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Tem certeza?

Posted by Eve Rojas on 1:31 PM
As necessidades são todas fabricadas, são todas fruto de uma interpretação débil? Será o nada a força que impulsiona dentro de nós a ânsia por transformação? Entre os hiatos oriundos do meu pensamento não-linear e os abismos instaurados na minha vida, a linguagem parece ser o único caminho possível para a salvação. Não estou a abandonar os atos, os fatos, a natureza, as obras... Eu até mesmo sou cristã. É tão somente o presenciar diário da desintegração das matérias. Todas elas, uma a uma a desfacelar frente ao desafiar constante da linguagem. Movimento guiado pela busca da compreensão correta da vida. Para quê? Nem ao menos sei se possuímos a nós mesmos. E se por um acaso nos pertencêssemos teríamos a possibilidade de fazer o nosso próprio destino, e a infelicidade de ir e chegar, só, a uma encruzilhada com duas rotas para a solidão. Ademais, encontrar a si mesmo e ao outro seria apenas o intervalo entre o olhar e o refletir do espelho. Nada mais que um esforço niilista. Vale a pena? Revelar as mais secretas instâncias do ser! Jogar fora toda água estagnada dos velhos valores! Correntes simbólicas, experiências sublimadas, vidas transvalorizadas.Tudo para quê? Re-ordenamento do mundo e do ser para aliviar o tédio da existência ordinária. Talvez por isso muitos tenham voltado aos mitos, arquétipos, personagens imaginários enquanto eu continuo com as palavras, símbolos inesgotáveis. Contudo não saio imune a pressão da imanência, do devir, do eminente como faca na jugular. Quem me dera poder “ser” tecendo a rede entre a razão e o inconsciente. Não costumo ter inspiração não-natural, mas vivo na maior parte do tempo em estado de transe. Numa viagem de sentimento, sem revelações, onde os meus olhos vêem e as palavras são guiadas pelo rastro dos sentimentos rumo a cada um dos meus poros, até que minha alma sente. As páginas são o palco onde as palavras são o meu - o eu, agente de experimentação e transformação. O real sem o irreal da minha subjetividade. A minha loucura talvez seja a minha lucidez em absoluto, tida como delírio, sob a forma de neuroses autorizadas. Quem tem o monopólio das consciências? Não importa. Destrói as bases sobre as quais se erguem os fundamentos, extermina os germes da ignorância e vileza do humano. Liberta! Expõe os subterrâneos da moral e oferece a redenção ao teu corpo orgânico e inorgânico. Da solidão de criar, vislumbra e constrói novos mundos onde se entenda e respeite toda a conexão com o universo. Mas e adianta? Transições, fluxos contínuos, identidades, possibilidades múltiplas, invenções, reinvenções, revoluções, quebras de paradigmas e a mesma e única certeza do nada. De nada. Sem falsas esperanças, sem certezas absolutas, como “cantaria” a minha querida Eller: “Eu tô na paz, paranóia delirante. Eu tô na paz, esquina paranóia delirante.”

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