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Aço

Posted by Eve Rojas on 11:50 AM in , , , ,
Dia desses a moralidade bateu na minha porta reclamando humanidade. Ou será que fui eu que a bati na porta da honestidade? Ato moralmente correto, pessoa moralmente correta...a reflexividade é tão grande, a prática tão imagética que reconhecimento e imputabilidade viraram praticamente sinônimos. Descrever, normatizar, elucidar, onde se perdeu o significado da boa ação? Não sou a favor de requisitos ou prescrições, mas topar com exigências próprias dos outros é simulacro de juízo quando a intolerância se apresenta basilar. Juízos particulares sim, mas aliados ao bem. E não me venha polemizar sobre o conceito do bem, porque bem não é conceito, é preceito sentido na vibração de cada músculo. Nessa tábua de valores, eu não sou frios. Não pereço, me reinvento sem tornar essência norma, sem acreditar na variedade como totalidade. Em cada canto novas misturas, cerveja com chocolate, pimenta com chá. Multiculturalidade é permissiva, minha passividade ofensiva. Nenhuma neutralidade é existente. Dizem por aí da simbiose entre moral e caráter, eu prefiro olhar para intenções e motivações mesmo sabendo da incerteza da percepção. O mundo anda tão implausível. Agir humano cada vez mais se aproxima do aço, enquanto o aço corrói nas entranhas do, um dia, dito humano. Eu queria poder fazer boas colheitas sem duvidar da vistosa perfeição das frutas. É tão ingênuo ou mesmo imbecil acreditar em pomares onde hajam apenas frutas boas? Me abate com temeridade a crueza da resposta. Falíveis princípios, finitos modernos. Perambulamos na falta da raridade em sair de si e guiar o outro sem apontar caminho. É fácil ampliar limite quando a fronteira do outro não tem cerca elétrica ou armas de fogo. Hedonistas utilitários e suas segundas ordens. Exceções e singulares desrespeitados no cruzamento do perverso. Transvalorações do “Eu quero”. Pecados contra a alma nesses des-centros de gravidade, onde afirmação da vida é coisa ruim e sensualidade, atentado. Instinto é sobrevivência, mas tem de haver faro para maldade. Desejo virou instrumento, o extraordinário, ordinário. Em momentos esquecidos, nascimentos póstumos. Mergulho profundo sem sentir apinéia. Farsas desmistificadas em um amanhã que não me pertence e em um depois tudo que tenho. O constrangimento do hoje vivido por ontem imita o ser do devir e submergi ao ser jamais possível. Repugnantes boas razões de um êxito vivido em prefácio. Creia. Espírito, razão, não importa. Faça dele coração de desejo e mãos de coragem. A dor é viril e o futuro imaginado, castrado. Sofrimentos universais articulados, cortes únicos abertos. O sangue se esvai em gotas no caminhar cotidiano enquanto o conviva maior admira o vermelho. Violência dissimulada e dissolvida na ignorância da comodidade. O rei destrói o seu próprio império. Dignificam as fraudes, psicopatizam opinião. Arrogância da fábula. Petulância do patético. A exceção tornou-se fugitiva, a lealdade vã. Cada um move os eixos a sua volta de um mundo vago e inchado como odre. A regra é o véu da convenção. Lisonjas e comédias, o circo é perpétuo. Nessa vitrine iluminada, costelação em papel de parede, brilho em spray e fibras em iorgute de caixa. Vibrações a pilha, bom humor em pílulas e sonhos de supermercado. Tédio insaciável, infortúnios ávidos. Tudo se conjuga em primeira pessoa. Deve ser por isso a solidão dos verbos, dos sujeitos, dos predicados. Direto ou indireto, certo é há muito andarmos no intransitivo. Intransigentes corpos vagos detentos no ócio das convenções. Excitação de serpente ou ousadia de verme? Vou nem responder. Quero palavra e pão como feminino. Meu gêneros são de arbítrio próprio. Meus cânones desgenerizados. Meu vôo, alto. Alto. Salto completo entre atmosferas. Acústicos e estéreos na minha trilha de neve. Acalma língua! Xinga sem esforço no encontro da coisa em si. A corda do violão partiu e o acorde ficou inatingível. Acorde! Dores eternas com cantos constantes. Celestes ou não, há escala, há estrada. Há trilha conhecida e enigmática ao tocar o céu que não desaba, apenas inclina buscando a tua mão enquando o chão afunda.




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