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Semper renovandum in futurum

Posted by Eve Rojas on 5:26 AM
Cada um fora alguma vez feliz e ficara com a marca do desejo. É verdade Clarice. É verdade Deborah. Parece que nada se assemelha ao gosto sublime de outrora. Mas é mais. Transporte-se para a outra esfera. Como se algo já tivesse sido dito, pensado, descoberto e escrito no mesmo instante de hesitação no qual se percebe e executa o mundo. Em nome de nada. Em nome de ninguém. Sem nenhum sonho. Sem se ofertar à esperança.

Não escrevo me referindo ao passado, mas ao pensamento hodierno, ao momento, ao tempo. O eterno presente. Letra após letra tento tocar o mundo. Sentir após sentir tento tocar-me a essência e a estrutura. Procuro estar longe da factualidade convencional na ânsia por saciar uma necessidade quase enlouquecida de transpor os meus próprios – se é que assim o são – limites. Quero aprender o meu ser, antes de estar no já. Repudiando o cristalizar de sentidos.

Não sei ao certo que destino dar ao que vivo e vivi. Desconfio dos fatos acontecidos. Às vezes pelo fato de acreditar não saber viver, penso ser personagem de um outro cenário. Em arroubos, a urgência de dividir as interpretações e sensações possíveis das histórias devassadas me toma. Comunico. Grito. Conto indefinidamente. Imaturidade? Talvez. Então, dos segredos intuídos na intimidade e dos aparentes simbólicos, emergem os instantes de compreensão. A ordem em fim clama por restaurar a minha profunda desorganização. Em contrapartida, tal entendimento figura tão somente como mais uma criação. Como um novo mistério.

Estou diante dos mais delicados estados do ser. Na tensão entre posse e controle. Não do outro, mas de mim. Na angústia da exigência de lealdade. Há uma arte em errar, para qual não tenho talento. Há uma arte em burlar o próprio entendimento. Longe de ser artista, sou a mais errante dos trôpegos, e a mais vil do conhecimento. Na estação da dúvida, diante da bifurcação e sem direito a retorno: o corpo, os músculos, os nervos, o coração; parecem esgotados, fatigados, inertes. Mas ainda há uma vontade que exclama: “Resiste!”. Assim: como se lembrasse que para ser sempre amado é preciso iluminar o sorriso. Estimula. E o pulsar retorna, mesmo que a longos espaçamentos. É o ensaiar do recomeço quando se anuncia o fim. É Drumond, o desenhar da nova chance para si. Quando o sofrimento vira aprendizado. Quando a raiva torna-se perdão. Quando a solidão se faz esperança.
Um presente condicionado em frações de segundo. O tempo novamente. Esse mero construto social. Cujo entendimento parte do seu contexto e dos elementos com os quais se articula. Ah Elias...Quem dera pudesse eu a-cor-dar para ele e neste instante descobrir a mim mesma. Como se esta fosse a recompensa pelas cores e o despertar da minha própria experiência. Estou ao lado do telefone, com a chave da porta da frente nas mãos. Quem seria o conviva esperado e que não viera? A mesa está posta. Mas ainda, na verdade, não convidei ninguém.

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