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Conto combinado.

Posted by Eve Rojas on 4:32 PM
Desconserto de mulher! Nem a conheço! Quanta audácia! Embora deva reconhecer o prazer de adivinhá-la pouco a pouco. Fico sugerindo em fantasia, tentando tê-la em sonho. Revoltante. Graça e independência da natureza, vontade da arte, soneto do humano. Sob a luz da lua, dela faz tudo derivar como se as coisas do mundo fossem o centro do seu próprio existir. Minha mentalidade é irracional, sem nenhum traço intelectualista em sua presença. Um sentimento vital toma conta, um gosto pelo irreal, um fascínio pelos paradoxos, um encantamento pelos mistérios. E essa ânsia pelo destino que me encontra. Em certa medida o fim, em medida alguma o meio, em algum lugar o início. Conteúdo sem representação. Descomplicado. Por que me tens? Ô ausência de revelação indignante. Me pego em branda ira, me lanço em temerosa ousadia. Não há preparo possível para desvelar teu ser. Te conto a menor parte da composição da dor suprema emergente à devassar o meu peito, e tu me avistas com esse desprezo honesto. Sente o que sinto sem engano ou fingimento, mas não desperta desejo diante de magoados suspiros. Rege o entendimento e me mostra o bem que careço, erro grave me parece esquecimento. Reconheço sem ver, encontro ainda que não ache. A chave é do tempo. Camões, valho mais no que menos mereço? Indicação satisfatória à quem a vitória concede ao acaso. Foge. A lógica não concede instrumentos, é equívoco. Equívoco. Insensatez. Delírio. Será a inclinação que tenho contra mim? É que tua presença faz sumir todo o, de mim, produzido. Boba, encantada. Alma nua a querer prolongar a estada no trópico de capricórnio. Antecipo o impossível e repasso o fato. Esses teus olhos quase sempre baixos, tímidos e temáticos. Há sempre algo a dizer, personalidade inafrontável. Sobre o teu corpo, lindamente despretensioso, o bom gosto simples, sem escândalo. Na tua boca a verdade do beijo, o respeito a vontade. No toque das tuas mãos, o cuidado. Tu cerceias os meus sentidos, paraliso diante da contemplação. Te vejo dormir, seguras minha mão e desejo apenas que o teu sonho seja bom. Caminho a experienciar um êxtase embriagado. Delicadíssimo ser. Sento ao teu lado, deito ao teu lado, beijo os teus lábios e não sei explicar. Não sei. Nessas construções discursivas não saberia dizer o que é realidade, mas se não é amor, é loucura, portanto, perdoável. Em um fino invólucro do pensamento o medo de ultrapassar o visível. Dizem que falar salva, e eu não tenho nada a dizer. Dizem que não há felicidade sem ação, e eu desaprendi a movimentar. Silêncio fonte de palavras, imobilidade raiz dos primeiros passos. Somente o olhar não se altera. Queria poder sobrevoá-la para não ter que desviar nem do teu lado empoeirado. Não são frases-feitas, lugar comum, são margens distintas, face neutra, profundo diáfano, ainda assim indecifrável. Não há como narrar o inenarrável. Há, vate? Abraço macio, colado, pleno nele. Calmo horizonte. Todos os signos dúbios, e o efêmero preenche o vazio na intensidade incansável dos fluxos. Grato tormento. Fator inesperado, fato repentino. Conexão livre de tensões. Destino: universo da sublimação. Amanhã, tudo não será nada além de um lapso temporário. Eis o combinado.

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