi vindo, aparecendo para mim a flertar. Tu agora tinhas lugar. Eu apenas queria dividir, compartilhar o prazer, te contar. Mas não fui a tua procura. Despedi-me de ti e voltei a me amar. Como quem descobre que tu não és o que eu preciso. Tu me ofereces uma montanha com um vulcão adormecido e eu quero a imensidão do oceano rumo ao infinito. Percebi que existem certos paraísos artificiais que nos fazem conhecer as nossas certezas mais reais. Nesta noite, tive a mais bela comprovação de que a felicidade é um atributo da alma de mil flores dos mortais.Tudo que se foi está terminado. Tudo que se foi está terminado. Não há mais lugar. That’s over.

E eu vou deixar de besteira e vou ouvir os conselhos de Hermann Hesse para alcançar o caminho da libertação , eram para Harry Haller, mas eu vou me apossar: “Em vez de reduzir o teu mundo, de simplificar a tua alma, terás de recolher cada vez mais mundo, de recolher no futuro o mundo inteiro na tua alma dolorosamente dilatada, para chegar talvez um dia ao fim, ao descanso”.

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Posted by Eve Rojas on 12:37 PM
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Sub specie aeterni

Posted by Eve Rojas on 12:19 PM
Para sonhar é preciso ter uma dose relativa de falta de senso, de desobediência à lógica cotidiana e de exercício das suas próprias leis. As leis primárias do desejo. Desconsiderando a realidade, tolerando as contradições, desconhecendo a temporalidade e buscando irrefreadamente a realização de seus impulsos. Livre de censuras e recalques. Apenas vive-se. E então nesse momento não existem mais sonhos, mas sim um novo configurar da realidade. Contudo nem todo desejo se remete ao terreno do real ou realizável. Como o homem nunca foi senhor em sua própria morada, não basta querer. Na cidade onde as idéias buscam sua expressão, o sonho, afilhado do inconsciente, oferece ao desejo, na casa do seu padrinho, a real ilusão. Ah, vida de neuroses! Funcionar, utilizar, competir, comprar, pertencer, re-agir, racionalizar, virtualizar, vencer, se adequar! E quando não existem mais sonhos e os desejos são substituídos por pílulas do prazer que já não há? Presenciamos a aventura dos homens vazios à procura de saídas mecânicas para a angustia de subsistir na cadeia das regras sociais. Excêntricos robôs.

Ah, mas quem pode falar de realidade, ein Baudrillard? Se Nietzsche matou Deus, se a razão também morreu, e se o real é só mais uma cópia perfeita de um agora que nunca ocorreu? Nem mesmo sei quem ser diante do eu. Pessoas perfeitas, mundo perfeito. Positividade totalizante. Não faço parte desse planeta não. Meu universo tem dois pólos: positivo e negativo – e muito negativo por sinal, graças a Deus (!). Com astros inexatos, planetas incoerentes, estrelas de-cadentes, atmosferas fluidas, gases confusos, gravidade interativa, tempo/espaço alterado, elementos desunidos e interdependentes do acaso. Não é apenas caótico, é casual e despretensioso. Porque o ser é assim. Imperfeito. Por mais que o simulacro diga o contrário. Sim, mas entre realidade e simulacro, ainda posso falar na dissimulação do ser diante do fato. Ou ainda, nas conseqüências não-pretendidas da imperfeição. Consoante a Cioran: o ser humano seria capaz de realizar os atos mais nobres pelas razões mais vis. Eita vocação a miséria! Mas nesse emaranhado de expressões, estou aderindo a psicose. Como diria Hegel, na verdade é tudo culpa da linguagem homogeneizante. Mas eu não queria ser inteligível, só queria entender minhas determinações individualizantes. Diante disto, do todo e do eu, à beira do abismo do fracasso da significação chego aos escombros da minha própria existência. A luz que me vem da obscuridade de minha alma me faz olhar para o espelho, nua, sem mais ter como reflexo a farsa da inocência. Sou irremediavelmente finita e imperfeita. Que assim seja. Um “viva!” a transitoriedade que nos leva, a cada tentativa de fuga, ao profundo de nós mesmos.

Já olhou o pôr-do-sol, na sua praia preferida, no seu lugar predileto, com ou sem as suas pessoas escolhidas e percebeu, enquanto anoitecia, as estrelas surgiam e o vinho acabava; a efemeridade da sua vida? Eu já. E na contramão de todo argumento plausível, coerente, psicanalítico, sociológico, econômico ou político, eu recordo-me e só me faz sentido o poético de Clarice: “Sonhe”. Não se afunde nos charcos da existência. Não se torture, não se ressinta. Sonhe. Com tudo aquilo que quiseres. Seja. Sempre de acordo com toda a verdade existente em seu ser. Viva. Porque tu só tens uma chance. A receita de Clarice para a vida nos ensina: primeiro junte bastante felicidade até torna-la agradavelmente doce, acrescente dificuldades para torna-la forte, um pouco de tristeza para torna-la humana e ao final basta acrescentar esperança suficiente para faze-la feliz. Pronto. Ainda segundo Lispector, a felicidade só aparece para aqueles que choram, para aqueles que se machucam, para os que buscam e tentam sempre. Meio cruel isso, não é? Todavia sabemos nós no passo a passo da vida diária que o pêndulo é necessário. Ao menos a mim. Sendo assim, nas palavras de Luiz Fernando Veríssimo: “não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar”; viva intensamente porque a vida só vale a pena desta forma. Pelos momentos em que não sabemos justificar ou prever a próxima respiração e mesmo assim há algo que nos faz permanecer serenos. A vida é curta. As palavras se perdem no vazio do continuum. Os atos se apagam no caminhar da memória. Mas os sentimentos, as emoções? Ah! Estas se eternizam, no coração, na pele, na alma das pessoas. E eu sei, te fiz feliz.

"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro amanhã. Portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver."
Dalai Lama

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Posted by Eve Rojas on 5:05 AM
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Descobertas manifestas.

Posted by Eve Rojas on 5:04 AM
Relacionamento instável. Incertezas. Dores, mágoas, incompreensões. Níveis diferentes, buscas diferentes, personalidades distintas, vidas que não se cruzam mais. Meu Deus parece tudo tão óbvio agora. O nosso amor foi simples, fugaz, belo e completo como um arco-íris. Daqueles que aparecem nos dias de chuva para lembrar que ainda há colorido. A gente quer tocar, compreender, desvendar e ele se vai quando ainda estávamos por contemplar. É bem assim. Nada é por acaso e o destino é o dono do espetáculo. Foi preciso um anjo falar para me dar coragem, para me fazer aceitar o presente e direcionar minhas escolhas longe do passado. Grata sou pelo lindo presente dado por São Paulo.
Eu poderia optar pelo fácil, dizer que o amor hoje não passa de um impulso, de uma reação química qualquer, ou ate mesmo a satisfação ilusória de um ego inflado – ou seria inflamado? –. Seria simples dizer também que ele é algo que transcende a palavras, a conceitos, a racionalidade e remontar tudo a emoção, ao transcendente e ao não-palpável. Mas as polaridades per si não explicam nada. Tanto no céu quanto na terra há degustadores do pecado. E Amor é Amor lembra? “Feliz e forte em si mesmo”. Eterno, completo e intocável. Ai, às vezes eu acho que tu não compreendes o meu vocabulário. Deve ser porque eu que estou na contramão, na complexidade do ser e do fato.
Entre tantas rotas possíveis quero o equilíbrio do simples e do complexo, como se um não fosse ao mesmo tempo o outro. Consciência do sentir, expressão do sentir e integração; eis o meu caminho a seguir. Vamos ao que aconteceu. Autoconsciente e sem defesas comecei a me entregar a mim a partir da minha entrega a ti. Abandonei o reagindo para aderir a uma real ação. Optei por experimentar e experienciar os mundos possíveis, numa multitude de sentidos, num shake de sensações. Adulterei a ordem, corrompi o complexo, flertei com a simplicidade. Para preencher, aderi. A mais humanidade, a vida, ao viver, ao corte e a cicatriz. Precisei ceder, cair, me perverter, me transformar em inverso para achar o que em mim há. Ainda há. E eu estou mais uma vez na aventura ingrata de me buscar. Ao caos estou por atingir e esse mesmo caos tem me trazido de volta para mim. Pois é, o caos é criativo e agora, restitutivo! Transgressões... tenho cansado até mesmo delas, as ressacas orgânicas e morais, são tediosas. Agora não é o vazio que tem me incomodado, mas o excesso; então, mais uma vez, estou em outro extremo. Quero a liberdade, mas ainda tenho um senso de esperança. Quanto a nós? Ah. Já era. Foi bom, intenso, verdadeiro, mas minha origem cultural me espera! E são tantas surpresas que eu acho que vou embarcar em outro arco-íris ou em alguma estrela.

Reverências a Drummond ao afirmar que “o amor começa tarde” e “é privilégio de maduros”.

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Posted by Eve Rojas on 5:03 AM
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“SAY GOODBYE”

Posted by Eve Rojas on 3:47 PM
Dar adeus, despedir-se, renunciar. Ah, as imprudências do acaso! Rompeu o casulo. Deixou o estado de crisálida, abriu as asas, virou borboleta de aparência frágil, cheia de graça e beleza impactante. Podia ter vivido dias, semanas, meses... E assim o fez. Com a velocidade do seu vôo, deu adeus. As mariposas diziam que não valia a pena: – “Borboletas? Argh! Quem confia nelas? Uma vez lagartas, sempre lagartas. Eu não disse!”. Tolas. A inveja cegou as mariposas. A crença fez de duas vidas uma, nas asas de uma borboleta. Foram dias tão intensos. Conheci o mais belo e sua fugacidade, a maior das dores e a crueza do não-dito da verdade. Valeu a pena. Está tudo guardado. Na pele, no cheiro, no toque, no carinho, no cuidado, na chuva, nas ruas, nas canções, nos medos, nos desejos, no beijo, na cama, nos sonhos, nos planos, nos filhos, na família, no desperdício, no vício, no erro, no choro, nos mais sinceros sorrisos, nos silêncios, no sono, no banho, nos abraços, nos esquecimentos, nos atrasos, no sofá, nas surpresas, nas cartas, nas loucuras, na praia, no carro, no trabalho, na cumplicidade, no refúgio, na noite, no amanhecer, nos encontros, nas (in) compreensões, nas brigas, na química, nas desculpas, nas culpas, nos “Eu te amo”, nos “Eu não te amo mais”...NA ALMA.

Vita brevis Vita brevis. A única certeza que tenho é que vivi, sempre de acordo com as verdades que tenho em mim. Foi sempre assim. Talvez fosse perfeito demais para ser real, e como toda perfeição, não resistiu a prova. Doeu. E quase que a raiva me perverte a percepção, mas ainda posso e devo agradecer-te por ter me feito ver, viver mais a minha humanidade. Pode parecer bobo, mas obrigada por ter me permitido chorar diante de ti. A ti pode ter parecido tão somente fraqueza, mas a mim, fortalecia o intelecto, as emoções, me integrava. Eis o meu infinito particular. Ainda com Marisa: O que passou, a mim não calou; e o que virá – talvez – um dia, nos dirá. Este futuro não me instiga mais. O destino em conluio com tempo se encarrega e nos carrega para onde quiser agora, na verdade como sempre fizeram, aliados, a nossa livre vontade. Só pra ser sincero. Estou a desfrutar dessa liberdade que me destes, tenho gostado. Contudo saibas que eu posso até mudar, eu posso estar em qualquer lugar, mas tu ainda vens comigo aonde quer que eu voe. Se isso de alguma forma incomodar, se te incitar a me responder, me responda ao menos com a verdade do raio, mesmo que não consigas me mostrar o sol. Não me dê resposta pronta, não te adeques a mim.

Nestes dias de confusão nem pudemos dizer do amor, nem pudemos escrever sobre o amor, nem ao menos gesticular o amor; mas sei que pensando nele estávamos e levaremos muito ainda para deixar. Porque foi – mas como tu mesmo disseste que não fala no passado, é, um amor desesperadamente puro, desses que excedem os limites da normalidade e da palpável existência. Pretensão a minha de falar por ti? Talvez seja. Talvez fosse. Se não tivesses me dado a licença de olhar através dos teus olhos a tua alma; de me deixar ver as tuas máscaras e a tua face. De ouvir tua angústia em dizer “eu te amo” e tchau. Meu amor, infelizmente não há como dar rédeas ao imensurável. Talvez a vida nos permita uma última dança, daqueles em que o tempo pára, tudo em volta inexiste, e somos apenas eu e você. Apenas uma última dança. Porque você sabe, você sabe, você sabe...

Tu non lasciarme mai la mano anche se un giorno finirà.

Hold on to me and never let me go. Is hard to say goodbye but goodbye.

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Posted by Eve Rojas on 3:37 PM
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Que atirem a primeira pedra!

Posted by Eve Rojas on 3:08 PM
Gestos tolos. Atos insanos. Perversão da personalidade. Vexame perante os figurantes cujo nome não me recordo à face. LOUCA! Qual seja. Tudo para arrancar a sombra de um amor sem presente. Realmente louca porque jamais conseguiria manter uma personagem olhando em teus olhos. Estratégia imbecil de uma alma insone exausta da sua própria verdade que rendeu uma cena para aplausos irônicos e impressões de pouco valor, advindo de críticos desatentos. Hilário, realmente hilário. Hilário/insano, mas sem dúvida hilário. Eu perverti momentaneamente a minha personalidade, mas a minha moral continua intacta. Pouco me importa um júri leigo, me importa os personagens da história vivida com suor, com prazer, com lágrimas; na carne, na alma. Estes sabem bem do contexto, do pretexto, do texto, da essência deste ser que vos fala; e se mesmo estes duvidarem passarão também a ser parte do montante da crítica dos – por hora – indesejáveis. Contudo, ser previsível também não é adequado, decepcionar as vezes se faz necessário, ninguém precisa conhecer o meu tamanho exato. Se eu devo desculpas, é a protagonista. Se me envergonho é pelas palavras proferidas das quais não recordo. Amnésia alcoólica. Jamais pensei um dia vir a deixar de ser imune. Mas entendo porque ela me pegou. Analise comigo, depois de desconstruir tantos mecanismos de defesa, depois de derrubar tantas barreiras, depois de tanta terapia Reichiana, depois te tanto stool, como poderia eu além de ter coragem para cometer, assumir e relembrar a situação constrangedora vivida no dia anterior? Só mesmo utilizando-me do mecanismo de defesa, provisório, da amnésia alcoólica para evitar mais sofrimento. Todavia isso não foi uma escolha minha, isso é coisa do meu inconsciente, porque do sofrimento eu estou sendo parceira e não fugitiva.
Mas, abri os olhos, emergi do letargo, primeiro sem ver, depois reconhecendo a ilusão do simulacro, a verdade da culpa e o amor da companhia. Olhe os espelhos e sorria. Eu ainda tenho a mim, ainda me reconheço em mim, ainda tenho um “eu”. O meu. Reintegrado e consciente de si. E ah! O outro que tenha consciência do outro. Contudo, como nos recorda Machado: “sendo a relação entre o eu e o nós ativa e mutável, a sua estabilidade, uma vez abalada, não poria o ser humano à mercê do funesto desvario, campo de atração incontrolável, projetando-o na rota da fuga para o incomensurável?”. Dentro da perspectiva do profundamente humano, eu afirmaria que sim. Contudo, nada que uma dose de personalidade forte e amor-próprio não resolva. E indubitavelmente resolve.
O que eu quero? Apenas a chance de encontrar dias melhores. O que eu tenho? Fé. A certeza de encontrar e construir dias melhores. E está melhorando. Novos horizontes, novas perspectivas, novas surpresas. Gratas surpresas. A vida segue o seu rumo e como diria o popular: “A fila anda”. A dor desanda e até a uva, passa! Vixe que brega. Mas para combater clichê só mesmo mais um clichê. Ah baby, jamais negaria para mim, e acabei não agüentando e não negando para ti também. Ainda amo. Eu lembro do cheiro da tua pele, do brilho do teu olho, de todos os teus movimentos, de cada noite, de cada amanhecer, eu me lembro de tudo. Eu lembro do teu toque, das tuas mãos, do teu sorriso, do jeito que a gente ficava feliz em fazer nada, the way we make love. Tu sabes que ainda lembro. Eu ainda lembro de ti. Se aos olhos dos expectadores isso possa, mais uma vez, parecer forçação de barra; tenho a certeza que nós, protagonistas, sabemos do nosso eterno pacto de liberdade. Mas a minha busca pelo que se foi acabou. E até mesmo os teus chamados não ouvirei mais. Não podemos querer o que já partiu, o que já quebrou como um cristal; em mim, em ti, em nós. A nossa relação deixou de ser um prazer e nesses poucos meses tem se tornado um fardo, de dúvidas, de incertezas, de desconfianças, de cobranças descabidas, de vontades insanas... Este sim deve ser um sintoma patológico. A procura pelo nada, a vontade irremediável de reviver sentimentos de outrora. Todavia quero que saibas que, se havia a vontade de voltar no tempo para reviver, assim como tu; jamais a tive almejando voltar para consertar nada, ao menos no que cabe a mim. Nossa história veio como um furacão, e tem ido como um. Intenso, forte e arrebatador. Que assim seja. E tudo isso só cabe e interessa a nós. Que a alucinação do eterno, que nunca tivemos, desapareça e nos faça ver na dor, a corrupção da realidade. Que nos faça ver no futuro a esperança de dias, de sentimentos, de escolhas verazes. Que Deus nos abençoe e nos permita amar de verdade. Sancta Maria Mater Dei. Ora, pro nobis Pecatoribus. Amém.

Ah! Apenas mais um recado: Lembra-te que o amor é irresponsável, não honra compromissos, é impontual e mal-educado: não pede licença para nos invadir ou abandonar. --- Abraço.

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