0

Original do mesmo

Posted by Eve Rojas on 7:33 AM
Eis o assumir de uma vontade própria descoberta nos gritos surdos daquele quarto de noite, que nada mais era que uma vala de clemência. Se outrora vivi numa biblioteca as batalhas, as lendas e epopéias de uma vida que nunca o foi, há muito já conheço o toque profundo de quase morte da seta volátil de um Cupido. A antiguidade, a vivência do presente, só denota a pouca originalidade da vida que perde até mesmo para os mais desgastados contos de fada. O passado nunca me foi tão próximo. Eu me registro em mim e me recordo entre as letras que profano que talvez Camões tivesse razão: “A Poesia era coisa e Ciência de poucos eleitos”. Assim, expurgo ao menos uma das minhas culpas. Podes tu ao menos me olhar nos olhos? Eu vivo a minha humanidade entre os marginais, conheci Brutus como Herói. Para além do mar, acharás o meu ego, nos subterrâneos da terra o meu self. Quando pensares que desvendaste a charada da complexidade, te verás criança nos braços de Eros. Corre! Corre em busca da fragrância terna do amor. Para esta não posso mais. O olfato é para os sábios. Eu sou apenas contra a estupidez ociosa da ignorância que rodeia e assombra os ávidos que ousam ser. Quando seremos coisas que juntas se acham “raramente”? A minha alma é corpo e do teu corpo vejo a tua alma. Todavia, talvez seja eu apenas uma foz turbulenta que embala os sonhos de uma vida solitária, sem nunca deixar sentir a própria voz. Canto de exaltação, o eras. Pedra preciosa o fostes. Rima adorável, voz que fluía. Por onde anda o oráculo de onde o menino que quer ser rei pode tirar os ensinamentos para continuar a história? Sonho perdido. Atravessa as portas palacianas, te afasta do engenho. Não te ponhas escravizada sob a musicalidade superior de qualquer poeta. “Tudo o vento leva, só não a palavra gravada n’alma”. Gravada n’alma. Como cada reviver do sol ao teu lado, como cada toque revestido de paixão, como cada olhar que deixou guardado cada parte de ti. Me falta o tempo, me falta o mundo. As minhas letras são simples adornos para um fim que já não mais seduz. Te perdi em algum acaso, me perdestes pelo descaso. Em quietude, quisera eu ter as palavras, por toda parte e em toda parte, para te trazer de volta aos momentos de sublime alegria quando reconhecemos no amor o caminho mais curto para a felicidade e a desesperante loucura da saudade. Mas tudo começa e termina em Gaia: o “palco da maravilha e da miséria da vida”(Hesíodo, 8 a.C).

|
0

No-man's land

Posted by Eve Rojas on 6:01 PM
Sou simplesmente uma mulher apaixonada, pouco engraçada e louca. Procuro me manter conectada e protegida do incontrolável. Preparo a festa, lanço os dardos. Braços abertos, comemoro o passado, o perdido e o presente que me assegura a existência por hora. Tentando entrar no mundo paralelo, queria poder te contar sobre tudo. Do que fomos um dia, da lua que não saiu, daquele pôr-do-sol, da estrela cadente que acabou de passar, do que acontece em cada instante. Queria te falar sobre todas as coisas do mundo. Assim, olha lá, como está o céu agora. Reparou nas flores que trago nos braços? Viu a toalha molhada, recorda o cheiro, o toque, a maciez do tecido? Queria te contar, mas as palavras nunca foram ferramentas fáceis de usar diante do insondável mundo dos sentidos. E eu só aprendi a lidar com a lavoura. Eu apenas planto sementes. E as plantei todas. Todas aquelas que tinha na mão.

Por que será que tu estás tão incessantemente na minha mente, porque será que te vejo tão claramente? Porque será que quando te sinto o conforto e o desconforto se torna uma zona única e descontínua? Estanho não é? Sinto-me como aquela criança no porta retratos da minha sala. Devo eu seguir em frente, rumo ao precipício, ou parar justo no limite para o salto? Eu apenas me deixo mergulhar.

És tu.
Se eu sinto medo?
Não. És tu.
Um bonde não sai dos trilhos, vacila. Enquanto eu? Eu os salto.

A imensidão acalma, a respiração regula. São movimentos íntimos e suaves, pequenas ondas que sobressaltam leves sob a profundidade da alma .Tudo é grande demais, tudo é sereno demais. Andar silencioso entre as árvores que crescem. Frutas vermelhas, roxas, espalhando o doce por entre o caminho construído pelo balé das folhas coloridas de outono. De repente se levanta o amanhecer dos girassóis por entre as gérberas, os lírios, as tulipas, as orquídeas, as flores silvestres...o elenco é tão suntuoso, tantos cheiros a completar o círculo atmosférico dos delírios. Admira-se o jardim, a visão de uma terra imaculada, onde a conquista e a construção parecem ser feitas a dois. Por aqueles que não pertencem a lugar nenhum até encontrarem o paraíso da simplicidade e da completude. É a hora na qual o coração se enche com a pior ou melhor vontade de viver. Mas é uma chama, tão somente uma pequena flama. Daquelas que antes de se deitar e mesmo ao acordar, uma brisa leve vinda de lugar nenhum pode apagar.

|
0

Don't Weep.

Posted by Eve Rojas on 9:22 AM
Há dias em que tudo parece se encaminhar para a noção de desequilíbrio, descontinuidade, desarmonia e infinitude. Do molho agridoce ao sangue bruto. Nos momentos em que desafio a incerteza que abriga a certeza da dor. Nos segundos em que o pensar e o sentir, excedem o pensamento e se enunciam pelo grito expresso no silêncio do amor. Amor do impossível, da razão antagônica. Do fragmentar do eu à ascensão a subjetividade plena. Da mostra dos solitários sem-voz, dos personagens à margem do poder, aos desumanos e bárbaros de Eros.

Oh Deus, despoja-me dos invólucros frágeis da persona de mim, mas mantêm o escudo do outro desconhecido de mim mesma que ostenta o senso de orgulho e vergonha na cara.

Eu fui chamada e não soube como ir. Leave me out with the waste, this is not what I do? Eu tive a representação do sonho mais caro, da mão estendida ao tom mais docemente altivo, das palavras desconexas ao pensamento mais claro. E eu escolhi. Escolhi o desamparo. But Du I luv u. Vago pelas trincheiras noturnas do absurdo e só quero o amanhecer para te merecer ao meu lado. Entre os regalos mundados, entre todos os amores falsos, entre as promessas vazias, entre os cumprimentos sarcásticos, eu só quero teu colo, te ter no meu abraço.

Senhor, livrai-me dos caminhos da percepção perdida, que eu não chame miçanga de pérola, que eu não acredite em verdades inventadas, que eu não me enamore pela tristeza ou pela solidão, mas tenha coragem para viver a dor do êxtase da libertação. Que eu creia na magia, que eu creia no humano e lance flores ao vilão de mim.

Amor, calça o outro tênis, fica mais confortável. Adoro essa tua camiseta e esse teu jeans desbotado. Fiz o teu café. Mas antes vem cá, deita um pouquinho ao meu lado. Hora de ir? Já sei! Trabalho é trabalho! Pegou o usb? Hum Hum. E as chaves do carro? Peguei. Ei, ei, ei! Beijooo!!!Te encontro mais tarde no trabalho. Peguei aquela trilha longa do aprendizado. Do viver em mim, ao redor de mim e entre os nós. Abandonei a imoralidade de desistir de mim mesma. Tudo na ânsia de reproduzir o irreproduzível, sentir o sentimento sufocado, abençoar uma vida ainda não abençoada. Ser o excesso de amor de um bobo, ser um bobo com excesso de amor. Brindar aos goles de esperança, correr na chuva, abrir os braços, ser o próprio palhaço no meio do palco. Ser o fluxo e a energia, ser a força errática.

Multiplicam-se indefinidamente os espasmos e pulsações da minha alma. Sem generalizações ou reducionismos forçados sou mais disposição do que ato. Atos...pausa para reverenciar o transgressor tão amado. Contudo sigamos a rota da energia da embriaguez. Não sou resquício, sou o encontro do desejo e do indesejável. Sou mais consciência do que corpo, tão objeto quanto sujeito. Vou metamorfoseando-me. Nos prazeres da fantasia e das coisas do mundo, nas imagens espetaculares, nos rabiscos de guache, da intimidade à superfície. Eu sou ninguém. Não pertenço aos iguais que te rodeiam e tu temes. Temes porque também não és um, apenas te travestis de comum. É uma pena que te rendas a maldade inerente e renuncies a diversidade. Eu não tenho muralhas, minha arma é o caráter, a competência e a verdade. Sobrevivi a guerras de ódio e tolerância mas agonizo hoje com o teu tiro de clemência.

Pai amado, que a tua vontade em minha vida se faça mas se um dia me chamares como um dos teus, dá-me a honra de proferir e experienciar tais palavras: ”há o amor [...] que tem que ser vivido até a última gota. Sem medo. Não mata.”

Just do what you must do to find yourself. I hope you find a place where you feel... where you will... sleep...don’t weep.

|
0
Posted by Eve Rojas on 10:31 PM
 Posted by Picasa

|
0

Find out

Posted by Eve Rojas on 10:20 PM
"O afeto procede como a água que rebenta uma barreira, a paixão como um rio que cava cada vez mais fundo no seu leito. O afeto age sobre a saúde como um ataque de apoplexia, paixão como uma consumação ou atrofia. O afeto é como um intoxicante que nos faz dormir, ainda que seja seguido, no outro dia, por uma dor de cabeça, mas a paixão deve ser vista como resultado da ingestão de veneno..." (Ant, 7:252)

No chão com o meu mundo às avessas, sei que tu que estais a morrer e eu a dirigir a 200 por hora, querendo me afastar da destruição diária. Mas eu não quero partir, passar por caminhos que me lembram casa, mesmo sabendo que as luzes do Recife não brilham tanto quanto em Frisco. Conhecendo o peso das nossas asas, percebo que nenhuma resistência levará a distância suficiente. Eu voltei e bati na mesma porta por vezes. Chances vêem e vão. Eu vivi por mim. Sou do tipo amargo e doce. Senti que a dor pôde invadir os meus poros, mas preferi amar anjos ao invés de me acostumar ao abismo.

Todavia, Deus não me mande os seus, apenas me deixe encontrar o amor autêntico que liberta do sofrimento e conduz a alma ao banquete divino. Platão que me desculpe mas o desejo é essencial. Gosto das experiências contemplativas, discussivas mas adoro a prática, para mim não há tirania nos sentidos.Quero sentir e fazer sentir. Anjo só se for decaído ou a contemplar o meu destino. Não sou de engavetar os arrepios do sentir. Entre soluços e risos ainda reconheço a liberdade sendo a incógnita da próxima poesia inédita. Recuso caricaturas. Antes, vou rasgar todas as máscaras para admirar a verdadeira face humana e ter a certeza que nenhuma cor do arco-íris vai perceber quando a ilusão embora for. Viver. Consumir-me. Consumir-me no amor. Na necessidade que me devora. Perder-me. Nos outros, com os outros, em mim, para achar – a mim. Interpenetrar. Nas almas e nas inteligências. Viver.

Te vi.

Sabe aqueles encontros que parecem delírio? Sem palavras, sem toque, tão somente olhares. Aqueles segundos eternos de reconhecimento. De fato te encontrei em um deles, embora deva ter te criado em sonho, já que te moldas ao meu desejo. Não te oferto o amor de Grimal, o da "força perpetuamente insatisfeita e inquieta" mas antes o amor de Corintios com doses certas de concupcência. Contudo tu ainda me perguntas: como conhecer o verdadeiro prazer, a que desejos satisfazer e a que desejos evitar? Eu respondo: Quero você. Tu respondes: Poderei eu te ter? Tu vês a verdade na minha face. Evitamos os olhos para negar a ligação do espírito e da carne. Evitamos palavras tentando negar as juras de amor e proteção sob qualquer circunstância. Velhos caprichos da vida. Eu te levarei na minha alma da mesma maneira que tu me levas aonde vais. E tenho certeza que quando houver uma mão estendida haverá outra para segurar. “Dá-me a tua mão”. Adormeço tranqüila por todas as memórias que ainda vamos construir. Olho para os céus e tenho a certeza que seremos abençoadas. Entre tantas múltiplas aparências, eu encontrei a beleza, em sua única forma. E ouvi Emily a me dizer: A beleza não tem causa. É. Quando a perseguimos apaga-se. Quando paramos – permanece.

A solidão é a mesa posta a espera de uma visita. E o Amor? Duas solidões jantando numa mesa posta para dois.



|
0
Posted by Eve Rojas on 7:11 PM
 Posted by Picasa

|
0

Realismo fictício

Posted by Eve Rojas on 6:36 AM
E eis que estou eu a resignificar sem resquícios de significado.
Sabino, me conta! Onde está o valor das coisas? No tempo que duram? De certo que não.
Esta na intensidade com que acontecem, certo?
Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

Duas horas da manhã e eu ainda estou acordada. O telefone acabou de tocar. Hesitei. Mas a quem eu estava querendo enganar? É claro que eu atenderia. Foram dias tão intensos que acabaram por destituir a soberania do sujeito pseudofilosofante. Tu poderias me ajudar a resolver o meu mais novo engano? Descobri que o verão não é exatamente a minha estação favorita. No entanto, não negarei que tem a sua beleza, assim como não negarei o quanto eu a desfrutei, o quanto fui feliz e o quanto em dias nublados sinto falta.

Dias e noites quentes. Cores, estilos e luzes que despertam na pele o desejo. Sets múltiplos que não se comunicam mas se oferecem entre si. Ouvidos surdos à procura de vozes histéricas parar fazer os lábios sorrirem. Várias taças que esperam apenas um “sim”. Cigarros de cheiro e sabor, balinhas de todas as formas e cores, eis os brindes para aqueles que não conseguem dormir. Contudo, diga-me: O que realmente desejas? Eu trarei agora para ti. Pare de refletir. Esqueça as questões. Achou? O perverso e o descolado do ambiente. Estilo? Pose. Um campo de experimentação e nada além. Just let yourself go. Deixei. Put your feet up! Coloquei. Pois é, sobrevivi às estações. Longe da insônia te achei e lembrei de Drummond quando ele disse que o "eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos [...] e nenhuma força consegue destruir." Porque é real, porque é amor. Lembrei de mim. A partir de então o calor começou a queimar, o silêncio passou a ser música e... dormir? Só de conchinha.

Cansei da falta de convenções para a conduta dos falantes. Já me basta ter de aguentar a vida com a sua performance de ironias e sarcasmos. A ficção é feita de compreensão – palavras – e eu só quero contextos mais cotidianamente reais. Quero inventar um universo mas quero poder falar sobre o mundo. Quero a honestidade intelectual mas quero o reconhecimento “existencial” do ser. Não quero olvidar o meu corpo e empenhar o meu intelecto. Escolherei o academicismo e continuarei a falar espontaneamente. Não sei se me rendi à lucidez ou aderi de vez a loucura. Passei pelas portas do medo, do impulso, do lúdico, da culpa, do amor, do perdão, da dor, da maturidade. Alguns me alertaram: não se perca, não se deixe perder. Perdi o meu, achei um novo. Achei o nós e lá se foi o lugar da ausência.

Submersa em instabilidade, ausência de vigor e atenção. Amei os saltos mortais, os arcos incendiados e a domesticação do vento. Até tu me presentear a harmonia, me ensinando a praticar exercícios interiores. Mas entre ela e o mundo ainda reside o possível e o impossível.

|

>

Copyright © 2009 PASSIONATE? All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive. Distribuído por Templates