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Só eu sei!

Posted by Eve Rojas on 7:06 PM
Vai meu garoto tímido da vida inteira, deixa meus olhos sonharem na voz sublime das tuas palavras. Chega mais perto. Eu desafino no silêncio enquanto és meu sabiá poliglota gorjeando as cosmopolitas, raiz da Tijuca. Meu Antônio, meu Carlos, passeia nas notas, escolhe uma e me dá o tom. Brasileiro Tom. No intervalo doce do teu toque suave e exato de genialidade desconcertada, me maravilha com o jeito inocente do teu canto fim de tarde, aquele como quem acabou de lembrar de esquecer. Desesperadamente amado em cada verso, o teu respirar ofegante, me lembra a brevidade impiedosa da existência e do êxtase do afeto. Mas não te perguntes se vais ter fôlego, tuas pausas cristalizam o ápice das emoções, numa experiência de infinito em segundos. Não é uma crença, não são ciúmes, não é a bem amada, não é uma doença, não é a madrugada, a minha busca é de você. As vezes, inevitavelmente, me alimento de você. Só de você. Anda comigo até o Leblon. Na simplicidade do equilíbrio natural me diz que amou entre um observar e outro dos macucos. Macucos. Ô inveja con amore de teus contemporâneos, de tuas amadas mulheres, da tua amada mulher. Declamadas em pôr-do-sol sussurrado à brisa do teu piano, iluminado. Tanta generosidade! Respeitosa modéstia entre os parceiros aclamados. E o extraordinário era aquele menino de poucas palavras sobre o legado, tantas vezes segunda voz. Vaias Chico, vaias! Bobagem! Sabiá voa através das gerações entre aplausos e sobre a vergonha dos imbecis de outrora. No compasso do trem direcionado, apressado, sem paradas, ao branco e preto do retrato, zingaro, de um horizonte jaz conhecido. No encontro sem pressa do lugar onde Vinícius não existe sem sofrer. Chega de saudade! A bossa casa sempre nova, continua acostumada a guardar você, enquanto o jazz reverencia lá da sacada. Ô arquitetura de morar! Lembro o sublime estágio da pureza dos musicais. Tempo do Mar. Tranqüilo sinistro a desvendar imensidão. Inimaginável furor desorientador da Casa Assassinada, em versos tristes, repentinamente, a Crônica fala. Piedade e nova alvorada. És tu mestre surpreendente. Passarim, Borzeguim, vem dançar. Mar, sertão, floresta. Deixa! Brasil Nativo, Matita Perê! To my room at 10 o'clock, Chansong! De Nova York, Paris ao Samba do Soho. Minha terra brasillis! Conheço sim senhor! Caju, pitanga, guaraná, suçuarana, guará, tapurió e sabiá. Esquece a tristeza e canta! Canta mais! Maria, Marina, Gabriela, Isabella, Lígia, Luiza, Ana Luiza, Dindi. Ah se soubesses como cada nota me faz feliz! As palavras parecem tão indignas que não passam de rascunho querendo agradecer a grandiosidade da obra-prima. Desafias as partituras, abusas dos instrumentos, pervertes o canto. Someone to light up my life? Broadway em cabaré de virtuose do virtuoso sofisticado sem afetação. Se eu pudesse por um dia tocar as asas do anjo que te deu leito! Ficaria em silêncio, esperando teu canto vivo voltar pela primeira vez aos meus ouvidos indignos ansiosos. What can I say to you “bonito”? Se todos fossem no mundo iguais a você! Assobio outra vez para chegar mais perto, onde eu sou apenas mais uma e tu és o único, parte das coisas belas da vida. Olha lá aquela luz, lá embaixo, se acendeu no mar que parece que já vai fechar. Fotographia. Tua face irreproduzível nas coisas mais simples que você tocou. Vou no Trem Azul direto pra estação Mangueira. Manda subir O Piano! How Insensitive? Nada, Querida. Longa breve vida. Canta para mim em despedida a vislumbrar limites longe-longe da pretensão como Moacyr a dar lugar ao neto, como tu a dar voz a Malu. Sempre verde e ar condicionado aconchego para admirar e desvendar o Jardim Botânico na fuga do cinza, meu arboral a sentir horizontes. Bota a garrafa de vinho no gelo e conta! Continua sendo o mais singelo do mundo, belos Anos Dourados cantados em sons indizíveis, inimitáveis, sentidos na pele alma, tom de criativa liberdade! Livre, livre! Brinca de palavra com os parceiros, sai para aquela loira gelada, diz adeus sem ninguém ver. Deus te mostrou para o mundo, te levou do mundo. E aqui estou. Pobre amador apaixonado, aprendiz do teu amor, do teu amor de não “ser” sozinho. Élégance, sim, sim, Élégance! Tua valsa de sete cores! Silence, Silence! Com a tua pronúncia francesa, abrindo passagem. É música popular brasileira sem o isolar do alto da montanha! É muito mais da praia. Tereza da Praia, amor de Leblon. Conhecedor, divulgador, admirador, experimentador dos seus pares, curioso sobre os ombros. Bate palma e pede bis, ornitólogo querido! Do Chico maestro soberano. Depois do inesgotável encontraste tua paz, mudaste para o teu azul. A felicidade. Sucedeu assim. Havia de ser com você. Pluma que o vento continua levando pelo ar.
[trecho da tietagem desavergonhada]

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