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Deixa o adeus dizer

Posted by Eve Rojas on 9:00 AM
Para quê torturar tanto as palavras para dizer adeus? Tentar expressar exageradamente a beleza de uma história, que acabou, na articulação de fonemas vazios? Deixa o amor doer em paz. Os porquês soarão sempre tolos, posto mesmo que o são, diante da dormência desejada do coração a desfalecer. Não há como explicar páginas já lidas e escritas pelo mesmo autor. Alas as emboscadas conhecidas da vida! Surpresas e armadilhas. Tão somente as reverencio. Antes que acabe em nós o afeto, este antecipado amor me vê de partida, o horizonte anseia a minha busca. Ergo meus olhos, apresso meu passo. Olhas-me novamente. De súbito peço, deixa-me te tocar outra vez. Não deixa, não peço. Meu carinho alenta o espaço em tua evocação e só. O anoitecer traz a desventura fazendo a minha voz soar quase como um disparate diante do imenso, enquanto a fome-infame parece conter a minha dor. Pranteia hoje comigo e não leva nenhuma tristeza ao recordar amanhã. Salva a ternura que avistei. Se te doer, não faças como eu e te alies a solidão, deixa as tuas lágrimas aos cuidados do vento doce. Sê como pinheiro firme a saborear a brisa se despedindo do desprender de algumas folhas, férteis secas. Cristal de fé não quebra, ao amanhecer do dia há sempre raios refletindo o anunciar de novos amores para celebrar. Não penses te ter pequenina, a coragem é tua e minha chama apagou. Meus madrigais não tem destino, sou alma errante a me encontrar nos rios e tropeços. Já não sei ficar, sou viajante a me deslumbrar entre as lendas férteis e as palavras desertas do sol nascente. Continuo a procurar, o já sabido por mim, impossível de encontrar. Mas continuo, hoje, e não me peças para parar. A minha instabilidade é egoísta e o meu amor aprendiz. Apago as luzes da ilusão, mas o espetáculo continua. A estrada é longa e os palcos intermináveis. De figurante, a coadjuvante, a atriz principal, papéis descartáveis para quem só quer escrever seu próprio roteiro. Nada precisa ser. Avidez e melancolia demais sem carícias a vontade quando o tempo é de início e o ponto é de atravessar. É preciso aceitar a ponte. Quem sabe de mão dupla. Deixa ir. Coisa estranha é amar! Acredite, é amar. Sentimento sempre imerso na perfeição dos seus paradoxos. De joelhos a clamar em solo profano. Lar dos devotos. Te insurges a procurar conserto, mas não há como erguer fogo e ferro num palácio sem altar. Não movas um dedo, não apertes os lábios, não me digas mais palavra-falada. Não te tenho nada, entre um tanto de lágrimas, apenas a palavra-silêncio rosa-chá.

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