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OUTONO CHRONIC

Posted by Eve Rojas on 1:53 PM
Chegou o Outono para o Hemisfério Sul! No Brasil, o flash de notícias anuncia em rede nacional: “Estamos oficialmente no outono”. Se, estão a dizer, quem sou eu para duvidar. Na verdade não estou duvidando não, estou só por parodiar. Outono...Depois do calor, a tão esperada brisa fresca. Depois do plantio árduo, a tão esperada colheita. E armazene viu! O inverno já chega, anunciado por aquela mesma brisa fresca.

Maçãs na mão e folhas ao chão. A gente se dá uma trégua colhendo os frutos e as folhas caem fertilizando a próxima plantação. As folhas do outono e a brisa vão brincando, tornando a queda suave, enganando a morte, transmutando tristeza na alegria do fanfarrão. O problema é que enquanto uns comem e outros desfrutam da brisa, a chuva inunda, destrói, revira tudo; em outro ponto da cidade compondo a realidade do caos. A lógica do caos, sim porque o caos também tem uma lógica e mais, tem um propósito. O objetivo é abalar as estruturas, perverter a moral, resignificar os conceitos, abolir os limites e deixar ser o sujeito.

Tudo isso é culpa do tempo. É do tempo mesmo. Daquele senhor das horas, que tudo guia e tudo resolve, que só existe para a sociedade esquizóide. O cônsul passa a ser consulente. Desce ao status de mera construção social. E haja mutações. Primeiro era sacro, depois virou profano. Era cíclico depois virou linear. Era histórico, e virou Humano. O tempo e suas transformações, atropelos e desencontros. Faz a gente perder o rumo, faz a gente correr atrás do absurdo, evoca o amor e nega o perdão, embora, na contramão, nos dê a dádiva do recomeço.

Eu queria mesmo era poder culpar o tempo. Mas é engraçado como a gente faz escolhas na vida e na maioria das vezes não pára para pensar em como tomamos cada atitude, no que há por trás delas, no porque das coisas. Talvez seja um mau hábito meu que alguns chamariam de mau dos intelectuais que a tudo querem explicar e abarcar. O pior é que sofro mesmo de muitos maus da intelectualidade sim, mas este? Não. Até porque não o considero como mal. Vejo-o como uma busca pelo “Eu”, pela verdade de si mesmo. Uma aventura ingrata, doída, mas necessária; posto que conhecer a si mesmo nos permite ser mais completos, verdadeiros e capazes de amar com plenitude.

Mas nestes tempos de narcisismo, de performance, de imitação; eu me pergunto, e a aura Benjamin e a aura?É só mais um simulacro, responde Baudrillard. É, a invenção do real. O irreal se apresenta mais real do que a própria realidade. Kumar que me ajude! Para o caos, para a saída! Eu quero Shakespeare com seu horror ao moderno! Eu não quero grandes narrativas, eu quero a minha metanarrativa. Quero o universo que era meu, que era nosso, de volta. Quero a minha redoma. Alguém me chame um restaurador! Ou seria um investidor? Ou quem sabe, um psicólogo do amor? Não sei. Eu estou na minha própria confusão super hiper pós-moderna. Tudo tem sido fluido, complexo, inverso, desconexo e contraditoriamente, – ou pós-modernamente – eu só quero uma cama quente para repousar.

Fumo três cigarros, para não dizer teus cigarros. Para te tirar de todos eles, para aprender a relaxar. Para deletar, acender, reviver e recriar tuas lembranças. Revisito Frida Kahlo. Jamais teria a coragem, a ousadia – ou a fraqueza, dela. Aceitar a proposta de Diego Rivera? Estou a quilômetros da história. A lealdade a mim é peça mais cara, mas faço do meu respeito próprio o ponto de partida e o limite. Mesmo assim celebro sempre o amor. E viva Kahlo!

Ok, ok, ok! Opto e optarei sempre por amar para além do que é tão somente belo. Porque busco compreensão, porque lembro do respeito, do compromisso – talvez esquecido – de amor expresso na alma, na pele, no olhar e continuo a dialogar. Estou certa que o perdão é um dos caminhos para a plenitude do amor e da felicidade. Mas não basta apenas saber perdoar. É preciso saber pedir perdão. Arrepender-se requer mais do que tristeza diante do erro e autopenitência. É preciso abandonar, confessar o erro e tentar repara-lo. – E isso ainda é tudo fruto da minha ética cristã! – É preciso querer mudar. É preciso ter coragem para aceitar quem se é, saber o que quer, assumir a responsabilidade, reconhecer a verdade e mudar. Ser honesto e integro, reconhecer os seus sentimentos, escutar seus medos, livrar-se de tudo que faz mal, curar feridas, ser responsável consigo mesmo, perdoar-se.

Cheers Darlin! Algumas frases são ditas ao acaso, outros por agradado, outras por revolta, outras para o mais idiota. Circulam, transmutam, desaparecem. Na verdade eu queria mesmo era ficar a noite inteira, contando casos, besteiras, rotinas e aspirinas. Colecionar tuas bobagens, teus sorrisos, deixar escapar segredos, trocar frases de sono, frases insones, te dar o meu ombro, respirar segurando a tua mão. Já sei, já sei. Eu estou misturando. Cazuza que me permita, eu só “preciso dizer que te amo, te ganhar ou perder, sem engano. É que eu preciso dizer que te amo, tanto”.

Eu não tenho medo de dizer, eu não tenho medo de sentir. Se o vilão é o tempo, ele que consiga nos afastar sem “Se”s.

Bom, pelo menos chegou mais uma estação.

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