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“Negociadas” e “A Negociar”
Posted by Eve Rojas
on
8:07 PM
É inacreditável como o passado, em si mesmo findado, insiste em cobrar as marcas deixadas no pueril. O leito foi negado, os limites foram castrados e os atores afastados do palco em meio à necessidade de aprovação nas coxias do teatro. Restaram os cortes. Logo depois vieram as cicatrizes. De combates pacíficos para o mundo e de guerras cruéis dentro do recôndito particular deste ser que luta e sobrevive. Sobrevive de embates com as tempestades. Batalha consigo mesmo. Chega ao final sem premiar, nem reconhecer vencedores. Também não conhece a dor. O que sente? Nada. Chora sem apreender a dor. Tem medo hoje de morrer numa luta que já foi. Passeia no palco da ilusão real entre Brecht e Stanislavski.
Suportei tempos quase infindos a parecer. Existi para cumprir funções sociais e domesticadas. Alimentei o show. Se, tinha desejos, sempre os neguei. Se, tinha dons, por vezes, os abandonei. Se, senti, de imediato congelei. Era o crescer fora de hora aniquilando a necessidade de ser. Desobriguei-me do palco. Os anos passaram. Dia após dia a maturidade da crítica veio exigindo lugar. Então da obediente boazinha, surgia a aspirante a “chica rara” de Martín Gaite, a menina má. Personagem protagonista de si. Sem diretores, roteiristas e escritores a manipular o fantoche predileto dos espectadores do porvir.
Cansada das premissas da superficialidade racional, desenvolvi outras habilidades. Estratégia, Artes em geral, Filosofia do boteco e Arquitetura do novo moderno. Construí uma realidade inversa, me inventei aguerrida em um mundo perverso. Abandonei-me, me perdi, me guiei, me descobri estrangeira, me aceitei. Enquanto mosaico de pequenas virtudes, de dúvidas e dívidas incessantes. Acostumei-me ao imperfeito possível. Embora agora fosse maior, mais forte, mais ousada e guerreira. Na tentativa de desvendar a minha lógica e consciência interna, dividi-me. Em duas. Rompi com o casulo, ganhei um corpo leve, mas ainda insistia em trazer comigo o berço. Todavia, hoje vou por em leilão minha origem, vou ofertar minha identidade primeira. Ou quem sabe decretar falência, já que ela vive em crise extrema. E cá pra nós, nem um ombro agüenta! É isso aí. Vou abrir com outro nome, anunciar uns títulos, trocar outros na boavespa. Afinal, instabilidade por instabilidade, como eu não sou uma investidora racional vou aderir a behavioral finance e confiar no meu Back Office.
Não estou mais na platéia a assistir o espetáculo de mãos atadas. Na verdade já estou por aí. Protagonizando entre as quedas, superando pedras, me pondo a prova, exigindo respostas, me associando a desejos, me amigando aos erros, experimentando valores, saboreando dês-construções, apreciando as flutuações, testando os verbos, eliminando a perfeição do correto, repudiando o trivial, amando o simples; sendo eu. Sendo o ser. Deixando ser. Fácil e dez – complicado.Tudo culpa do amor, que me outorgou talismãs.
Suportei tempos quase infindos a parecer. Existi para cumprir funções sociais e domesticadas. Alimentei o show. Se, tinha desejos, sempre os neguei. Se, tinha dons, por vezes, os abandonei. Se, senti, de imediato congelei. Era o crescer fora de hora aniquilando a necessidade de ser. Desobriguei-me do palco. Os anos passaram. Dia após dia a maturidade da crítica veio exigindo lugar. Então da obediente boazinha, surgia a aspirante a “chica rara” de Martín Gaite, a menina má. Personagem protagonista de si. Sem diretores, roteiristas e escritores a manipular o fantoche predileto dos espectadores do porvir.
Cansada das premissas da superficialidade racional, desenvolvi outras habilidades. Estratégia, Artes em geral, Filosofia do boteco e Arquitetura do novo moderno. Construí uma realidade inversa, me inventei aguerrida em um mundo perverso. Abandonei-me, me perdi, me guiei, me descobri estrangeira, me aceitei. Enquanto mosaico de pequenas virtudes, de dúvidas e dívidas incessantes. Acostumei-me ao imperfeito possível. Embora agora fosse maior, mais forte, mais ousada e guerreira. Na tentativa de desvendar a minha lógica e consciência interna, dividi-me. Em duas. Rompi com o casulo, ganhei um corpo leve, mas ainda insistia em trazer comigo o berço. Todavia, hoje vou por em leilão minha origem, vou ofertar minha identidade primeira. Ou quem sabe decretar falência, já que ela vive em crise extrema. E cá pra nós, nem um ombro agüenta! É isso aí. Vou abrir com outro nome, anunciar uns títulos, trocar outros na boavespa. Afinal, instabilidade por instabilidade, como eu não sou uma investidora racional vou aderir a behavioral finance e confiar no meu Back Office.
Não estou mais na platéia a assistir o espetáculo de mãos atadas. Na verdade já estou por aí. Protagonizando entre as quedas, superando pedras, me pondo a prova, exigindo respostas, me associando a desejos, me amigando aos erros, experimentando valores, saboreando dês-construções, apreciando as flutuações, testando os verbos, eliminando a perfeição do correto, repudiando o trivial, amando o simples; sendo eu. Sendo o ser. Deixando ser. Fácil e dez – complicado.Tudo culpa do amor, que me outorgou talismãs.