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Mais uma, por favor!

Posted by Eve Rojas on 7:01 AM
A raiva veio por fruto de padrões ou expectativas pouco realistas em relação à outra pessoa. Este é o caso, portanto poderia continuar adotando o exercício da tolerância e da flexibilidade. Todavia, além de se configurar como uma atitude, advinda de mim, arrogante; não surtiria efeito algum, a não ser para mim. Um efeito de dor que alimentaria uma raiva velada diante uma situação de extrema frustração posto que o outro foi o tempo inteiro poupado do sofrimento e, portanto não sabe valorizar um ato de amor, nem mesmo é capaz de reconhecer em si, o propagar do mesmo erro.

Se, tem frustração tem raiva, se tem raiva tem agressividade. Então, mais uma dose. Mais uma dose de agressividade garçom! Serve para me fazer enfrentar as dificuldades, defender meus interesses e saciar a minha sede. Por favor. Cansei da apatia. Não agüento mais o veneno do “não-dito” em doses homeopáticas. Meu senso de humor ácido e sarcástico esgotou. Mais uma dose! Agora de sinceridade. Pode servir um shot de descontrole também. Sim, pois precisam saber que eu tenho motivos que me despertam uma raiva indomável, com os quais a minha tolerância é zero. Já vou logo dizendo do meu limite para não gerar conflito desnecessário.

Mas é o seguinte, meu caro garçom, uma garrafa de raiva não. E nem convite para entrar no clube. Um ou dois copos com muito gelo, já está bom. Até porque sou uma pessoa que faz exercícios e se esforça para manter uma dieta equilibrada. Balanceio minhas emoções positivas e negativas, assim como as que são ou estão guardadas, com aquelas que são postas para fora. Preocupo-me com o meu colesterol emocional. Se me descontrolo, adoeço e morro, minha mente teima em ser inseparável do corpo.

Uma dose de whisky de emoções “doze anos” mais um Red Bull do silêncio. Devagar barman! Devagar que isto é uma bomba pronta para detonar uma complexa série de reações químicas e físicas dentro deste corpinho aqui! Tudo bem que com ela eu vou parecer mais forte do ponto de vista social, mas em contrapartida esta bomba está louca para, de quebra, sabotar o funcionamento do meu sistema imunológico. Então todo cuidado é pouco, porque o pavio é curto e a embriaguez emana.

Ah que saudade dos meus níveis estáveis de serotonina. Do tempo em que cachaça era literalmente água e chocolate era minha maior perversão. Fique tranqüilo meu camarada, que eu não sou mais um bêbado a alugar seus ouvidos com nostalgias e dores de amor. Só estou degustando dos sabores das emoções para poder louvar o gosto da liberdade. Desce mais uma, por favor! Mas agora eu quero uma antártica do prazer original. Daquelas estupidamente geladas, prontas para brindar entre amigos. Compartilhemos o prazer meus caros, porque a dor é minha só e mais de mais ninguém – eita que já tem gente ensaiando cantar! – Mudemos o foco! Façamos um brinde! À noite, ao bar, a fantasia e aos amigos que não estão lá. A todos aqueles que fogem do amanhecer, refugiam-se na noite, no álcool da covardia, no cigarro do medo, no entorpecer da balada ou numa mesa de bar.

Alguém já está pronto para tomar a tequila do esquecimento? Um body shot! Vamos lá! Traz a tequila comandante! Vou ensinar. Primeiro beba o shot da amnésia delirante, depois, o sal e o limão da verdade, degustados na carne, para equilibrar a ilusão, o prazer nauseante e a efêmera realidade. Boa! Agora estamos preparados para começar a dançar. Lance-se comigo na pista. Solte o corpo devagar. Deixe a música conduzir... E... Ô! Meu querido! Manda uma dose de vodka da sensualidade com guaraná! Ei, mas tem que ser soda, porque nem original, nem fanta artificial dá! Vá logo preparando mais uma porque a angústia da sobriedade, com tanto gasto de energia, está querendo ganhar lugar. Como é doce o desfrutar da ilusão. Para terminar a noite meu amigão, deixe que eu mesma me sirva uma taça de merlot. Apenas uma. Porque o sol anuncia a chegada e a minha cama está vazia. Vazia do que se foi e cheia de mim. Agora eu quero água. Bastante. Para lavar a minha alma do gosto, do cheiro, do vício da fuga alucinante. Quero perceber e controlar o nexo emocional das relações sociais para poder desconectar, com equilíbrio, o comportamento social e as emoções sem me tornar alguém essencialmente fria. Mas por favor, não me deixe perder o descontrole e as construções delirantes. Sirva-me uma long long neck, de vez em quando para aliviar a tensão, perverter a racionalidade e liberar o tesão.

Embriaguez e sobriedade. Realidade e Fugacidade. Amor e ódio. Indiferença e cumplicidade. Que seria de nós sem Dionísio? Que seria de nós sem Apolo? Que seria de nós sem o vão da loucura, sem o vácuo da sensatez? A mórbida frigidez. Jamais conheceríamos o aprendizado da queda, o prazer da intensidade e o horror da liberdade. Ô do bar, ô irmão, vem cá. Diz uma coisa do alto da sua sabedoria etílica. Pra sentir raiva é preciso sentir amor ou para sentir amor é preciso sentir raiva? Ok, tudo bem. Esqueci. Garçom não fala. Acho melhor eu ir fazer uma massagem tântrica para harmonizar os meu chackras.

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