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Paralisia do esquecimento

Posted by Eve Rojas on 9:27 AM in , , ,

Paro na esquina do teu olhar , nesse horizonte agudo,  onde o mar parece precipitar-se no contido. Vejo traços de neblina, um silêncio sem luz, uma explosão sem notícia. Talvez sejam os meu olhos, árduos, escravos, de uma visão apreendida incolor. Fala, meu amor, fala. São as traves nos meus olhos? As muralhas com que te deslocas ou o real batendo à tua porta? Liberta para que as palavras brotem do desconforto da tentativa de expressar o sentir, ao menos, na retina. Fala, meu amor, fala. Sinto lágrimas na garganta, uma a uma. Percorrendo as minhas entranhas corroídas, inundando aos poucos. Sufoco, inerte, desejando o louco. O grito, o desabafo, o descontrole do corpo à queimar no gélido das horas infantes. Diz-me, meu amor, diz-me. Haverá segunda chance?  Ando sempre faltando um pedaço: Um estilhaço, um sapato, um braço, um traço. Um traço! Fala, meu amor, fala. As lembranças brincam na terra do nunca. Nunca houve? Ouve: São meus sussurros de angústia. Esqueço o que não devo, lembro do que não quero. Primeiro as chaves, depois a confusão dos dias, o embaraço das horas, os nomes, quantos são os nomes! Já trocava as letras e os números nunca me foram melhores amigos, mas agora, falta-me a coerência.  A linha continua onde se alinhavam as queridas palavras, me permitindo tentar, contar, guardar os instantes melódicos e dissonantes. Nessa paralisia inquieta, ensurdecedora, eu te ouço.  É aqui onde se inicia a remissão?  Fala, meu amor, fala. A névoa se adensa. No teu semblante o sossego que minha pele nega. Fico ao teu lado recebendo tuas cifras e decodificando o meu amor para que o recebas sem filtros. Sou eu, meu amor, sou eu. Fala comigo! Não porque haja abismos nesse cessar de ruído mas para que as tuas dores cessem e teus olhos voltem a luzir.Fala, meu amor, fala.  

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