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Nau Frágil Economicus
Posted by Eve Rojas
on
7:18 PM
Acho que eu tenho a síndrome do Inácio, destroem a minha base, tiram a minha viga mestra e eu ainda grito caído: “Ei, pise não que eu estou de pé!” Haja resistência, fraude, ou blefe. Dizem por aí que é tudo uma questão de perspectiva. Sei lá. Em estado de guerra o importante é contemporizar.
As “tendências” enquanto falam da manteiga substituindo a viga, do fluxo cambial robusto, do superávit primário, e da volatilidade da economia, anunciam primeiro: “o consumo do frango supera o consumo do boi”. Perfil de consumo. Alguém entendeu alguma coisa? Nem eu. Só sei que Coca não é Cola e ecstasy está durando pra lá das vinte horas. Eu quero é passar mal! Enquanto Inácio continua repetindo o clichê do meio-dia: “Não há mágica na economia”.
Vem cá, mas se o amor deve ter a mesma lógica da economia, como é que a sabedoria popular vive dizendo que há mágica no amor, ein? Que não entenderam Bauman eu já sabia. Sociólogo nunca teve crédito fora da academia. Mas e o Jurandir? Porque ninguém escuta? Está na hora de mudar de estratégia e perceber a nova configuração a cada nascer do dia. É isso aí terapeuta, vamos eliminar o idílico – ideal abolido, “sem fraude, nem favor”.
Bom, mas como diz A Máquina, por que não sonhar? Eu só não quero alguém para me trazer o mundo, porque o mundo dá muito trabalho! E herói também não, por favor! Não agüento mais essa bobagem repetida ad nauseam.
E não me chame de anti-romântica, o meu coração ainda pulsa enquanto o sexo também pulsa. Embora alma gêmea não seja mais – na realidade nunca achei que fosse – o arquétipo da afetividade como dizia Jung; a sintonia é estreita, a vida do outro é de extrema importância, a cumplicidade, de certa forma, resiste e a atração ainda existe pelo envolvimento emocional.
Acho que o meu modelo de amor é o globalizado da “Existence”. Aprendido, apreendido. O ideal das narrativas românticas novelescas com traços de universalidade e de efemeridade. Quase um big brother onde você é o que menos decide. Ou melhor, onde eu sou quem menos decide. Contudo eu não permito não! Que é isso? Pres’tenção! A protagonista aqui sou eu, e o globo de ouro está na mão! Até parece que nunca ouviram por aí: “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. Veja bem, não é imitação, nem mania de autodestruição, é apenas uma busca de mim, para mim, por mim, por nós. Não misture papéis, não sou descartável, eu sou é reciclável.
E nessa onda de economia, Freud vem adicionar até a economia do psiquismo. Era só o que me faltava! Agora eu vou ter que economizar eus! Sei não viu! Estou começando a acreditar que tenho que me profissionalizar, fazer um desses cursos on-line de “como satisfazer o seu cliente”, ou “como ter sucesso nos negócios”. Algo meio passo a passo, auto-ajuda disfarçado, feito por consultores licenciados. Tudo isso para ver seu Catho.
Ai ai. Subjetividades, diferenças. Estou impelida a acreditar que a minha constituição é de cebola, como fala Jurandir. Cheia de camadas, e, como diria Freud, de núcleo vazio. Desalentador. Nem um núcleo, nem um “eu verdadeiro” eu tenho. Desfaço-me das minhas camadas de ignorância e não chego a lugar nenhum. Não sou um “sujeito em si”. Ah, mas a pragmática diz que eu tenho um sentimento de “mim”. Está pensando o quê? Eu tenho meus artefatos. Sou pronome pessoal do caso reto, com nome próprio e predicativo característicos. Né pouca coisa não. O meu eu ainda é performativo. Estou constantemente retecendo a minha rede de crenças e valores. Acabo virando pedaços lingüísticos, mera configuração semântica. Ou seja, ou me encontro, ou me apago.
Encontrei-me. Perdi-me. Me escrevi. Me apaguei. Orgasmo, frigidez. Amor e ternura. Traição, perdão, loucura. Inverno, Adriana. Inverno. Vamos embora eu e você e deixemos a culpa. Sabemos das nossas restrições, precisamos agora conhecer o nosso ilimitado. Estamos investindo no fim ou nos enganando com o reconfigurar do afago? Adriana – apresentada pela mama, me ajude mais uma vez: “eu sou eu, você é você, e nós dois juntos somos dois. É só somar. Eu vou pra cá, você vai pra lá, mais tarde a gente se vê. Você faz o que quiser: Cinema, teatro, boteco, futebol, o controle remoto é todo seu”. Pensando melhor, seu não, meu. Dá pra cá, que eu quero zappiar. Comediar, dramatizar, dormir ao teu lado, te abraçar. Encosta aqui que o cansaço é grande. Chegou a hora de dormir, sonhar, e vê se o amanhecer acalma a tempestade e nos traz um novo horizonte. Até porque não quero ser mais a “amiga semi des-in love” delirante.
No fim das contas, você sabe, isso é apenas o amor. "O ridículo da vida"!
As “tendências” enquanto falam da manteiga substituindo a viga, do fluxo cambial robusto, do superávit primário, e da volatilidade da economia, anunciam primeiro: “o consumo do frango supera o consumo do boi”. Perfil de consumo. Alguém entendeu alguma coisa? Nem eu. Só sei que Coca não é Cola e ecstasy está durando pra lá das vinte horas. Eu quero é passar mal! Enquanto Inácio continua repetindo o clichê do meio-dia: “Não há mágica na economia”.
Vem cá, mas se o amor deve ter a mesma lógica da economia, como é que a sabedoria popular vive dizendo que há mágica no amor, ein? Que não entenderam Bauman eu já sabia. Sociólogo nunca teve crédito fora da academia. Mas e o Jurandir? Porque ninguém escuta? Está na hora de mudar de estratégia e perceber a nova configuração a cada nascer do dia. É isso aí terapeuta, vamos eliminar o idílico – ideal abolido, “sem fraude, nem favor”.
Bom, mas como diz A Máquina, por que não sonhar? Eu só não quero alguém para me trazer o mundo, porque o mundo dá muito trabalho! E herói também não, por favor! Não agüento mais essa bobagem repetida ad nauseam.
E não me chame de anti-romântica, o meu coração ainda pulsa enquanto o sexo também pulsa. Embora alma gêmea não seja mais – na realidade nunca achei que fosse – o arquétipo da afetividade como dizia Jung; a sintonia é estreita, a vida do outro é de extrema importância, a cumplicidade, de certa forma, resiste e a atração ainda existe pelo envolvimento emocional.
Acho que o meu modelo de amor é o globalizado da “Existence”. Aprendido, apreendido. O ideal das narrativas românticas novelescas com traços de universalidade e de efemeridade. Quase um big brother onde você é o que menos decide. Ou melhor, onde eu sou quem menos decide. Contudo eu não permito não! Que é isso? Pres’tenção! A protagonista aqui sou eu, e o globo de ouro está na mão! Até parece que nunca ouviram por aí: “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. Veja bem, não é imitação, nem mania de autodestruição, é apenas uma busca de mim, para mim, por mim, por nós. Não misture papéis, não sou descartável, eu sou é reciclável.
E nessa onda de economia, Freud vem adicionar até a economia do psiquismo. Era só o que me faltava! Agora eu vou ter que economizar eus! Sei não viu! Estou começando a acreditar que tenho que me profissionalizar, fazer um desses cursos on-line de “como satisfazer o seu cliente”, ou “como ter sucesso nos negócios”. Algo meio passo a passo, auto-ajuda disfarçado, feito por consultores licenciados. Tudo isso para ver seu Catho.
Ai ai. Subjetividades, diferenças. Estou impelida a acreditar que a minha constituição é de cebola, como fala Jurandir. Cheia de camadas, e, como diria Freud, de núcleo vazio. Desalentador. Nem um núcleo, nem um “eu verdadeiro” eu tenho. Desfaço-me das minhas camadas de ignorância e não chego a lugar nenhum. Não sou um “sujeito em si”. Ah, mas a pragmática diz que eu tenho um sentimento de “mim”. Está pensando o quê? Eu tenho meus artefatos. Sou pronome pessoal do caso reto, com nome próprio e predicativo característicos. Né pouca coisa não. O meu eu ainda é performativo. Estou constantemente retecendo a minha rede de crenças e valores. Acabo virando pedaços lingüísticos, mera configuração semântica. Ou seja, ou me encontro, ou me apago.
Encontrei-me. Perdi-me. Me escrevi. Me apaguei. Orgasmo, frigidez. Amor e ternura. Traição, perdão, loucura. Inverno, Adriana. Inverno. Vamos embora eu e você e deixemos a culpa. Sabemos das nossas restrições, precisamos agora conhecer o nosso ilimitado. Estamos investindo no fim ou nos enganando com o reconfigurar do afago? Adriana – apresentada pela mama, me ajude mais uma vez: “eu sou eu, você é você, e nós dois juntos somos dois. É só somar. Eu vou pra cá, você vai pra lá, mais tarde a gente se vê. Você faz o que quiser: Cinema, teatro, boteco, futebol, o controle remoto é todo seu”. Pensando melhor, seu não, meu. Dá pra cá, que eu quero zappiar. Comediar, dramatizar, dormir ao teu lado, te abraçar. Encosta aqui que o cansaço é grande. Chegou a hora de dormir, sonhar, e vê se o amanhecer acalma a tempestade e nos traz um novo horizonte. Até porque não quero ser mais a “amiga semi des-in love” delirante.
No fim das contas, você sabe, isso é apenas o amor. "O ridículo da vida"!