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Doce sabor de sal

Posted by Eve Rojas on 12:28 PM in , , , ,
Intensidade e vibração em linhas e movimentos. Barulho das ondas, gosto de sal. Tira o copo da minha mão, faz os meus pés descobrirem teus passos, pausas e vírgulas. Quando a melodia comum acaba, permanece com o teu corpo colado ao meu. Tão próximo até que os lábios se toquem, até que as bocas se encaixem. De repente não há sentido secreto no mundo. Boca e língua. Força livre, inoportuna sensualidade? Ou seria fetiche de madrugada? Noite de vento louco, tinha tudo para devastar e acariciou a pele. Nesse fluxo foste instante. Já não sei articular idéias claras. O óbvio deixou de ter propósito. O máximo do diverso toca o mesmo. Procuro guia na confusão dos desejos esquecidos. Encontro negação afirmativa sem página nua. Fio luxurioso no decorrer das horas. Experiência sem construção aparente... Algo aquece o silêncio entre nós duas. A despretensão. Quase impessoal, mas de toque, em mim, germinativo. Me abraço ao teu corpo e não sei se transfiguro a realidade. Sentimentos se intercruzam nessa atmosfera, mas não me invadem. É um afago suave, como se a sensibilidade se colocasse humildemente atrás da razão sem no entanto ir-se sem deixar um sorriso. Daqueles, bobos, vindos em sonho, nos lábios de quem se admira. Qual será a verdade entre a história e a imagem? Descobrir-se-á na passagem para outro tempo indeterminado. Te vivo e te temo, estrutura instável. Nem mesmo consigo ler o momento passado. Fora de nós mesmas, te diria em doce quebranto, não procuras mais minha mão, porque nem sob fogo eu a largaria. Reside dentro o estrangeiro, deixa. Pois se um dia o reconheço, será tornado nativo, então não serei mais passagem mas morada. Sigo o intuitivo e sou o corpo em palavra. Ouço tua voz a chamar e te abraço num canto de Vinícius. Brinco com a tua inocência e naquele segundo pareço estar em casa. Terna e delicada, arte em única devoção. Venustidade do ser. O divino é música para dança da tua harmonia. Entre estes fonemas cegos, quero a tua vibração última esfuziante no corpóreo apercebido, enquanto espero o punhal no ponto nevrálgico da palavra-amor. Não conheço o segredo das manhãs, mas improviso um jazz, ouço sem fúria e descanso sem melancolia. Foi lindo. Foi? Será? Estou perto o bastante para não te deixar cair, para acenar as borboletas e admirar as estrelas. Tudo é copo de água pura lavando as dores de uma alma marcada pelos cortes, obscura. Nas manhãs há Deus, despedida e cogumelo sagrado. Me enfeito de sorte e te espero em Tom, ao tom da incerteza.

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4 Comments

Anonymous says:

Me excitei no começo, me encantei no meio e terminei apaixonada. Só não espero o fim...

Bianca M.


Eu tb nao... =)


E por que nao?


Pq eu prefiro as reticências, as possibilidades aos pontos finais.

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