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Para você saber do amanhecer

Posted by Eve Rojas on 6:29 PM
Amanheceu. Sim, amanheceu! Já não agüentava mais tanto gris! Há quantos dias eu não via o sol. Saudações ao nascer! Saudações! E eu vi, eu vi! Algo mudou. Algo diferente do despertar de ontem. No olhar, no gesto, na voz, talvez um novo jeito de agir. Novos horizontes. Novos sinais. Enfim.

Depois do abandono, virei observadora de mim mesma. Nem eu me engano, nem me deixo mais. Se bem que quanto embarquei acreditei. Quando me dei, me dei. Por mim. Pelo outro. De modo emocionalmente consciente – se é que isto é possível. Como aquele que só quer amar o bem. Joguei-me. O meu prazer, ao teu. A minha dor, a tua. O meu silêncio, a tua voz. E aí vêm as conseqüências não pretendidas da ação junto com as ações não pretendidas das conseqüências. Ô renúncia inútil! Na verdade, antes fosse inútil, antes fosse renúncia e não tanta falta de absurdo. Surdo? É. Estou surdo...Para o resto do mundo. A falta de óculos é a culpada de tudo. Sei não viu. Já cansei das repetições do meu “eu” pueril! Troco o cigarro de chocolate pelo marlboro de menta! Eu sou assim. A farsa da compreensão, a arrogância do aplauso. O que resta a um soldado raso em frente ao front? Morte. Heroísmo. Só. Isso mesmo. So-li-dão...Renúncia, ódio, amor, escravidão. Eita herança!

Eu vivo numa busca incessante pelo mais humano. Peço conselhos a Dionísio, mas ele – debochado do jeito que é – me deixa sempre as bacantes, em meio às danças e gritos de júbilo. Cansada da pandemia, e graças ao meu sufocar asmático, acabo a noite sempre nos braços do filho do Caos. Eros. Eros é um rapaz intenso e bonito. Eros é a harmonia e, do universo, o poder criativo. Tudo de bom como dizem por aí. Todo mundo mereceria. Todavia nada é realmente tão perfeito. Eros é cego e ainda é guiado pela Ânsia e pelo Desejo. E aí começam novamente os meus problemas, mas ele é astuto. Sabe a hora exata de abandonar o arco e trazer, à mão, uma rosa. Quem nada sabe de estratégia sou eu! Eu dou tiro pela culatra. O meu altruísmo é a perversão da minha arrogância. Sou herói e vilão do eu.

Zeus que me ajude a largar Morfeu! Por hora cansei do sonho. Cansei de verdade, cansei mesmo. Também cansei da razão, do automatismo e da conseqüência lógica. Não faz sentido? Quero nem saber. Hilda Hilst que esclareça ou dês-esclareça melhor a inquietude do ser. Só peço que permaneçam as construções irrefletidas e os encadeamentos ilógicos dos surrealistas. Dalí já dizia: “Tudo que gera contradição é sinônimo de vida”. Eu sou a própria contradição ou sou a vida? Confusão criativa. Estou pronta para os jogos espontâneos do inconsciente. INSTINTOS. Quem foi que disse mesmo para confiar nos instintos? The Master, Noel Peirce Coward. Porém disse ele também: “se não tiver nenhum instinto, confie em seus impulsos”. Pode deixar mestre. Entendi. IMPULSOS.

Nessa revolução de sensibilidades, estou por restaurar meus sentimentos. E quem vier na contramão eu passo por cima. Nada pessoal apenas sobrevivência...Instinto...Ou...Impulso. Parem tudo! Freeway. Acelero. Sinal verde só pra mim. Por favor, não leve a mal, é tudo só uma questão de valorização do self.

Por ventura ou desventura, depois das experiências que passei, tenho a urgência de dizer o que até agora não tinha dito. Seja lá para quem for, seja lá como for. Seja mentira, ou, seja apenas vontade. Tenho pressa em desvencilhar o - eu, o - próprio, o - outro, o - eu - outro. Eu minto primeiro! Ao estado de graça, dificilmente repetível, estou hoje muito menos disponível. Estou superando a nostalgia da Virginia Wolf quando dizia: “Estou vivendo uma vida que não gostaria de viver. Como isto foi acontecer?". Já sei como, já sei por quê.

“Em um dia não muito distante/ havia sorrisos, beijos e sonhos/ Meus sonhos, seus sonhos/ Meu sonhos, agora teus sonhos/ Nossos sonhos/ Hoje nessa pós-vida em que eu co-existo/ Caminho devagar... / Pois você pisou no seus sonhos, nossos sonhos/ Meu sonhos/ Caminho devagar.../ Procuro vestígio do que um dia foi meus sonhos/ Apenas procuro/ Sonhos (Otávio Guerra). Estava eu a recitar há alguns dias tais versos. Por hora, canto com alegria o nascer do dia. O despertar do sonho. O resgatar dos meus sonhos, hoje, devidamente chamados de metas. Minhas metas.

Abrem-se as portas. Abrem-se as asas. Ventos do norte, sul, leste, oeste. Entendo agora de percepção espacial, de localização psico-geográfica, eu guio-me. A vida nunca foi tanta. O pensamento virou a flecha. O sentimento o arco que o impulsiona. Sou uma arqueira consciente, só miro agora em alvos de valor. Sem mais “Love Lies”. Now I’m found. Vou mentir para ti, mas não vou mentir para mim. Minha felicidade plena depende da tua felicidade. Eu ainda preciso de ti enquanto houver amor. Like the desert needs the rain. Lembra? A diferença é que eu continuei: It will always feel the same. Contudo, nestes novos dias, ‘til I find somebody new.

Doce prazer do vislumbrar da dádiva da renovação advinda do amanhecer! Renovare! Renovare! Ad infinitum! Renovare! O prazer, a dor, a invenção. Eu ainda me pergunto por que (?), mas não espero mais por respostas. Cansei de te buscar. E a cada detalhe negligenciado, tu – exato tu, te encarregas de dar ponto ao nosso conto. Os problemas gramaticais estão sendo resolvidos, para ficar esteticamente impecável. Embora persista o vazio, que a minha tão cara Emily faz questão de ressaltar e de me explicar – como se fosse uma receita de bolo, que: “Para encher o vazio/ Ponha Aquilo de volta que o causou/ Baldado cobri-lo/ Com outra coisa – sua boca vai mais se escancarar –/Não se pode soldar o Abismo com ar”.

Showed you my heart, I left it unguarded. Now I’m alone. Now you're gone. Now I’m gone. And I hope that you will see how much you mean to me.

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