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Só porque eu sou peculiar

Posted by Eve Rojas on 5:02 PM
A terapia cognitiva vai afirmar que cada indivíduo "percebe" e "interpreta" a vida de um jeito único e idiossincrático – aliás “idiossincrático” é uma palavra bonita. Tenho uma amiga q adora usa-la e outra q tem dificuldades para entende-la, mas sigamos –. Pois bem, o indivíduo passaria então por um processo de aquisição de “lentes” que permitem a ele vislumbrar o mundo. Tais lentes têm seu grau diferenciado, possibilitando uma visão construída a partir das crenças, juízos de valor, que é adquirida através de experiências dadas ao longo da vida.
Lentes... O problema é que minhas lentes naturais vieram com defeito, me deixaram meio míope, e para piorar, como o fabricante não me deu direito à troca, tenho que me contentar com uma visão temporariamente limitada por óculos que a tornam quadrada! O q me faz por vezes perder o foco e a minha cena real acaba sendo mais relativa do que um filme de David Lynch. O que não quer dizer que eu não goste do relativo, pelo contrário. O único problema é que vez ou outra, pego o ônibus errado ou perco a parada. Mas se certo ou errado, moral ou imoral; são meras construções sociais cujo entendimento só pode ser alcançado por meio de uma relatividade, resta-me escolher entre o veneno ou o antídoto – ou entre, como diria Zé Orlando, “o pior e o menos ruim”.
Pois é, eu e a minha falta de absurdo. Ultimamente tenho pensado que talvez eu deva apelar para as mais diversificadas ferramentas de ajuste cognitivo como os ‘registros de pensamentos disfuncionais’ (J. Beck, 1997), as técnicas de ‘reestruturação cognitiva’ (Beck & Freeman, 1993), o processo de ‘identificação das crenças irracionais’ (Ellis, 1988) ou toda e qualquer uma das técnicas que prometem a correção ou substituição dos padrões disfuncionais por padrões mais funcionais do pensamento. Acho q estou entrando em um processo neurótico, psicótico, patológico, sei lá. Minha terapeuta que me segure antes de eu saltar!
Na verdade já pulei. Sempre pulo, só pra sacanear com quem diz que não vale a pena o risco, e é melhor deixar pra lá. Acomodação não é para mim. Não quero copo meio cheio, nem meio vazio. Quero ele transbordando. Meu ideal é exagerar. Mas como se trata apenas de “tipo ideal”, ele cheio já dá. Tudo sempre vale a pena e a minha alma não é pequena, né não Pessoa?
Nesse meu tempo de desconstrução, eu quero é preservar(!) a minha alma afeita a mudanças, ao contraponto e a mania de criticar. Todavia a rota do conhecimento, o único caminho que legitima o duvidar, é o mesmo que ao longo dos anos faz a gente se tornar o conservadorismo sentado na cadeira do vovô, em frente a janela a contemplar.
Eita vida insana. Têm horas que o relativismo me dá náuseas e eu clamo pela simplicidade do Carpe diem no ar. Meu Deus! Existe apenas uma única estrada e somente uma, e essa é a da verdade da minha alma. A estrada que eu amo, que eu construo, que eu escolho e me sei guiar. Quando trilho nessa estrada as esperanças brotam, o sorriso cobre o meu rosto e a calma me toma devagar. Dessa estrada nunca, jamais fugirei. Sou fiel e leal a mim, e Bauman que nem se atreva a me questionar. Sou insensata mesmo, me lanço inteira e aposto todas as fichas novamente se precisar. Sou outsider do mercado e a economia moral, com sua balança comercial, que se *&¨$ para lá! Vou dar abraços apertados, vou assumir compromissos, vou me deixar apanhar. E mesmo que os bem sucedidos, os especialistas, da modernidade “tolhida”, apontem-me como “Fracassado”, “Idiota”, eu não vou fugir, não vou desistir, vou continuar a gritar: Eu te amo!Eu te amo! De verdade, pra sempre, enquanto durar. Porque não adianta distorcer a verdade, não adianta querer camuflar, o destino dela é tomar as estrelas e se deixar mostrar.
É isso aí, meus pensamentos estão desajustados, minhas escolhas são confusas, e eu tenho uma tendência ao fracasso, sabe por que? Porque perverto a moral dominante e ouso criticar. Pois que seja. Caminhos pré-determinados, a muito seguidos – sinônimo de segurança, não me estimulam. Prefiro o risco, prefiro criar. Probabilidades, alternativas, escolhas, quedas, sofrimentos, perdas, equilíbrio. Reich que me perdoe o abandono ao equilíbrio. O equilíbrio é pouco. Eu quero tudo, quero conhecer a maior das dores, para poder reconhecer a maior das felicidades quando eu estiver lá. Sem sacanagem, e isso é só porque eu sou peculiar.

Obs.: Eu disse eu? Na verdade quis dizer você, quis dizer nós, quis dizer todos. Ou ainda... a geral é peculiar!

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