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Entre a luz e a sombra

Posted by Eve Rojas on 11:25 AM in , , , ,
Em uma manhã comum, senti uma brisa refrescante e quente, o céu tinha uma luz inigualável. Logo a natureza envolveu meu corpo num aconchego desconcertante. Quis tirar meus pés do chão, fazer meus pensamentos dançarem. O flutuar é tentador. Voar, sem extra par, sensação aterradora. Caminho como se pequenas asas no meu calcanhar diminuíssem o peso do meu corpo tornando a estrada branda sem tirar a profundidade das marcas. Passeio nos arcos luminosos, navego em águas-de-ângeles. A vontade é de transformar pedra em arte. Grãos de areia se misturam tentando formar o teu nome enquanto a água de sal irrompe. Aquele pedaço de sombra num canto de chão, parece atrair mais do que qualquer raio de sol. Intermitentemente infiel. Desleal, mata por excesso de memória. Te tomo emprestado e outros me emprestam. Leve e breve no emergir e no desaparecimento. Surgimento do que era, o pior ou o melhor do que será? Reflexo da verdade ou do julgamento? Chantagem discreta e patética. Angústia aceita no perdido. Centralização do espaço, do ser, descentralização da narrativa. Fico por te querer. Necessária e desejada, tudo ainda ficção. Ou-ou por e-também. Vícios vistos, virtudes expressas. Guarda o avesso daquilo que não é. Se lança na frente do espelho. Estou no entre-lugar. No corpo breve e no leve do prazer. Nunca se sabe as cores de chegada. Delícia clara de delírio, saboreada em tom de impulsos com gotas de hesitação. Cenográfico tem sentimento? Representação assassinato do real, catarse quase “ab-reação”. Eu sou o múltiplo e o teu único. Novos em credo. Privilégio do presente do dom, receio sem impedir o fluir no apreciar do afeto. Transita da recepção direta da luz para a sombra fresca da árvore frondosa. Nada pede pressa. Solidão em romance. Com uma pluma começo a te desenhar entre as nuvens do nosso imaginário. Na experimentação entre os diferentes, a comunicação é chave. Terra e água em harmonia. Equilíbrio fino em sentimento de beleza. Fonemas, aliterações, rimas, ritmo. Formas em nuvens. Línguas em coexistência ambígua. Tudo, em pouco, muito. Mesmos erros nunca serão perdoados em outro. Não sou ninguém de ir, fico. Fico na certeza de amanhecer dentro das noites inimagináveis. Mas sem angústias de amanhã, quando o mesmo agora alimenta as veias-chamas do viver. Tempo, impulso, pulso no amor. Olha e vê: Em todo plano, arcifínio. No meu corpo tua pele, na minha boca, tua língua. Entre meus lábios o teu gosto, no meu peito tua partida. Descabida sátira de Eros. Teu caráter, minha poética. Dança no compasso, a nossa música toca na cadência do dilatar e contrair do ar a invadir os nossos pulmões. Sintonia em existência. Fábula inconclusa. Falta, paradoxo de presença. Alento estático, sossego em alegria esfuziante. Afeto inaudito a eclodir nos pequenos toques. Entre verdades, opostos, conjugações e prognóstico, eu poderia escrever um poema perfeito. Hoje. Mas quedo inerte, entre a luz e a sombra, te olhando, te olhando, te olhando... Recitando versos de sílabas conhecidas e banais para definir o extraordinário. Minúsculas eternidades. Os céus guardam o mistério e revelam minha contemplação. Bodas celestes para a essência, realidade para o desaparecimento. Besteiras consumidas, decreto a esperança.

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