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Saudade e esperança sem data

Posted by Eve Rojas on 4:29 PM
Alguém sabe o que faz o nascer do sol se recobrir todos os dias com o manto da novidade? Como eu gostaria de desvendar esse segredo. Será que o que se sente nunca dura, o que se sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar? Será Clarice? Sempre os velhos arrependimentos, os velhos erros, a mesma ânsia de acertar. Sigo aprendendo a caminhar, como se cada passo fosse dado pela primeira vez; ainda esqueço de respirar, acordo no automático, levanto sem cuidado, vago pela infinitude dos tempos, vivo os ciclos repetidamente. Nenhuma dor jamais foi tão suave, talvez porque a memória do prazer siga interrompendo a queda. Não sei, a minha cadeia de racionalidade ainda não compreende o significado de prática tão complexa.Tu dizes “oi” e de repente sinto as lágrimas percorrerem silenciosamente cada pequena parte da minha sensibilidade mais profunda, enquanto me escapa um sorriso bobo no rosto daqueles de enrubescer de tamanha translucidez impetuosa. Contudo, a resposta pode ser encontrada no início: para entender o que se passa lá fora, é preciso entender o que passa a acontecer aqui dentro.
Esses teus olhos! E o meu desafio de dizer coisas que não podem ser ditas. Como traduzir o intervalo silencioso entre as falas, aquele primeiro momento em que fixei meu olhar em tua direção como se a completude do meu ser encontrasse a do teu, numa comunhão mais- que-perfeita? Eis os segredos que jamais serão revelados por inteiro. O estado mais sublime da felicidade. Aquele precioso instante onde apesar da descrença, das imperfeições, das angústias do mundo, do teu retrucar...naquela manhã...exatamente naquela manhã, enquanto o sol revelava os rostos de ressaca e o mar parecia fazer refletir a luz sobre as tuas costas fazendo reluzir os tons multicores da tua aura, eu te desejei. Desejei este corpo que tu não reconheces, que eu admirei e quis. E quero inteiro. Sempre. O teu corpo com a tua alma. Mas prontamente não pude. Meu estado era convalescente, não podia curar a dor de outro nos braços de quem me dava uma nova estrada. Desejastes-me tanto, te desejei tanto. Por incontáveis vezes fiz preces sob meus joelhos pedindo para cruzar o teu caminho, implorando para estar pronta antes que a vontade do tempo te levasse.
Fecho meus olhos e mesmo depois da rota desviada, sinto que tudo está em paz, seguindo seu curso. Talvez porque tu ainda estejas aqui, sem fantasias, sem falsas esperanças, apenas me fazendo lembrar de mim. As estrelas parecem chegar mais perto, provo então do êxtase de um espelho sem narciso. Pareço ouvir as tuas lições, tuas imperfeições, teus planos, meus planos, teu sorriso, nosso sorriso, tuas, minhas, nossas, lágrimas.Sem sonhos ou contos de fadas, um dia desses ainda começo do nada, sem nada, sem palavras erradas, sem histórias mal-contadas. Com o vento percorrendo as tuas asas, ainda te mostro quão colorida pode ser a vida. E mais uma vez desafie os teus sentidos, provoque a tua alma, guie teu coração para onde a solidão não tem morada. Se um dia quiseres acreditar, eu estarei lá, esperando por ti, pelo brilho dos teus olhos, pelo ardor do teu corpo, pelo frescor da tua alma.
“Assim, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho... o de mais nada fazer”.

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Para quem tem olhos de Alice

Posted by Eve Rojas on 5:21 PM
Como dizer que o corte foi profundo, mas que a alma vive e passa bem? Vê para além dos riscos. Te repito, a busca é d’outro alguém. Já não construo ilusões, destruo as que me restam e opero o sensível. Mudei de ramo. De fantasia agora, só o nome. Não sei se me ausento ou se te espero. Digo-te adeus. E imediatamente te sorvo como naqueles dias em que morrerias colada à minha boca. Lascívia, prazer... paixão como fogo, e eu água. A angústia de amar sem jamais poder ter. Fácil te vender esse clichê, alimentar, no esconderijo do teu ego, a tua comoção em ver a minha aflição em te querer. Toco a tua pele com plumas, te dispo com seda, te descubro com a luz do amanhecer. Cada parte do teu corpo admirada com o ardor dos olhos de quem primeiro amou. Movimentos precisos e sem esforço, o encaixe é perfeito e eis o porque experimentar tem tanto sabor. Encontro, entrega... como se o artista estivesse sempre a mercê da sua matéria – obra – prima. Descobertas. Memórias traçadas com suor na anatomia do corpo, escritas, inscritas, com pequenas gotas de sangue ingênuo e lágrimas multicores. Vida da minha alma. Vida da minha alma. Eu amo mais a minha morada. (trecho_)

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