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When the stars go blue

Posted by Eve Rojas on 5:41 AM
Nesta noite poderia eu escrever as palavras mais tristes. Pelo simples sentir, ou saber da hipótese da tua dor. Estou eu cá, ansiando por estender-te a minha mão. Reverbero: “não é comigo, não é comigo”; mas é o tipo de dor que não se pode aliviar. Por isso peço-te, cuida-te. Não faz o inútil sabendo que ele é inútil. Lembra-te que tu tens uma razão e o exagero da tua sociabilidade esconde teus olhos que guardam teu silêncio, tua fragilidade e tua força, que quando aliada te faz ser de verdade. Entende que a palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada – sábias “palavras” de Adélia Prado. Para além delas vêm às imagens, e das imagens, o infinito. O nada. Não estais em lugar nenhum. Quem és tu, promessa feita de pó imaginário? Nada sei do que te oferta tanto poder. Nada sei do que ainda me faz mover. Dizem que o teu sorriso tem se mostrado diferente, quase por te ferir. Percebo então o quanto venho a desconhecer-te, o quanto o vínculo e os gestos estão postos como utensílios do passado, ao mesmo tempo em que algo em mim ainda compreende a profundidade da voz dos teus olhos. Sou aquela jovem que acreditava na virtude, em fazer as coisas corretamente, mas mal podia desconfiar de todas as minhas fraquezas, nem adivinhar o tanto quanto hoje cresço. Por isso, para que esperar mais para que o mundo comece? Para que esperar por quem se ama? Se há a entrega para vida e para morte cada vez que se respira. – É. Res-pi-rar...Percebido por Deborah, anunciado por Junior! Licença asmática, falta de absurdo!

Volto a cena. A escutar os coadjuvantes detentores do meu apreço. Pelo amor estamos ligados, embora assim não o quisesse. “Só tu podes me ajudar”, sofregamente ouço. Não sou ninguém, nada posso fazer, não cabe a mim. Olha minha face e vê. Não é meu este lugar. “Preciso ir, realmente preciso ir”. Instintivamente permaneço, ouço, sofro e corro de lá. Amou-me. Por muito também amei. Como não ter amado aqueles grandes olhos fixos, intensos e incertos? São tantas lembranças abrigadas em cada parte daquele palco. Tanta inocência disfarçada de egoísmo. Tanto amor incondicional disfarçado de raiva. Que Deus abençoe e seus anjos tragam a compreensão para os laços fincados n’alma.

Explodem os diamantes. Apenas o meu corpo sente os pedaços de prismas perfeitos se espalhando no ar. Abarcam-me como o mar, como cada gesto mais simples teu, e não mais me tocam pela demasiada proximidade. Nem amor, nem amizade. Estou no limiar da junção, entre o horror e o cuidado. O meu coração não te procura, o meu amor não te pode guardar, mas tu ainda estás aqui, comigo. O vento continua frio, a soprar em redemoinhos em noites como esta. Em que chove, mas o céu parece mais azul e as estrelas deixam cair o brilho na alma como se fosse uma gota de orvalho a acariciar os lírios e gérberas. E isso é tudo. Astros e cantos ao longe. Estás feliz agora? Para onde tu vais quando te sentes só? Para onde vais quando as estrelas estão tristes? Diz-me. Te seguirei. E se a rua se chamar destino farei com que haja flores nos canteiros.

Como se não bastasse, meu falar se revela agora em trechos de Neruda: Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido [...] Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Gostaria que esta fosse “a última dor que ela me causasse, e estes [...] os últimos versos que lhe escrevo”.
Poderia eu, escrever os versos mais tristes esta noite.

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1 Comments

Anonymous says:

Ah que saudade dos meus 22 anos...quando eu achava que o amor era para sempre...
que ilusão doce...comprada...vendida...pregada...
Depois vem a frustração...não contávamos com ela...dói...e como...
e se INSISTE...ainda achamos que dá...muito difícil se conformar com a perda de tantos momentos sublimes...e que achamos que só poderiam ser vividos por nós...PRETENCIOSOS?
Por mais que saibamos da felicidade alheia, parece que nada é parecido com o que experimentamos...
E aí travamos uma grande batalha: o tempo. Esse é o pior inimigo, ou não.
Como conviver com a perda?Há perda?
Como conseguir tudo "aquilo" de novo? Quase impossível...era tudo tão mágico...tão único...
Até vivermos um novo relacionamento e re-descobrir a cor do amor...

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