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Basta uma tempestade...

Posted by Eve Rojas on 9:56 AM in , , , ,
Há dias nos quais a chuva interior se torna uma tempestade vital. Dia daqueles  no qual o  asfalto se desfaz com a marca dos seus pés e ir ou voltar não se apresenta escolha onde permanecer é sobrevivência.  Fatos sem transcendência, atos para quem não entende os fatos. Tudo máscara de superfície. Um segundo e estamos lá, batendo de frente com o inesperado. Lataria violada, motor paralisado. Urge seguir para quem sabe o destino sem dirigir. Discurso afiado, tudo explicado e meu motorista espectador insiste em seguir mal-guiado.  Conto os segundos para a sorte em um discurso inquieto. Conjunto ordenado de frases contra atitudes requeridas, ensinadas e vistas de macho. Mezzo-soprano dramático ou baixo profundo? Escolha a sua voz. Pobre de mim cujos verbetes são doces e não águias. Não há coletes ou balas, mas em toda batalha se luta sozinho e se vence em conjunto. Se na celebração te derem o silêncio não corta as veias do tornozelo, ou dos joelhos, permanece de pé e deixa que teus olhos sigam. O eco do vão ensurdece. Gira a roda da fortuna, olha a outra face da moeda enquanto ela gira ao sabor da atmosfera. Saídas tangentes, problemas na maioria das vezes modestos diante da angústia que os cercam. E a gente? A gente é sempre arte, multidimensional, complexa, imprevisível, de origem pouco determinada. Única.  Falha. Inacabada. Folha reciclada, amarelada e solta. Algoz no absurdo lugar da liberdade. Bebe do que te nutre, álcool ou água. Se perde no que te sucumbe. Álcool ou água?  Olho para a sacada, vejo a cena, resgato o fado.  Te dou o colo, te ofereço um gole. Parei na espera e os olheiros contemplam as árvores de plástico no jardim de concreto bem cuidado. E gritam! Como gritam!   Tem oxigênio do bom, poeira de livros e solas pouco gastas. Um conjunto de marcas, maquiagem, perfumes, cremes, site de busca e aquele tom de acaso... Naturalmente pago. Oops, hora de falar baixo! A aparência requer hipocrisia e recato, exposição do eu é um pecado sem arrependimento. Mas quem sou eu ou quem é esse eu? Nesse tempo absorto antiguidade não é posto e presente é ocasião. Não há regalias, apenas expectativas sem não. Prudente o ingênuo defensor do comum onde o esperto ergue o palco para o menos um privativo. Cadeias completas de festas pouco sinceras para convidados esquecidos e figurantes selecionados. Trocaram o autêntico do humano pelo produto exclusivo. O espiritual pela prateleira de auto-ajuda. O real pelas exibições 3D, o passional pelo blasé, a inteligência pelo metiê...ou será que foi ao contrário? Garçom, mais uma, por favor! Uma saideira de três atos! Um shot de ciúme curto, um fora on the rocks, e um Amor! Sim, Amor,em copo bem alto! Sem mistura, puro, difusamente sussurrado entre músicas, vozes e outros espetáculos. O último vem no formato de ofensa expulsadeira  para quem perdeu o dom do impulso. As vezes é preciso descer da plataforma para entender o mar. Conhecer a si mesmo é mais difícil do que optar pelo abandono justificado, pelo desejo de adequado. Os dias passam, as nuvens se dissipam e de alguma forma continua pálido sem cinza. Onde não há cortinas de fumaça ou arco-íris refletidos em garrafas resta o ato sem desculpas. O backstage do eu no palco dos outros. Faces de impressões do ser inconcebível. Inferências. A busca é pelo que é ou de que consiste? São apenas vestígios. Poeira moldada com o sopro de quem vê, castelo construído sobre charcos. Basta uma tempestade. Prova do sal, almeja o céu, finca teus pés na areia e não esquece. Não esquece do profundo infinito desconhecido, nem do comum provado e oferecido. Para arruinar a rocha arenosa do artifício, basta uma tempestade. 

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