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Conto Material

Posted by Eve Rojas on 9:56 AM
Algumas vezes eu gostaria apenas de começar com um daqueles inícios cativantes: “Era uma vez...” Daí tu podes dizer, mas que coisa mais infantil, boba, breguinha... Acreditar em contos de fadas?! Por favor! Bom, quem dera fosse acreditar no conto, o problema é mais profundo. A minha vontade é de acreditar no final, de viver a grandiosa frase “e foram felizes para sempre”. Ok, eu ouvi! “Mais infantil ainda!” É...Tu te surpreenderias.
Certas histórias do cotidiano são como contos sem magia, sem a magia do universo onde tudo é possível, onde o bem e o amor sempre vencem. No universo encantado, das palavras e do imaginário, os seus inimigos são conhecidos e vencidos, os amigos são amigos, e os amores eternos. Nessa vida material as coisas e as pessoas parecem tão cinza e a fugacidade tão necessária. Num instante a sua endorfina é liberada em outro o lexotan é a única cartada.
Entretanto, minto, porque...está bem, algumas das minhas histórias já começaram com “Era uma vez”. Vivi tentativas, ensaiei contos de fadas, mas o final sempre foi outro. Acabaram sempre, estando eu, fora do palco. Do lado de fora dos aplausos. Cada história dessas não passa de páginas viradas de um bom livro velho e inacabado. E não me venha dizer: “Ao menos tu crescestes. Aprendestes com as lições da vida”. Eu sei bem disso, reflito e repito o jargão todos os dias. A minha impressão é que o efeito tem sido exatamente o contrário do planejado: Estancamento diário. O passado já não trás mais nada de mim e o futuro é um mistério insondável.
Pensei ter lido o céu, pensei compreender a luz dos teus olhos, pensei ter visto a mudança acontecer. Tentei entender suas opiniões, compartilhar seus desejos, entender seus amigos, diminuir os incômodos, corrigir os erros e não esperar nem mesmo um beijo. Mas de repente eu estava mais perdida do que imaginava, a nossa ponte já não passava de uma projeção inusitada. Às vezes a gente espera o que precisa das pessoas erradas e ignora aqueles que estão sempre lá quando já não há mais nada. Sem cobranças, sem expectativas, sem julgamentos. Por ti e pela lealdade. Nesse momento estou quase convencida de ser a pessoa errada. Ainda posso te sentir, mas as sensações são confusas, teus sinais parecem símbolos indecifráveis. Meu desejo me traiu, minha confiança convalesceu. Tu podes até me chamar, mas provavelmente eu não deverei estar mais lá. As luzes só buscam o horizonte. E eu? A verdade dos sentimentos dos homens.

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