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Saudade "vezenquando"

Posted by Eve Rojas on 10:10 PM
Quem poderia dizer se quer que um dia começou? De repente se foi a vida como eu conhecia. Fugi tanto daquele céu azul. Limpidez deslumbrante de matriz celeste. Queria poder levar-te entre os braços. Quem não queria? Eu não quis. Quando quis não mais podia. Azul profundamente simples para a minha complexidade superficial deliberadamente dissonante. Sussurro baixinho minha nostalgia entre sereias do canto. São confissões abençoando a quietude e o riso. Te penso silenciosa e cara, sem reinado mas cheia de ares imperiais. Impossível dizer, mesmo com toda herança de sons e de palavras. Fina, desenhada. Rascunho rude de mão livre. Por tanto me encantastes com tão farta desavergonhada nudez de alma. Vou chorando e te levo sorrindo. Foste o impulso que fez mulher. Desnudo-me até o osso e sofro. Aprendi a desafiar a moral sem a vulgar desonestidade interior. Sobre a tua grande face o meu andar desordenado, desconserto de estrada que tu és. Tantas curvas, atalhos e pontes a guiar um outro alguém. Belas interrogações fecundas na encruzilhada da separação. Vira e mexe, recito as minhas odes mínimas. Quem pode impedir o abraço afetuoso da boa saudade? Estreito o fardo mas não desejo o alívio. Soneto, baladas, elegia. Minhas fábulas. Me estendo imensa longe dos teus braços. Passeio entre os girassóis noturnos, me acolho nas flores de março, me apaixono pelos lírios e contemplo as gérberas vermelhas. Aprendi a abrir os braços sem atar os laços com os amantes apegados aos espinhos. Reescrevi o manual do cuidado, respeito e generosidade de mim. Embora a solidão seja o conviva acessório da minha vida noturna de madrugadas hedonistas e vespertino agônico. Havia esquecido o quanto as pessoas podem perverter o bom de si mesmas. Que tempo há de acabar com as desastrosas bocas? Quantas vezes o meu sopro há de pousar num dorso estranho? Alma minha gentil, quantos são os penhascos para retirar de vez as máscaras? Eita, sinuoso caminho da vida livre. Repito o sombrio, ritos e frisos antigos dos resíduos espessos da crueldade alheia desmedida. Felizmente já não há cortes, boicotei o ciclo da auto-sabotagem. Fecunda é a semente do vasto de ti, desse pássaro de mim à pontilhar a inocência da decência. Da minha crença ingênua em verdades pequenas. Reversivos rios de rumor, revertes para as vertentes da mansidão e viajas leve desviando das pedras na cadência elogiosa da esperança em verdade. Saudade! Saudade de quando os desvarios proviam apenas do embate de subjetividades. Intraduzível origem introdutória da afirmação. Quero eu ser olvidável e censurada aos alcoviteiros oradores recorrentes do perdão não-restituível. Precisam aprender que o altruísmo é o caminho de glorificar a própria casa. A nebulosidade é reveladora e a descoberta possível aos destemidos desbravadores. O respirar mínimo garante reanimação. Realidade espírito e matéria humana, merecimentos caminhando no interdito. Inesquecível afeto da vida inteira, não sabes o quanto é bom seguir sem farpas em meio a tanta gente indecente cuja graça é rótulo de uma hipocrisia disfarçada de imaturidade. Bom saber ter sentido o significado do amor, melhor ainda encontrar entre tantas constelações e meteoros opacos, um brilho único a iluminar o mundo, com olhos tão ternos, que o reflexo emitido cega os devoradores desatenciosos a ver estrelas só na escuridão.

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