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Peço, desejo, continuo.

Posted by Eve Rojas on 1:15 PM
Todas as noites eu projeto o futuro e sonho com o presente. Peço que as nuvens acalentem o teu coração e a fé seja o rio dos teus pensamentos.  Desejo do divino o toque angelical e  ardoroso, para aquecer a ternura e confortar a paixão sem desperdiçar nem um raio de verão,  sem abandonar uma flor lançada ao chão.  Fecho os olhos sem ilusão, entrego-me sob o perfume da tua pele aos enlaces da noite. Marcho na dimensão do infinito à procura da vibração perfeita, do suspiro indolor, da emoção arrebatadora diante do fardo da vida. Busco incessante  pelo descanso sagrado na sombra da esperança, pela flor de água para qualquer deserto, por todos os instrumentos capazes de preservar o brilho do teu olhar na aurora do porvir. Meus pedidos perpassam os teus em embates generosos, em descobertas das cobertas do prazer.  Sem me perder de mim, da rua do sonho sigo à caminhar entregue. Beijo teu pescoço, mergulho infinito na realidade das sempre ensolaradas manhãs. Sou tua. Não somente porque quero, mas porque cada célula em mim é uma semente que fecunda com a ajuda da tua luz. Acordo bradando ao amor, dedicando a ele os dias reservados a mim, tentando encontrar formas de compartilhar, de espalhar através do vento o aroma delicado das nossas alegrias. E sonho. Sonho que o presente sublime se engrandeça na pureza da verdade dos amantes  e não se consuma na existência, nos deixando de joelhos diante dos obstáculos cotidianos. Quero fitar o clarão da tempestade, ouvir o esbravejar do trovão, sentir as ondas gigantes e levantar impávida, amparada pela certeza do melhor. O sol me levanta me deixando admirar cada parte do que te constitui e estou pronta para seguir. Segue comigo. Não há longos dias, vendavais ou insondáveis abismos que não se transformem com a força maior do Supremo. Da mesma forma não há equilíbrio ou plenitude, felicidade ou apogeu, sem o relacionar glorioso desta mesma fonte valente, o amor conjugado. Te amo nas noites, nos dias, no início, no curso e no além disso. Te amo com a beleza do ciclo contínuo das estações, onde as flores distribuem o belo, o calor irradia encantamento e o outono se prepara para acolher o frio do inverno. Num movimento orquestrado de permanência, evolução e renascimento.  

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Paralisia do esquecimento

Posted by Eve Rojas on 9:27 AM in , , ,

Paro na esquina do teu olhar , nesse horizonte agudo,  onde o mar parece precipitar-se no contido. Vejo traços de neblina, um silêncio sem luz, uma explosão sem notícia. Talvez sejam os meu olhos, árduos, escravos, de uma visão apreendida incolor. Fala, meu amor, fala. São as traves nos meus olhos? As muralhas com que te deslocas ou o real batendo à tua porta? Liberta para que as palavras brotem do desconforto da tentativa de expressar o sentir, ao menos, na retina. Fala, meu amor, fala. Sinto lágrimas na garganta, uma a uma. Percorrendo as minhas entranhas corroídas, inundando aos poucos. Sufoco, inerte, desejando o louco. O grito, o desabafo, o descontrole do corpo à queimar no gélido das horas infantes. Diz-me, meu amor, diz-me. Haverá segunda chance?  Ando sempre faltando um pedaço: Um estilhaço, um sapato, um braço, um traço. Um traço! Fala, meu amor, fala. As lembranças brincam na terra do nunca. Nunca houve? Ouve: São meus sussurros de angústia. Esqueço o que não devo, lembro do que não quero. Primeiro as chaves, depois a confusão dos dias, o embaraço das horas, os nomes, quantos são os nomes! Já trocava as letras e os números nunca me foram melhores amigos, mas agora, falta-me a coerência.  A linha continua onde se alinhavam as queridas palavras, me permitindo tentar, contar, guardar os instantes melódicos e dissonantes. Nessa paralisia inquieta, ensurdecedora, eu te ouço.  É aqui onde se inicia a remissão?  Fala, meu amor, fala. A névoa se adensa. No teu semblante o sossego que minha pele nega. Fico ao teu lado recebendo tuas cifras e decodificando o meu amor para que o recebas sem filtros. Sou eu, meu amor, sou eu. Fala comigo! Não porque haja abismos nesse cessar de ruído mas para que as tuas dores cessem e teus olhos voltem a luzir.Fala, meu amor, fala.  

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Souvenir

Posted by Eve Rojas on 11:57 AM in , , ,
Entre os souvenirs empilhados displicentemente nos cantos da casa, a beleza como abrigo parece não escoltar mais os sintomas das ressacas. Náuseas. Recorrentes náuseas com o odor do próprio hálito, com o gosto misturado,  com o vinho morno e o encenado.  Pausas poéticas não sustentam mais os suspiros lastimados.  A voz é rouca, o ritmo alucinado. Sem frequência, o instinto, atropela o desejo.  Sacia o corpo e paralisa a alma. Como armas de fogo disparadas  à queima roupa, impiedosas e vazias, atravessa-se a madrugada. Disparos rotos pela culatra, a aurora queima os vestígios, a brisa move as cicatrizes, as nuvens se encharcam. A rotina emerge libertando o prisioneiro, manual no automático.  Faces em espelhos moldados esperando a largada para quebrar o painel. Na esquina outros ornatos tão salientes quanto os de outrora: De fundo redondo, de altura curta, de boca larga. Esborrando, mas pelo meio. Quantas viradas quanto necessário.  Brindes anunciados pela lua inatingível e encantadora. De longe, de longe, bem longe.  A miopia guia a noite em furta-cor. Sabores imaginados, conquistas do espaço e  frenesi desleal.  Sonhos em pequenos passos em falso. Quem verificará as realizações? Nenhum sentido pode ser usurpado.  É meu, é teu, é caro. É entranhado nas águas das ilusões reais transpiradas no suor daquele que crê. Expira a poeira que cega a tua visão interna, inunda tuas vias aéreas, corrompe teu toque. Te resgata no início, na primeira nota ouvida entre a porta, no primeiro êxtase  ao observar a agulha acariciando levemente o vinil, na primeira nota tocada em blue. Torpe num mundo que se move em espiral, entregue incondicionalmente numa linha jamais reta. Tendo paradigmas como abrigo de sentidos, conflitos como lar do próprio prumo. Ébrio, ébrio como um tolo que acredita na inocente esperança do amanhecer, na sucumbência do mal, na possibilidade de alcançar o brilho das estrelas. Um louco que insta desesperadamente ,  que se coleriza e se humilha por migalhas  de afeto. Dilacera-se, costura, permuta, se muda.  Encontra acordo entre enganos, se estabiliza na areia movediça. Persegue o transe do real. Muda de dose. Pede mais uma e outra e outra...Logo não se sabe o lugar de ponta-cabeça. Opostos comuns de desequilíbrio. Riscos necessários, erros acertados, contas a pagar.  Entre o fantástico e o comum, chega o dia em que o raio toca o prisma no ponto do respeito necessário. Pelo ser, no descolar do pretendido ou preferido.  Para quem, ébrio ou sóbrio? Embriaguez apaixonada em doses homeopáticas; moderado compulsivo com apetite de garrafas. Em alguns instantes o mundo podia ser visto apenas na linha do horizonte, no meio sem meio-termos.  Onde todos não apontam para o um e o um só vislumbra o centro. Mas ao invés disso falta trilha onde sobram as pequenas lembranças, os usados bibelôs, as coleções intermináveis do moldado ao esperado. Poeira que leva ao mofo, mofo que leva a asfixia, asfixia que se alivia no próximo souvenir.  

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Nada que não ar

Posted by Eve Rojas on 8:23 AM in , , , ,
O nada oscila no esvair da bondade,  num tempo de ninguém.  Essa ausência obscura marcada por ranhuras incolores impressas no visionário de mim parqueia atravessado na vaga do espetáculo do hoje infinito, faz alarme para os atos de acaso.  Lança o dado por sobre os ombros, cruza os dedos em figa, bate a poeira dos pés. Meu solitário da vez, apressa-te em construir milícia, tua alma grita e teu corpo é são.  O maestro pede o primeiro acorde, ressoa no pelo da tua derme  e se consome nas flamas vibrantes incapazes de retornar aos instrumentos de vento. Fonte de ópio seca diante dos teus cartazes de soberba e mediocridade de ação. Repetidas expressões nos pequenos músculos do teu rosto  e  os teus pálidos olhos, agora vermelhos, procuram por algo. Tuas entranhas se retorcem, teus pulmões acumulam cinzas, teus poros sobrevivem do etílico, teu sangue chega lento ao coração.  O nada te toma em um abraço longo e apertado da tua alma ao atar dos teus braços.  Caminhas cambaleante entre as tuas posses egóicas, entre teus deleites torpes,  entre os  vagantes prestigiados.  Formaste um imenso exército vil  treinado para se esvair no rastro da degradação. Teus metais pesam, tua pauperidade se eleva e continuas só.  Teus pés, de calos e transpirar de lama, não cabem mais nos teus sapatos mais caros. Pisam os cascalhos de areia, afundam na argila, topam no granito, tombam nas lápides do que há passado. Teu paladar sofisticado, incapaz de reconhecer o simples, se farta incessante e compulsivamente sem nem mesmo  sentir o prazer de saborear a água. Aquele, de quando o corpo em sede se deleita em um copo de água, em um gole sentido da nuca ao calcanhar.  Plenitude do tudo, do todo, dizimando o nada. Mas tua boca é seca, teus olhos turvos e a tua encruzilhada quádrupla. Uma confusão de luzes, de cores, fogos em espetáculo e tu desejas ardentemente  um algo, um raio, um único raio. Se o sol te soltaste apenas uma fagulha, uma apenas, teu amanhã estaria a salvo.  Tens a noite nua, faceira,  compactuada com a indiferença confabulando uma balada sem fim.  E tu? Tens a paralisia muscular do nada.  A indiferença esmaga os teus sentidos e a escuridão se reproduz no teu silêncio solitário. Já não há outro, espelho ou auto-retrato. Teu clamor não veio, nem um justo interveio, nem uma estrela te emprestou um raio.  O tempo anda frio, tem temporal a caminho e verão no horizonte.  Como nunca escutaste, ficaste no lago de gelo, afundaste sem desespero, já não tinhas entrega, luta ou desejo.  Soterrado foste, pelo nada que não há. 

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Basta uma tempestade...

Posted by Eve Rojas on 9:56 AM in , , , ,
Há dias nos quais a chuva interior se torna uma tempestade vital. Dia daqueles  no qual o  asfalto se desfaz com a marca dos seus pés e ir ou voltar não se apresenta escolha onde permanecer é sobrevivência.  Fatos sem transcendência, atos para quem não entende os fatos. Tudo máscara de superfície. Um segundo e estamos lá, batendo de frente com o inesperado. Lataria violada, motor paralisado. Urge seguir para quem sabe o destino sem dirigir. Discurso afiado, tudo explicado e meu motorista espectador insiste em seguir mal-guiado.  Conto os segundos para a sorte em um discurso inquieto. Conjunto ordenado de frases contra atitudes requeridas, ensinadas e vistas de macho. Mezzo-soprano dramático ou baixo profundo? Escolha a sua voz. Pobre de mim cujos verbetes são doces e não águias. Não há coletes ou balas, mas em toda batalha se luta sozinho e se vence em conjunto. Se na celebração te derem o silêncio não corta as veias do tornozelo, ou dos joelhos, permanece de pé e deixa que teus olhos sigam. O eco do vão ensurdece. Gira a roda da fortuna, olha a outra face da moeda enquanto ela gira ao sabor da atmosfera. Saídas tangentes, problemas na maioria das vezes modestos diante da angústia que os cercam. E a gente? A gente é sempre arte, multidimensional, complexa, imprevisível, de origem pouco determinada. Única.  Falha. Inacabada. Folha reciclada, amarelada e solta. Algoz no absurdo lugar da liberdade. Bebe do que te nutre, álcool ou água. Se perde no que te sucumbe. Álcool ou água?  Olho para a sacada, vejo a cena, resgato o fado.  Te dou o colo, te ofereço um gole. Parei na espera e os olheiros contemplam as árvores de plástico no jardim de concreto bem cuidado. E gritam! Como gritam!   Tem oxigênio do bom, poeira de livros e solas pouco gastas. Um conjunto de marcas, maquiagem, perfumes, cremes, site de busca e aquele tom de acaso... Naturalmente pago. Oops, hora de falar baixo! A aparência requer hipocrisia e recato, exposição do eu é um pecado sem arrependimento. Mas quem sou eu ou quem é esse eu? Nesse tempo absorto antiguidade não é posto e presente é ocasião. Não há regalias, apenas expectativas sem não. Prudente o ingênuo defensor do comum onde o esperto ergue o palco para o menos um privativo. Cadeias completas de festas pouco sinceras para convidados esquecidos e figurantes selecionados. Trocaram o autêntico do humano pelo produto exclusivo. O espiritual pela prateleira de auto-ajuda. O real pelas exibições 3D, o passional pelo blasé, a inteligência pelo metiê...ou será que foi ao contrário? Garçom, mais uma, por favor! Uma saideira de três atos! Um shot de ciúme curto, um fora on the rocks, e um Amor! Sim, Amor,em copo bem alto! Sem mistura, puro, difusamente sussurrado entre músicas, vozes e outros espetáculos. O último vem no formato de ofensa expulsadeira  para quem perdeu o dom do impulso. As vezes é preciso descer da plataforma para entender o mar. Conhecer a si mesmo é mais difícil do que optar pelo abandono justificado, pelo desejo de adequado. Os dias passam, as nuvens se dissipam e de alguma forma continua pálido sem cinza. Onde não há cortinas de fumaça ou arco-íris refletidos em garrafas resta o ato sem desculpas. O backstage do eu no palco dos outros. Faces de impressões do ser inconcebível. Inferências. A busca é pelo que é ou de que consiste? São apenas vestígios. Poeira moldada com o sopro de quem vê, castelo construído sobre charcos. Basta uma tempestade. Prova do sal, almeja o céu, finca teus pés na areia e não esquece. Não esquece do profundo infinito desconhecido, nem do comum provado e oferecido. Para arruinar a rocha arenosa do artifício, basta uma tempestade. 

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A-tire

Posted by Eve Rojas on 11:02 AM in , , , ,
Palavras que cortam a carne, balas que dilaceram a alma. Desrespeitos que amputam o amor, inconsequências que adoecem o cuidado. Cegueiras, cegueiras diárias de espelhos sujos a transformar os reflexos perdidos de uma pureza infantil violada pelos descasos advindos do nada. Tábulas nunca rasas , profundas como o infinito insondado do universo. Inexplicadas como a presença incólume da apatia própria ao semelhante. O que há de se preservar de humano? O desprezo indiferente disfarçado de dó? A violência marginal do julgamento ignorante a desferir o golpe de misericórdia aos desiguais desvairados? Quem será o próximo da lista? Certezas tão frágeis, todas as lentes tão turvas, loucos os possuidores de clareza. Se há ou existe não me deixem ter. Atropelos são inevitáveis, os perdões imprescindíveis. Os jardins continuam a florescer com as chamas do fogo e a serem invadidos com a frieza do gelo. As estações entraram no ciclo pernicioso do insensível tanto faz e se fizer eu que importo mais. Débil expressão da intenção de centro submergindo a periferia. Confusão de pressupostos coerentes no vão de uma desistência anunciada, nada parece valer a pena. Cercas, muros, grades, pistolas, asfixia. Suicídio do zelo. O que fazer quando o inclusivo sem manual repousa no isolamento dos labirintos de um mosteiro? Textos críticos interpretativos estéreis? Recitais de notas cultas onde os cantos são tentações irresistíveis ao consenso? Doações do que excede para aliviar a culpa? Escolha seu limite, sua coleira, sua rédea, sua ignorância, sua prepotência. Ansiolítico para o trânsito, tranquilizante para o sono, descontos ao abandono, hipnóticos para os que pulsão. Best buy para sistema nervoso, wall greens para dor crônica, e um bar. Por favor um bar onde a desesperança vire excitação, onde a depressão vire tesão, onde resignação vire ação. Tudo pela fantasia de uma noite, quem sabe. Parecem não haver mais recursos para sentir a dor de ser humano. O solitário cansou de sofrer, agride. O obstáculo já não pára, arranca. Dilacera a vontade mediada do corpo. De joelhos diante do ultimado nenhum desespero, nem um novo desejo, apenas a entrega motiva a negatividade sem aventurança. Pastos escassos de salvação. Luzes sem nenhum sentido e o indizível insaciável se afoga no pântano da razão. Nunca se deixem ir. Onde se esvai a dignidade não habita a força gloriosa de amanhecer, o espetáculo prazeroso de tentar de novo. Padece em mim o impossível para que o universo de mim se faça em provas. Austeros deveres para a paciência que se choca com o orgulho, evolução que se dissolve na moral. Desequilíbrio, insegurança e transgressões na medida para expiar; trabalho, esforça e provação para assumir a missão. Levanta. Serenidade projeta harmonia, convivência empatia, caos equilíbrio. Pacífico sentido de luta, onde o natural é dor, alívio e cura. Ruídos de mudança. Flashes de emoções, faíscas de sensações, raios de era uma vez. Mensagem do transitório, avisos de agora. Mortes e nascimentos para alimentar a energia dos opostos. Sentidos cientes de apetites vorazes buscando a lanterna da própria alma. Devora. Os instantes, as pausas, as pressas. Sente a brisa nos poros, percebe a inexistência de suporte. Não há nada a que se apegar. Só as acolhidas escolhas, o eu que se foi, que se projeta e é agora. Vasto e pó onde a fragilidade se liberta em ser. Aqui no chão é o meu céu onde deixo ir. Nuvens, nuvens, nudez e porte do eu. Paraíso temido e cobiçado, o misterioso segredo é o macro escondido no micro. Interconecte, se apresente para a assistência, passe. Toda via é fluída e toda chegada entre linhas ocultas.


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