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Cinco pesos

Posted by Eve Rojas on 12:42 PM
Desistir? Jamais. Mas e quando o impossível se sobrepõe à força e os passos continuam mesmo quando a alma já esqueceu de ter sido? Entrega? Pouco sei dessa sobrevivência impiedosa e viciante. É como passar a vida inteira à espera do último suspiro imaginando que é apenas o respirar cotidiano. O coração se dissocia do cérebro. A parada final é eminente, mas para quem estagnou aos cinco, movimento é sempre aparente. Correntes imaginárias, monstros invisíveis, toques de flashback. Um conjunto fictício de acompanhantes de um passado real, o qual quisera, eu, fosse inventado. Anos após anos a sensação se renova. Eu queria água, mas no meu copo só coca-cola. Eu queria a piscina rasa, mas lá estava eu a saltar do trampolim de nove metros. O tempo nunca foi subjuntivo, nunca houve dúvida ou argumentação hipotética. O presente do afirmativo moldou o corpo infantil e o futuro permitiu a chance do “será” ao filho eterno que incomoda e não é, mas pode ser. A herança interliga todos os pontos emergentes. Adentra ou nasce conosco a capacidade de amar em ilusão, em loucura ou em calmaria? Caminhar ou cambalear em embriaguez sentimental, tocar as estrelas num olhar e desejar o outro como se fosse o único, no último segundo de uma noite que termina agora; ou amar no e o dia-a-dia, devagar, as pequenas promessas, as pequenas conquistas, vislumbrando um futuro que talvez nunca chegue? A gente sabe tão pouco desse poder que ilumina e alucina sem anúncio. E será ele mesmo? Até onde vai o meu ego, qual o limite do altruísmo, onde começa a cumplicidade? Da origem eu não sei, mas o caminho talvez seja a estratégia do jogo do encantamento. Abraçar e proporcionar o gozo aos mais diversos desejos do outro e de si mesmo. E findo o encantamento? Shakespeare diz que “o amor não muda com os dias, mas gravita na sua órbita até o fim dos tempos”. Belo delírio. Se a realidade não se impusesse a ficção, reflexo insignificante para os amantes cuja dor e o amor se manifestam na pele. O amor tudo pode, ousa e agi despreocupadamente por vontade própria subjugando os amantes. Eu quero asas e olhos. Levo comigo a minha amante, a fria razão, nas minhas jornadas passionais rumo ao nada. Acredito em milagres, amargo traições e amo. Amo sempre. Ou penso amar já que o amor segue seus próprios passos. Não quero o inacessível, não quero possuir o que me escapa. Quero que escape. Sofrimento e separação são as marcas da minha pequena evolução. Olhar para frente, dar mais um passo. Não desperdices os meus anos. Experiências, só as extraordinárias. Mediocridade não deve ser confundida com equilíbrio. Nada de amores eternos, chamas incandescentes, paixões infinitas, quero tudo como é. Alegro-me no sonho da realidade. No meu chão celeste sou passional com as minhas próprias flores e espinhos naturais. Nem mais, nem menos.

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Hora de partir

Posted by Eve Rojas on 7:15 AM
Ousadia tentar, amar mais ou amar nunca. O destino se apresenta ator, proponente do ato, enquanto coadjuvante, eu, cujas falas nutrem a seqüência morna do espetáculo. Vê o excesso refletido no céu, sol e lua cheia flertando despudoradamente em frente aos mortais. Ouve! O vazio se infiltrando como gotas na pia em noite de silêncio. Ensurdecedor! E lá vem, olha lá o medo. Medo do porvir colhido ontem junto com a flor de março do outono passado. Sente o perfume. Perfume. Perfume. Senti. Es-sên-cia! Enfim essência. Ah, flor de lis no sertão! Vem renovar a crença dos miseráveis presos em redomas de conforto e angústia. Angústia, vontade de saber o que significa viver. Vislumbra, bem aqui, no chão, quero sentir a tua chuva. Molhar, arder, chover, te ter e merecer o frio, o calor, o teu colo acolhedor, sem reservas. Essa sou eu. O abismo só existe para quem não sabe que tem asas. Eu já vivi a morte do tempo subjuntivo porque o meu tempo “é”, não “pode ser”. Está pronta para ir, ou vai esperar parar de chover?

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