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Meu caso com o Ipê e a Dona Norma

Posted by Eve Rojas on 1:42 PM
Eu sempre quis plantar uma árvore, mas era tão clichê, era tão estereotipo machista fabricado pela mídia moderna que eu definitivamente abandonei a idéia. Mas como o tempo passa, a roda gira, a gente graças a Deus muda e o tempo nos faz ser mais tolerantes; eu acabei por plantar uma. Plantei um Ipê! Amarelo! Acredita? Eu e essa minha mania de amar o controverso. Já prestou atenção nos Ipês? Pois é, são controversos! São os únicos que florescem, que dão amor, exatamente quando o inverno chega, para indignação daqueles que associam amor ao clima ameno da primavera.

Ipês são únicos, intensos. Em respeito às flores, se despem de todas as folhas antes de florescer. E numa exaltação triunfante e despudorada do amor, fazem surgir no topo, em reverência aos céus, sua copa florida, mágica e ardente.

O meu amor pelo controverso não fugiria, mais uma vez a regra, posto que toda escolha tem um preço, e não seria eu a sair sem ônus. Até porque Dona Norma à sombra do seu marido Padrão não seria tão tolerante assim comigo, sua filha pródiga às avessas. Para o desespero do meu coração solitário rapidamente as flores amarelas dos Ipês se vão uma a uma, coroar o chão; lindas e agonizantes, depois de terem exercido serenamente a sua vocação de amor.

Disso eu já sabia, a perenidade já me havia sido anunciada, todavia D.Norma me fez pagar em dobro, com juros compostos e correção monetária tipo caixa! Tive que pagar o “desvio” – que sempre fiz questão de referendar. Se o florescer dos Ipês amarelos era em agosto, a exceção trouxe-o em março e eu nem ao menos pude estar lá! Que ironia do destino, na minha hora da virada, a árvore veio a renovar!

Santo espetáculo! Deslumbrante! Fiquei eu cá desprovida de pudores, de máscaras, de defesas, com os pés no chão, através das lentes, a contemplar! Intenso, ardente, forte, corajoso, sublime, simplesmente sublime! Como desejei estar lá!

Depois disso acho q eu queria mesmo era ser como um Ipê amarelo: que aguarda pacientemente, renuncia as folhas, se torna puro, se entrega inteiro, se lança à aventura de florescer e sem pedir nada em troca permite a glória das flores e as deixa ir. Deixa ir a melhor parte de si e recomeça feliz mais uma jornada fadada ao mesmo fim.

Meu Ipê floresceu fora do tempo. Talvez tenha sido o solo, talvez o clima, talvez o mal cultivo, quem sabe o acaso ou mera implicância da fatigante D.Norma e seu marido Padrão! Pouco importa. O erro não foi do Ipê, foi meu, que não fui a Vegas, mas apostei todas as minhas fichas em um único número! Ou melhor, árvore! Mas não tem nada a ver com número, com árvore ou com Norma. Só com o Amor. Alguém viu o Amor? Tudo bem o Amor me viu, e mesmo não tendo destreza com as palavras saberá entender. Bom, mas esse mesmo Amor precisa de capital e o fato é que eu me descapitalizei! Portanto está aberto o leilão, porque segundo fontes seguras minhas ações ainda estão em alta – e olhe que não foi a presidência da Enron que disse não! Eu não sou mega-sena mas estou acumuladíssima!Aproveitando, quem dá mais?

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