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Nada que não ar

Posted by Eve Rojas on 8:23 AM in , , , ,
O nada oscila no esvair da bondade,  num tempo de ninguém.  Essa ausência obscura marcada por ranhuras incolores impressas no visionário de mim parqueia atravessado na vaga do espetáculo do hoje infinito, faz alarme para os atos de acaso.  Lança o dado por sobre os ombros, cruza os dedos em figa, bate a poeira dos pés. Meu solitário da vez, apressa-te em construir milícia, tua alma grita e teu corpo é são.  O maestro pede o primeiro acorde, ressoa no pelo da tua derme  e se consome nas flamas vibrantes incapazes de retornar aos instrumentos de vento. Fonte de ópio seca diante dos teus cartazes de soberba e mediocridade de ação. Repetidas expressões nos pequenos músculos do teu rosto  e  os teus pálidos olhos, agora vermelhos, procuram por algo. Tuas entranhas se retorcem, teus pulmões acumulam cinzas, teus poros sobrevivem do etílico, teu sangue chega lento ao coração.  O nada te toma em um abraço longo e apertado da tua alma ao atar dos teus braços.  Caminhas cambaleante entre as tuas posses egóicas, entre teus deleites torpes,  entre os  vagantes prestigiados.  Formaste um imenso exército vil  treinado para se esvair no rastro da degradação. Teus metais pesam, tua pauperidade se eleva e continuas só.  Teus pés, de calos e transpirar de lama, não cabem mais nos teus sapatos mais caros. Pisam os cascalhos de areia, afundam na argila, topam no granito, tombam nas lápides do que há passado. Teu paladar sofisticado, incapaz de reconhecer o simples, se farta incessante e compulsivamente sem nem mesmo  sentir o prazer de saborear a água. Aquele, de quando o corpo em sede se deleita em um copo de água, em um gole sentido da nuca ao calcanhar.  Plenitude do tudo, do todo, dizimando o nada. Mas tua boca é seca, teus olhos turvos e a tua encruzilhada quádrupla. Uma confusão de luzes, de cores, fogos em espetáculo e tu desejas ardentemente  um algo, um raio, um único raio. Se o sol te soltaste apenas uma fagulha, uma apenas, teu amanhã estaria a salvo.  Tens a noite nua, faceira,  compactuada com a indiferença confabulando uma balada sem fim.  E tu? Tens a paralisia muscular do nada.  A indiferença esmaga os teus sentidos e a escuridão se reproduz no teu silêncio solitário. Já não há outro, espelho ou auto-retrato. Teu clamor não veio, nem um justo interveio, nem uma estrela te emprestou um raio.  O tempo anda frio, tem temporal a caminho e verão no horizonte.  Como nunca escutaste, ficaste no lago de gelo, afundaste sem desespero, já não tinhas entrega, luta ou desejo.  Soterrado foste, pelo nada que não há. 

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